segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sorrir exige talento!

Diz-se que “rir é o melhor remédio”, mas após duas horas em uma aeronave, em um vôo que não durará menos do que cinco, ainda mais no retorno, para casa e para as rotinas, não é tão estimulante assim. Passado algum tempo, parece que o relógio para, e cada minuto demora uma eternidade. Não tem mais graça, a monotonia toma conta e por mais que você se esforce, entre os lanchinhos e a sintonia dos canais de música, rir, torna-se cada vez mais difícil.

Estive pensando o quanto deve ser complicado para elas, lindas, vistosas, muito bem treinadas, com aqueles belos sorrisos e gentilezas. Além de maquiagem, elegância no andar e sobrevivência na selva, certamente “como sorrir” deve fazer parte do portfólio de capacitação, ainda mais em um universo desconhecido, onde o “outro” é sempre um estranho, mas que pagou a conta. Os manuais de qualidade de serviços, sempre denominam os estranhos que pagam a conta, como clientes, preferenciais.

Lembro de Aline, uma amiga, linda, com seus grandes olhos verdes. Era aeromoça da Varig, para vôos internacionais. Na época, uma posição muito desejada no universo corporativo desse segmento. Aline não fazia força para sorrir, pois irradiava simpatia. Uma bela amiga! No apartamento dela, tomei meu primeiro porre com Jonny Walker Red, pago pela Varig, em meio às diversas histórias, de como se livrou, ou se vingou, daqueles clientes engraçadinhos e inoportunos, e como fazia para se manter sempre cordial. Não descia do salto nunca!

Hoje, neste vôo, em que estou, há 152 passageiros à bordo, e elas, apaixonadas pelo que fazem, pacientemente, simpaticamente, sorrindo e agradecendo um a um, repetidas vezes... Na entrada, na hora do lanche, na coleta do lixo, na entrega dos fones de ouvido, na nova passada com refrigerantes, na entrega de revistas e quando aqueles “estranhos” apertam o chamado, para fazer perguntas pouco usuais, como: “quantos passageiros estão à bordo?”...

Não sei bem, mas talvez exista um compartimento de bordo onde elas possam gritar, extravasar e livrar-se da tensão, e ali guardarem energia, tal qual naquela animação, onde monstros recolhiam os gritos das crianças transformando-os em energia para o planeta deles. Quem sabe, em breve, possamos deixar a dependência dos combustíveis fósseis na aviação comercial...

Deixando as brincadeiras, quero realmente ressaltar o talento das aeromoças e comissários. Haja paciência! Sei que cada profissão exige comportamentos e atitudes diversos. Também, que cada um faz as suas escolhas, e assim aceita conviver com as exigências das funções assumidas. Isso é bom, pois sempre existe tempo para se mudar de profissão, quando a adaptação torna-se difícil, ou quando o esforço para a realização das atividades, supera os ganhos.

Apesar de tudo, acredito mesmo, que sorrir seja um santo remédio, desde que se sorria espontaneamente.

Um comentário:

Bráulio disse...

Armando, diante deste seu comentário, não posso deixar de citar o brilhante Mário Quintana: "O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores". Um amplexo