sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Deixo rolar?

No universo das relações, um tema tem incomodado muita gente, e tem sido motivo de análises, diálogos e posicionamentos diversos, envolvendo a mídia, profissionais especialistas, gurus, ilusionistas e até videntes: quando uma relação evolui, do simples ficar, e torna-se "séria".

Não há dúvida de que a sociedade evoluiu, e muito, quando o assunto é a “vida a dois”, e diversos tabus envolvendo relacionamentos, foram quebrados. A revolução sexual, a independência e equiparação das mulheres, o volume de informações disponíveis, além de uma necessidade de auto-afirmação, motivado pelas doenças sociais, são alguns catalisadores deste processo que vivenciamos, o qual confronta a solidão e a independência, com a decisão por uma vida ao lado de alguém.

Por natureza, o ser humano necessita de um parceiro, e busca no outro, um complemento às suas necessidades, sejam elas afetivas, profissionais, ou mesmo para coisas simples da convivência no dia-dia. Não me refiro a uma dependência, mas sim ao bem estar e ao querer, pois ao encontrar no outro, interesses comuns e afinidades, desejos e sonhos convergentes, tornam-se grandes as possibilidades de a relação estar selada.

Acontece, porém, que as pessoas têm se colocado espontaneamente em um jogo perigoso, do ficar por ficar, do satisfazer simplesmente os seus desejos egoísticos, do usar o outro. Noites casuais, seduções e provocações vazias e um desejo incontrolável de se mostrar capaz, para depois dividir com as amigas ou amigos, as conquistas e os louros, sob suspiros e ovação da platéia medíocre. No vazio das emoções, o arrependimento e a culpa e a frustração pela incapacidade de se relacionar, além da infelicidade pela incapacidade de amar.

“Sou tão maravilhosa, que não param de me ligar ou mandar mensagens”, frase que ouvi de uma pessoa próxima e infeliz, no seu narcisismo motejo; “Sempre vou morar em um local apertado, para que ela entenda que não cabe mais uma pessoa na minha vida”, outro depoimento infausto, como se o mais importante fosse o espaço físico e não o do coração. “Quero a minha independência para poder aproveitar a vida”, como se para aproveitar a vida, o importante é estar só...

Incongruências, obtusidades, impropriedades. Neste cenário, dois predicados, sem nenhum preconceito, cabem às pessoas, e sintetizam esses comportamentos e atitudes – imaturidade e promiscuidade. Podem estar isolados ou combinados, serem supérfluos ou intensos. Podem ser atemporais ou momentâneos. Podem ser frutos da escolha pessoal, ou da imposição. Podem ainda, ser controlados ou libertos. Podem influenciar, e orientar o destino. Em um sentido amplo, ser a vida ou a morte.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Que amor é esse!


ao fechar os olhos
descerrou os sentimentos
experimentou uma intensa dor
deflagrou em mágoas

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobre Curitiba...

Amici, meu grande amigo lá de Foz do Iguaçu, enviou-me a “Desciclopédia das Cidades Paranaenses”, que achei divertido e genial. Assim como ele, não conheço o autor e nem a fonte, por isso não os estou citando (caso alguém conheça, informe-me), apesar de inserir no blog. Trago por hora a capital, mas para os leitores mais críticos, paranaenses, ou simpatizantes, estarei inserindo, posteriormente, outras cidades.

Boa diversão!


"Curitiba - É uma cidade-estado que fica encravada no sudeste do estado do Paraná, vive num mundo cor de rosa à parte e não costuma se misturar com as demais cidades e habitantes do Paraná. Na capital paranaense, ninguém assiste a Globo ou o SBT. Lá eles vêem o 12 ou o 4. Sua influência nas demais regiões do estado é nula. Foi desmembrada a força do estado na década de 40 pelo povo caipira do interior, a partir daí gaúchos e paulistas dividiram o estado em três, a parte gaúcha ao sul, com capital em Cascavel e paulista ao norte, com capital em Londrina e a zona Neutra (ou fresca) em Curitiba. Acha que possui 3 times de futebol que se acham grandes, porém que nunca ganham nada e por isso só tem torcida dentro dos muros da cidade-estado e suas influências não vão além do primeiro pedágio em cada saída da cidade. Se um indivíduo em qualquer outra cidade do Paraná estiver usando uma camisa desses times é considerado louco e vira rapidamente motivo de gozação. É a cidade onde os polaco-arianos costumam morar. É um povo receptivo e amistoso, isso se "receptivo" e "amistoso" tem o mesmo significado de "povinho chato" e "de nariz empinado" para você. É o lugar das mulheres mais lindas, gostosas e quentes, mas em geral cobram muito caro. A cidade que se orgulha em ser "um modelo de capital" a ser seguido. Tem ônibus coletivos que só andam lotados e possui as calçadas mais toscas e indecentes de todo o planeta, onde as pessoinhas do sexo feminino parecem deusas ao andar sobre aquele chão. Curitiba tem o melhor transporte do mundo e os curitibanos vivem se gabando: "Poxa, é muito legal andar de bi-articulado (vulgo salsicha veloz)!"

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A vida que segue...

Mais uma vez ele acordou cansado, como se tivesse ficado por toda a noite atento, à espera que estrelas cadentes lhe permitissem um pedido, ou ao menos que sinalizassem uma nova era, de paz e de tranqüilidade. Por mais que pensasse no futuro, as boas lembranças não lhe deixavam esquecer o passado, e os dias maravilhosos de paixão e agora de ressentimentos, ainda o sufocavam e o inundavam, empobrecendo a sua alma.

Aniquilado em suas emoções, deixou que o dia tomasse conta do seu destino e vagou..., na esperança de que algo de novo, lhe fizesse reascender aquele brilho intenso em seu olhar, o qual tantas vezes iluminou não só a sua vida, mas a de todos que o circundavam. Difícil livrar-se das amarras, mesmo quando muito se quer, pois existe algum significado para a relação, um intenso amor se perpetua, ao léu.

Ao notar que estava em uma segunda-feira, traçou novas metas e planos, e mergulhou no trabalho, como uma forma de entreter-se com outros assuntos, tentando esvaziar, então, o seu peito, das angústias que o afligiam. Segundas-feiras são marcos na vida das pessoas, por trazerem aquela sensação de reinício. Assim, uma nova jornada dolorida e silenciosa fora iniciada, tal qual um rito de autoflagelo, em mais uma tentativa de conter os seus sofrimentos.

Ainda que a dor fosse exterminada, com essa voraz atitude, restavam-lhe ainda as lembranças, bens pessoais e situações únicas, cuja destinação também precisaria ser deflagrada. Como esquecer o romance e os beijos acalorados, os presentes trocados e os toques no coração? Como apagar a imagem dela, seu sorriso, seus trejeitos? Como esquecer o seu cheiro? Como...?

Sem olhar para trás seguiu, fingindo que os seus dias se mantinham coloridos, que a intensidade do sol acalorava o seu destino, que as coisas estavam bem. Retirou seus papéis, manteve sua rotina e seguiu. Cumprimentou as pessoas e participou das suas atividades sociais como de costume. Encarou a semana, como nas últimas semanas. Fez de conta que tudo caminhava bem e simplesmente deu seqüência à sua vida sem brilho e sem graça...

domingo, 22 de novembro de 2009

O que divide e o que expande?

A raiva e os ressentimentos dividem, o amor expande...
O egoísmo e o desprezo dividem, o carinho expande...
A mentira e a traição dividem, a verdade expande...

Nas nossas relações, vibramos com cada avanço... Quando estamos bem, todos os atos e acontecimentos, que atendam ou superam as nossas expectativas com o relacionamento, nos elevam, e nos trazem a certeza de termos encontrado a pessoa certa, com a qual queremos compartilhar todos os momentos da nossa vida, sejam eles bons ou ruins, complicados ou banais.

Colocar mostarda em um hot dog, esparramar as roupas na cama e descabelar-se, lavar o carro, voltar à academia, arrumar a casa, dividir a última bala, deixar um recado na caixa postal, não incomodar-se com os atrasos, comer torta ou lasanha sem culpa, são exemplos de situações, que por mais simples que sejam, em sintonia, possuem um significado imenso para a relação...

Assim como, preocupar-se com o futuro, arrancar um sorriso nas horas difíceis, abrir mão de coisas e situações, dividir as preocupações, ignorar a TPM, acalmá-la com um abraço acolhedor, expor-se perante os amigos, são exemplos de situações mais complexas, que também possuem um grande significado, mas que quando se tem a certeza daquilo que se quer com a relação, tornam-se simples...

Finalizando esta postagem, nos relacionamentos, o que divide ou expande são as escolhas, que podem nos remeter ao amor ou à raiva, à acolhida ou ao desprezo, à verdade ou à mentira. Escolher estar junto com alguém, deve ser uma decisão madura, pois sempre existirão avanços e renúncias. Felizmente, se escolhermos a pessoa certa, as alegrias sempre serão muito maiores do que as frustrações!

Boa semana, e boas escolhas!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ah essas mulheres!

“Acho que as mulheres são muito boas em fazer um monte de coisas simultaneamente. Homens não conseguem. Meu namorado não consegue falar ao telefone, responder a uma pergunta que eu fiz e se vestir ao mesmo tempo. Já eu consigo fazer tudo isso e ainda me maquiar”, diz a top. A explicação? Bebês. “Quando se tem filhos, é preciso conseguir fazer tudo junto”.

Essas afirmações são de Kate Moss, que é uma celebridade da moda. Sem dúvida, a sua percepção sobre essa diferença entre os homens e as mulheres faz todo o sentido, se não na abordagem generalista, na forma como encarar a vida com muita disposição e ser feliz, diante de uma agenda repleta de compromissos. Cumpri-los, sempre..., com satisfação!

O assunto que ora compartilho com os leitores e leitoras do blog, polemicamente, é fruto de conversas com algumas mulheres próximas, que escolheram abrir mão da maternidade por questões profissionais, por não quererem, ou por não se acharem capazes de realizar as suas diversas atividades e cuidar de filhos. Reações das mais diversas, como “filhos atrapalham a vida”, ou “não saberia cuidar de uma criança”, ou ainda “não colocaria filhos no mundo para sofrer”, são afirmações que ouvi.

Às vezes, tenho a sensação de que uma onda de insegurança e medo, de egoísmo e auto-afirmação, tem assolado parte das mulheres. Respeito profundamente àquelas, que por algum motivo de saúde, evitam, e também aquelas que não tiveram a oportunidade de encontrar alguém para dividir tamanha responsabilidade, ou ainda, aquelas que simplesmente não querem, por questões pessoais. Porém, algumas mulheres fazem questão de levantar uma bandeira de que filhos são empecilhos para a felicidade, e condenam, em meio às suas incapacidades, outras, que carinhosamente experimentaram, pretendem ou buscam essa relação de amor incondicional.

Na minha avaliação, as mulheres mais bem sucedidas, independentemente da atividade, conciliam filhos e o lar, com carreira, com ações solidárias e com a construção de um mundo melhor. Cuidam de tudo, exemplarmente, e deixam a sua marca e o seu legado. Outras, que sempre criticam a maternidade, mergulham na frustração, na resignação, no fel das suas próprias palavras e na aspereza das suas vidas sem sentido. Em algum momento das suas vidas, lhes faltarão abraços e carinhos, acolhimento e colo. Quando mais precisarem...

Finalizando, talvez, diante dos insights desta postagem, possamos concluir que algumas mulheres estão realmente se aproximando dos homens, ao deixarem esvair as suas principais fortalezas, que as diferenciam e as tornam melhores em um mundo competitivo: a sensibilidade, a devoção, a determinação e a beleza do cuidar.

domingo, 15 de novembro de 2009

A dicotomia da vida e as escolhas!

As coisas sempre nos parecem mais difíceis do que realmente são. Acordar em um domingo ensolarado de Curitiba, e refletir sobre os acontecimentos da semana anterior e ter a certeza de que tudo caminhou bem, apesar das dificuldades, é estimulante. Ao projetar a semana que se inicia, me sinto capaz, muito capaz.

Por mais obtuso que possa parecer ao olhar do outro, deixarmos a vida passar e não sermos intensos naquilo que fazemos é um desperdício. Entre o caórdico e o cartesiano existe uma métrica de cada um, que determina quando e o quanto de energia será imputado para que os nossos sonhos aconteçam, e para que dos nossos atos eclodam as nossas histórias e sejamos felizes. Assim, entendo que dádiva da vida é estarmos pulsantes.

Na noite passada, sonhei novamente com um anjo, que me estimula sempre e me dá sentido à vida! Entre as palavras de conforto, a crítica e a dicotomia das minhas ações, entre o céu e o inferno. Ao final, uma calorosa acolhida, em meio às suas inexplicáveis razões para o caos. Sempre que isso acontece me sinto vivo...

È possível ficar da janela vendo a vida passar, assim como entrar no trem. É possível sonhar o sonho dos outros e ser feliz, um pouco. É possível querer e fazer acontecer os nossos sonhos, assim como limitá-los. Tudo é possível, se quisermos. Eu não deixo a minha vida, timidamente, passar...

Namastê!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Satisfação aos amigos...

Cultivo minha violeta
E acho que nem ela acredita
Mas já que a cuido tão bem
Ela me gratifica

Presenteia-me desde então
Com flores todos os dias
E como se não bastasse
Irradia

Não sei se isso é loucura
De um cara largado e sozinho
Mas sempre que chego em casa
A vejo alegre e sorrindo

Meus amigos me invejam
As amigas incentivam
Acho-me um grande pirado
Curtindo essa alquimia

Nunca pensei que um dia
Daria tamanho valor
Em mundo louco e vão
A uma bela e simples flor

Finalizo essa prosa
Com louvor e emoção
Ao perceber que uma flor
Aquece meu coração

Para quem não me entende
E busca explicações
Digo se acalme e entenda
Cansei de tantas emoções

Agora fico quietinho
Louco para chegar em casa
Cuido bem de quem me cuida
Agrado quem muito me agrada

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hipócritas!!

Em meio às confusões em Brasília, como as falcatruas do PAC, a crise no Senado, a farra com dinheiro público, e a vergonha em que se encontra o Estado perante o seu povo, enfim um novo escândalo, para aliviar um pouco a pressão que anda assolando a desmoralizada classe política do nosso grande pequeno Brasil: a hipocrisia e o falso moralismo.

Todos devem ter acompanhado o caso da estudante Geisy Arruda, de 20 anos, com seus trajes ousados, e que após estar no centro de uma enfadonha manifestação na UNIBAN, teve a sua expulsão deflagrada por aquela instituição, por “uma postura incompatível com o ambiente”. Na justificativa da faculdade, Geisy “sempre gostou de provocar os meninos”, como, infelizmente, disse o seu procurador jurídico.

É óbvio que um assunto como este é vergonhoso. Inicialmente, pelo fato de que em meio à modernidade e à liberdade conquistada pelas mulheres, uma classe intelectual, de forma hipócrita e desprezível, nos remete aos primórdios do absurdo, prejulgando, julgando e condenando, arbitrariamente e com extrema violência, incitando à discriminação, ao preconceito e ao desrespeito. Uma instituição de ensino deve ter como prerrogativas, além do ensino com qualidade, a cidadania plena e a preservação da democracia. Outro ponto que me chamou a atenção foi a enorme repercussão do caso, fazendo renascer lideranças arcaicas, as quais não perderam tempo em manifestarem-se conforme o vento, além de sociólogos, psicólogos, ONGs, grupos diversos e é óbvio, membros do governo, todos em busca de holofotes.

Esse episódio serve como um alerta para todos nós, para que façamos uma reflexão profunda sobre as bases e os valores da nossa sociedade, sobre o nosso futuro e o que queremos construir. Um exame sobre, para quem, e sob que condições estamos entregando a educação dos nossos jovens. O que ensinar e aprender... Triste cenário, ora dominado por lobos em peles de cordeiros, que esquecem que o ser humano deve prevalecer perante os outros interesses.

Oxalá, saiamos dessa!

domingo, 8 de novembro de 2009

A Letra

Pra te Lembrar
(Nei Lisboa)

Que é que eu vou fazer pra te esquecer
Sempre que já nem me lembro, lembras de mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te deixar
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te lembrar
Como tantos que eu conheço, e esqueço de amar
Em que espelho teu sou eu que vou estar
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na vã escuridão...

Tal qual morcegos vampiros, sugou o sangue e a energia reluzente da alma sã. Infundiu em si uma confiança vulgar, por não aceitar o nascente. Enganou a si e aos outros, enterrou as próprias possibilidades. Vagou transitória no bem e fez as suas escolhas, em viver no limiar das aparências.

Tal qual vermes incubados, eclodiu antes que fosse percebida. Dilacerou em si, o que mais tinha de valor, por malograr ao léu. Iludiu a si e aos outros, implodiu a própria reputação, com uma insensibilidade voraz. Mergulhou no seu mundo falso e re-estreou seu velho espetáculo medíocre e falido.

Tal qual lagartos, borboletas e outros insetos, escondeu-se. Incorporou em si, em camuflagem, a utopia, por não querer seguir em frente. Mentiu para si e para os outros, magoou propositadamente. Rasgou a felicidade e depositou o manto negro e sombrio da tristeza e decepção, sobre as estrelas brilhantes.

Lamentou-se em silêncio e na escuridão, pois já era tarde demais, e ninguém mais quis percebê-la...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Crônica do fim do amor!

Inexiste remédio que cure a dor da perda, pois as saudades aliadas ao amor perene inundam a alma, desencadeando um mar de sofrimentos. Tentamos nos socorrer com as boas lembranças, mas o fato de não estarmos perto de quem amamos nos traz a sensação de que estamos padecendo, partindo, com resignação pelas contrariedades da vida.

Naquela manhã, ele levantou mais triste do que o normal, por pressentir a partida daquela pessoa que ele tanto amava. Ao olhar-se no espelho, teve a certeza de que algo havia mudado, já que o brilho em seus olhos relutava em surgir. Ela se fora, e por mais que o tempo tenha se empenhado em curar as mágoas, o ressentimento e a dor o desafiavam, o deflagravam, o afligiam.

Muito tempo já se passara, e ele ainda guardava consigo as boas lembranças daquela relação. Despretensiosa relação, inexplicável paixão, rebento das similaridades, tal qual um vento brando e agradável que poderia soprar para sempre, e nunca fender-se. Um desejo incontrolável de estar perto, de construir os destinos, alçando-os à felicidade eterna.

As lágrimas foram poucas, como uma autodefesa do próprio organismo, ao poupar-se para suportar um longo período de sofrimento. As manhãs, as tardes e as noites, tornaram-se cinzas, e aquele cenário combinou com a apatia com que ele conduzia a sua vida. Deixou de se dar valor, de se cuidar, e talvez melhor fosse à morte, questionava-se insistentemente em suas reflexões.

Não mais perguntou, não mais ouviu falar, não mais lhe contaram. Desistiu, por cansar de sofrer, guardando para si uma impetuosa revolta, por não entender tal sórdido fim. Afastou-se e silenciosamente trancou as portas de seu coração, deixando inelutavelmente a vida seguir seu curso. Sem expectativas, sem grandes sonhos, sem planos, simplesmente deixou.

A vida dá um jeito na vida, ouvia dizer, e mesmo sem aprofundar-se nas reflexões, ainda acreditava que tamanha desilusão tinha um significado. Que tamanha dor, tinha uma razão outra. Que tamanha perda havia de ser reparada, pois sua trajetória não poderia ser frívola, por mais levianos que fossem os seus princípios, quando julgados ao olhar dela. Recolheu-se e sofreu calado. Guardou uma infinita tristeza, que não era sua, não era, merecidamente, sua.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pryscila, Paixão e arte!

É impossível fazermos somente as coisas que gostamos, mas ao gostarmos daquilo que estamos fazendo certamente nos mantemos mais motivados e satisfeitos com a atividade realizada. Os resultados também tendem a ser sempre melhores, uma vez que utilizamos todo o nosso potencial e as nossas habilidades, e queremos o melhor. Isso é paixão!

Ao decidimos levar adiante uma idéia, nos certificamos de que aquilo que nos propusemos a fazer tem um grande significado para nós mesmos. Assim, nos esforçamos para que tudo ocorra bem, e apesar das dificuldades, superamos os obstáculos e vencemos, e mesmo que ao olhar dos outros, o que fazemos possa parecer irrelevante, para nós faz todo o sentido. Isso também é paixão!

Sempre acreditei que cada um traz consigo um dom, explícito ou não, que de alguma forma influencia para o bem, outras pessoas. Por isso, encanta-me conhecer e estar perto de pessoas como Pryscila e Paixão, cartunistas, que levam informações e instigam as pessoas à reflexão. Utilizam os seus dons ao captarem situações cotidianas, e transmitem com muita simplicidade, assuntos complexos.

Certamente eles gostam do que fazem, e fazem o que gostam, e quanto à competência e talento de ambos, é indiscutível. Existem coisas que não precisamos entender, ou explicar, mas fui buscar similaridades entre os dois, fora da profissão, e encontrei no significado dos seus nomes alguns termos comuns e interessantes: “em busca da paz a qualquer custo, mesmo que para isso tenha que brigar”, ou “além de paz, seu coração vive em busca de muito amor”.

Para conhecerem um pouco mais do trabalho de ambos, basta acessarem o portal RPC, ou Gazeta do Povo, para as charges de Ademir Paixão e as tirinhas de Amely, criação da Pryscila Vieira, ou ainda o site http://www.pryscila.com.br/.

Sou fã do trabalho deles!