segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Crônica de um Sofrimento - Ato III

Ainda não entendo porque as pessoas fazem essas coisas, e porque isso acontece justamente com quem tanto amamos. Ao vê-la envolta em suas cobertas, com uma voz cadente, com um vazio fugaz, fico apavorado... Minha tristeza se propaga por meu corpo e minha insanidade se agrava. Ela não me deixa entrar, me sinto impotente...

Esse pensamento que não se esvai. Pela minha cabeça transitam todas as virtudes, e todos os pecados. Todas as vontades lascivas e todo o pudor. Deveria deixá-la, para que sofra muito, e para que sofra só... Se eu não souber de mais nada, talvez a minha alma acalme os meus sentimentos nocivos. Não consigo!

Queria poder tocá-la, alçá-la aos mais nobres sonhos e trilhar caminhos menos tortuosos, para que pudéssemos então, encontrar o que tanto procuramos, e sermos felizes, imensamente felizes! Não posso, pois ela não nos deixa nos aproximarmos. Hoje, somos tal qual vampiros, sugando a energia um do outro, trocando gotas de luz pela mórbida escuridão. Matamos aos poucos um grande amor...

Tal qual parte única, ela assim habita a minha vida, e eu a dela. Somos donos de um mesmo destino, que tanto relutamos em aceitar. Partes únicas que não se aceitam. Partes únicas que não se enxergam. Partes únicas que não se entregam. Partes que sofrem...

Nem que nos violentássemos, poderíamos nos expulsar de nós mesmos...

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