terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um último lamento!

Ontem, ela novamente falou comigo..., não obscenidades, nem agressões, como das últimas vezes, tampouco futilidades. Entrou no macio das palavras e por alguns segundos mostrou-se envolvente, dôce. Cheguei a pensar que ela voltaria, com aquele imenso sorriso, com seu jeito de menina e um carinho envolvente, retirando novamente seus planos das gavetas. A dúvida atroz da distância é o engano, já que na falta do olhar, o colorido, pode significar uma escuridão densa, assim como o riso, pode ser apático, ou o brilho, opaco. Falhamos, quando nos falta humildade e quando estamos deslumbrados, falhamos...

Abrir a janela em dias tristes não é muito estimulante, até porque sabemos que o céu estará cinza, já que torcemos para que o tempo pare. Os vazios e os buracos na alma permanecem, assim como a ausência, ou o olhar desconfiado e ameaçador da vida. A mediocridade velada, os interesses ocultos e as relações vazias. As pessoas continuam fechadas em seus pequenos grupos de relacionamentos, seja pelo medo do novo, de viverem novas experiências, ou pela simples inabilidade. Tenho a certeza de que a distância nos faz perceber o quanto estamos suscetíveis ao meio, e o quanto somos influenciados pelos altos e baixos de quem escolhemos estar perto de nós. Comportamos-nos e fingimos deixar de enxergar aquilo que está em nossa volta, e assim convivemos, aceitando a hostilidade e o absurdo. Fazendo de conta...

Não sei se quem ama é feliz, ou se nos sujeitamos à morbidez, na esperança de alavancarmos nossas vidas vãs. Eu mesmo já pensei nisso, já vivi isso, já morri nisso. Carrego comigo as marcas, da violência e das agressões que cometi comigo mesmo, e que ainda expandem o meu lado ruim, em um contraponto feroz à minha natureza sã. Não suporto a segmentação ou a segregação, mas percebo claramente o quanto as pessoas são diferentes. Basta olhar os seus olhares, os seus sorrisos, as suas expressões, e podemos enxergar a alegria, a tristeza, o descontentamento, os planos, as vitórias e as derrotas. Enxergar as mentiras e as verdades. Capitãs dos destinos, assim são as pessoas.

É um suplicio mortal, e como é fácil morrer! Não me refiro à morte física, mas sim à morte da alma. Ficar vagando sem destino pelas próprias entranhas e desaguar em um pântano de infelicidades. Respirar a poluição da pequenez e lambuzar-se com o ócio podre da pobreza de espírito. Ainda acredito na luz, e por isso sigo adiante, resiliente, apesar das amarguras. Sobre ela, foi um sopro de Deus! ...uma brisa de luz que encantou minh’alma e que se dissipou, como tudo que é excesso, e que nos afoga intensamente.

Um lamento...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Fechado para balanço!

Mais, ou menos amor?
Mais, ou menos ressentimentos?

Mais, ou menos rancores?
Mais, ou menos amores?

Mais, ou menos companheirismo?
Mais, ou menos amizades?

Mais, ou menos carinhos?
Mais, ou menos verdades?

Mais, ou menos respeito?
Mais, ou menos solidariedade?

Mais, ou menos abraços?
Mais ou menos igualdade?

Mais, ou menos tolerância?
Mais, ou menos paz
?
Mais, ou menos conflitos?
Mais, ou menos mortes?

Mais, ou menos trabalho?
Mais, ou menos cores?
Mais, ou menos festas?
Mais, ou menos flores?

Mais, ou menos viagens?
Mais para dentro, ou mais para fora...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Na clausura...

Na clausura da vida, engavetamos sonhos e desejos, e torturamos a própria alma. Ao nos restringirmos, limitamos os nossos próprios passos, acorrentamo-nos às medíocres conveniências e deixamos de ousar, de pulsar... Recolhidos, acolhemos amarguras e frustrações, contrariamos a dádiva da própria vida e nos ajudamos a morrer, a cada dia.

Assim a vida passa, enquanto fazemos planos para o futuro e nos lamentamos pelo passado, enquanto procuramos respostas sem ao menos sabermos as perguntas, enquanto desejamos aos outros, tudo aquilo que não nos serve mais. Ressonantes, multiplicamos indecisões, replicamos um universo na doença, e continuamos catalisando a morte, a cada dia.

No limiar das emoções um sentimento vazio, pela morte anunciada, pelos castelos de areia construídos nas lâminas frias de uma navalha. Um coração senil em plena jovialidade, no claustro das nossas razões. Um peito cansado, escancarado na mácula infame da hipocrisia vã. Um corpo nu, envenenado por si só e infestado pelas impurezas do descrédito.

Oxalá, que nos libertemos...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Trocadilho!

no gesto
o encanto
no encanto
a euforia
na euforia
o riso
no riso
a paz
na paz
a vida
na vida
a luz
na luz
o gesto

no gesto
a luz
na luz
a vida
na vida
a paz
na paz
o riso
no riso
a euforia
na euforia
o encanto
no encanto
o gesto

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um brinde às pessoas e aos acontecimentos!

Existem algumas épocas do ano em que nos mostramos muito mais sensíveis. Não simplesmente carentes, mas atentos aos valores e à importância do ser, em detrimento a uma série de outras escolhas. Fazemos uma reflexão profunda das nossas realizações e das nossas relações, colocamos tudo isso em uma sensível balança e nos confrontamos. Imaginamos o que queremos para o nosso futuro, e começamos a desenhar, ou redesenhar o nosso destino.

Não obstante aos encontros planejados para esta época natalina, onde abraçamos afetivamente nossos familiares, calorosamente nossos amigos e solidariamente pessoas necessitadas, que muitas vezes não conhecemos, o que buscamos no fundo e transbordamos, é um reencontro com nós mesmos. Não o simples arrependimento por decisões equivocadas, ou o ressentimento pelas perdas, tampouco o êxtase pelos sucessos, mas sim claridade. Uma luz espiritual e um sopro na alma.

Arrebatamos aquela sensação presente de que o bem nos abraça, e de que ao nos permitirmos, mergulhamos em um universo harmonioso e caloroso, iluminado pela chama que ascende em cada um a imensidão do amor, indivisível amor. Brindamos assim à complexidade e à fragilidade de cada um de nós. Elevamos-nos, ousamos a experimentar novos encantos, que nos suspendem, nos irradiam e nos remetem ao âmago da razão das nossas próprias existências.

Enlevo-me quando meu peito está brando, preenchido de afeto, e assim entendo que cuido e sou cuidado, cultivo e sou cultivado. À minha volta os laços inabaláveis dos elos rígidos da cumplicidade. A fé, no próximo e no próspero, e a angústia vã que se dissipa, no radiante manto da simplicidade de amar e ser amado.

Aos amigos e amigas, o meu agradecimento pela solidez das nossas convivências e das nossas conivências. O meu pedido de perdão pelas minhas inconstâncias, pela minha intensidade e urgências. Um afago nos corações, um apertado abraço e um grande suspiro, tal qual um brinde pelos nossos acontecimentos e pelas nossas verdades.

Namastê!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Letra

Outro Lugar
Composição: Elder Costa
Interpretação: Milton Nascimento

Você sabe que as canções são todas feitas pra você
E vivo porque acredito nesse nosso doido amor
Não vê que ta errado, ta errado me querer quando convém
E se eu não to enganado acho que você me ama também

O dia amanheceu chovendo e a saudade me contém
O céu já está estrelado e cansado de zelar pelo meu bem
Vem logo que esse trem já ta na hora, ta na hora de partir
E eu já to molhado, to molhado de esperar você aqui

Amor eu gosto tanto, eu amo, amo tanto o seu olhar
Andei por esse mundo louco, doido, solto com sede de amar
Igual a um beija-flor, que beija-flor,
De flor em flor eu quis beijar
Por isso não demora que a história passa e pode me levar

E eu não quero ir, não posso ir pra lado algum
Enquanto não voltar
Não quero que isso aqui dentro de mim
Vá embora e tome outro lugar
Talvez a vida mude e nossa estrada possa se cruzar
Amor, meu grande amor, estou sentindo
Que está chegando a hora de dormir

http://www.youtube.com/watch?v=vA9pLgSSU2w

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Tenho mesmo que ir...?

Sempre adorei fazer academia, malhar...,tanto que já devo ter iniciado umas 50 vezes no decorrer dos meus quarenta e poucos anos. É motivador, na medida em que a gente se sente melhor fisicamente para desempenhar outras atividades, como encarar doze horas em uma rave, ou agüentar uma noitada de charutos e uísque com amigos e ainda terminar em um motel, com uma garota que a gente não lembra bem quem é. Outro ponto, nem tão bom assim, mas necessário para a saúde financeira e das relações no lar, é que nos afasta um pouco dos botecos, permite que conheçamos outras pessoas e sejamos mais sociáveis, além de entendermos que sempre tem gente muito pior do que nós, o que também é estimulante...

Voltar à academia é uma saga, que enfrento novamente desde os últimos dias. Ao começar pela escolha de um local, o qual não pode ser tão longe de casa, para não desanimar, e nem tão perto, para que não nos sintamos na obrigação de ir todos os dias, já que estamos pagando. O importante é começar. Passar pela avaliação, que ao contrário do que se vê nos filmes, com belas garotas de jalecos curtinhos, normalmente, é conduzida por alguém meio de mal com a vida, que faz questão de lhe dizer verdades que você já sabia, e está disposto a minimizar, como fadiga, excesso de peso, gorduras localizadas, maus hábitos, entre outras coisinhas desagradáveis. Só que ela faz questão de reforçar tudo isso, em um tom sarcástico. Eis aí o primeiro desafio: mostrar para aquelazinha que você é capaz.

Os instrutores, professores formados ou estagiários, sempre são muito atenciosos e solícitos, mas o fato de preferirem dedicar 95% do seu tempo para aquelas gatinhas saradas, não deve nos desanimar, já que ainda iremos dispor de 5% do tempo deles para dividir com o restante de descompensados, que por algum motivo em um dia de reflexão ou revolta, resolveram retornar à academia. Irão nos ensinar os movimentos que já sabemos, nos aparelhos que já conhecemos, em repetições que já praticamos – 3 séries de 12 ou de 15. A única diferença, que também não foge da normalidade, é que sempre diremos para eles que a carga está leve, como uma forma de mostrar-lhes que não estamos tão fora de forma assim como eles imaginam. Mentira... Quanto às dores musculares, nada que um bom relaxante muscular, com um drink não resolvam...

Atletas de academia aplicados, com olhares centrados, e extrema dedicação, são os terrores dos instrutores, pois os chamam a todo o momento. A necessidade de atenção, de interagir com outras pessoas talvez seja a motivação deles. Meninas de corpos esculturais, com malhas apertadas, normalmente escolhem aparelhos e exercícios que as exponham mais, tal como alongamentos provocantes em locais inesperados, o que às vezes também é estimulante, quando não é vulgar. Garotos musculosos, com regatas cavadas, fazem questão de exibirem-se e trocam de aparelhos a todo instante, como dominadores do local. Há ainda a turma dos quarenta, correndo atrás da jovialidade, para se perpetuarem nas noites curitibanas, como lobos e lobas.

Para mim, as horas de academia são interessantes. Não direi maravilhosas, pois existem coisas mais atrativas para se fazer, ao menos para o meu gosto. Encaro firme a missão, que estabeleci para mim mesmo e vou levar adiante essa idéia, até ficar satisfeito. Tenho minhas metas, assim como todos que lá estão, e não possuo nenhuma clarividência, mas ao olhar para as pessoas consigo identificar facilmente os objetivos de cada um, ao se exporem ao sacrifício de “suarem a camisa” em uma sala abafada, com uma música de má qualidade em alto som.

Com relação à saúde, ainda acredito que atividades nos parques, viagens, sexo intenso e esportes sejam mais saudáveis, apesar de não estar praticando muito de nada... Mas em épocas de praticidade, vamos ver em que dá..... Tô lá!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Licitudes!

Sempre soube que nem toda licitude faz bem a si, ou aos outros, mas assim mesmo decidiu levar adiante um dogma, e tornou tudo factível. Diante dos nós que decidiu desatar, ao querer se libertar, aceitou, soprou o pólen da vida para longe e entregou-se. Vida que já não o contentava, que não mais o pertencia.

Desde que ela sumiu da sua vida, uma semente foi plantada em seu peito, e ele decidiu morrer. Prometeu para si, que não deixaria o tempo dominar o seu destino. Prometeu transigir, tanto o quanto necessário, para suprir de negro o vazio da sua alma. Prometeu não causar dor maior, chorar, ou se lamentar. Prometeu morrer; desapercebidamente morrer.

Ao delimitar seus passos, construiu um plano perfeito. Elevou-se, e transferiu para o seu personagem a alegria que costumava dividir. Continuou a contar histórias e escondeu as verdades. Sepultou-se. Enterrou os próprios sonhos, deixando que as coisas simplesmente acontecessem. Multiplicou em si uma dor tamanha, só sua..., e por mais que quisesse ou tentasse comparti-la, era somente sua.

Desde então, tem vagado por aí, procurando um grande encontro, que certamente virá, mas tarda. Envenena-se e potencializa o louco de si, extrai o essencial do próprio néctar, e o dissipa. Conta o seu tempo de horas mortas e despede-se, a cada olhar, a cada sorriso e a cada beijo. Abstêm-se das próprias raízes, e seca seu caule, desfazendo-se das folhas, das flores e dos frutos. Tudo na mais plena e pura licitude.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vou ao Paço...

Enquanto estamos atribulados com as nossas rotinas do dia a dia, o tempo vai passando. As exigências que nos são impostas, ou que impusemos a nós mesmos, fazem com que tenhamos que nos empenhar muito em tudo que fazemos, ou quase tudo, para que possamos nos mostrar e nos sentir melhores, de forma que os nossos resultados sejam satisfatórios e nos sintamos felizes, ou no mínimo aliviados.

Acordar cedo, trabalhar muito, dialogar com pessoas, resolver problemas, correr para academia, aula de idioma, responder e-mails, dar atenção à família..., ufa! Nossos dias andam mesmo corridos... E o pior é que o final de semana sempre demora a chegar, e normalmente passa muito rápido, sendo às vezes insuficiente para também nos dedicarmos às outras coisas: leituras atrasadas, visitas aos familiares, mais atenção à pessoa amada, passear..., enfim, estamos sempre em débito com nós mesmos.

Alguns especialistas têm orientado tecnicamente, espiritualmente, ou mesmo estimulado reflexões sobre a nossa rotina de vida e sobre o que buscamos. Um exercício dolorido de desapego, do repensar as nossas próprias histórias. Olhar o outro e criticá-lo, é tão fácil..., mas olharmos para o nosso interior e reflexionarmos sobre a nossa vida, nossos anseios e o nosso próprio destino...

Existem pessoas que ousam, e talvez sejam mais decididas e corajosas. Todos conhecem gente que, de uma hora para outra, mudou seus hábitos, abandonou suas profissões e até escolheram vidas alternativas, esquecendo as vaidades e dando maior valor às coisas mais essenciais, mais ao “ser”, e não tanto ao “ter”. Vivem felizes com suas escolhas, imagino, ou retornam às suas vidas vazias após um tempo de não adaptação. Eu conheço várias...

Não consigo ir à ilha da fantasia, mas sempre que possível vou ao Paço da Liberdade, após dias estressantes de trabalho, e desgastado das minhas reflexões e confusões afetivas. Lá, um local acolhedor, um café gostoso, e um silêncio só meu, que me permite repensar algumas decisões equivocadas e reforçar outras assertivas, sempre embalado por um som encantador, como o de ontem, quando fui agraciado com um repertório de Hermeto Pascoal, Pixinguinha entre outros, interpretados por um quarteto profissional, maravilhoso. Um oásis...

Eu recomendo...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Deixo rolar?

No universo das relações, um tema tem incomodado muita gente, e tem sido motivo de análises, diálogos e posicionamentos diversos, envolvendo a mídia, profissionais especialistas, gurus, ilusionistas e até videntes: quando uma relação evolui, do simples ficar, e torna-se "séria".

Não há dúvida de que a sociedade evoluiu, e muito, quando o assunto é a “vida a dois”, e diversos tabus envolvendo relacionamentos, foram quebrados. A revolução sexual, a independência e equiparação das mulheres, o volume de informações disponíveis, além de uma necessidade de auto-afirmação, motivado pelas doenças sociais, são alguns catalisadores deste processo que vivenciamos, o qual confronta a solidão e a independência, com a decisão por uma vida ao lado de alguém.

Por natureza, o ser humano necessita de um parceiro, e busca no outro, um complemento às suas necessidades, sejam elas afetivas, profissionais, ou mesmo para coisas simples da convivência no dia-dia. Não me refiro a uma dependência, mas sim ao bem estar e ao querer, pois ao encontrar no outro, interesses comuns e afinidades, desejos e sonhos convergentes, tornam-se grandes as possibilidades de a relação estar selada.

Acontece, porém, que as pessoas têm se colocado espontaneamente em um jogo perigoso, do ficar por ficar, do satisfazer simplesmente os seus desejos egoísticos, do usar o outro. Noites casuais, seduções e provocações vazias e um desejo incontrolável de se mostrar capaz, para depois dividir com as amigas ou amigos, as conquistas e os louros, sob suspiros e ovação da platéia medíocre. No vazio das emoções, o arrependimento e a culpa e a frustração pela incapacidade de se relacionar, além da infelicidade pela incapacidade de amar.

“Sou tão maravilhosa, que não param de me ligar ou mandar mensagens”, frase que ouvi de uma pessoa próxima e infeliz, no seu narcisismo motejo; “Sempre vou morar em um local apertado, para que ela entenda que não cabe mais uma pessoa na minha vida”, outro depoimento infausto, como se o mais importante fosse o espaço físico e não o do coração. “Quero a minha independência para poder aproveitar a vida”, como se para aproveitar a vida, o importante é estar só...

Incongruências, obtusidades, impropriedades. Neste cenário, dois predicados, sem nenhum preconceito, cabem às pessoas, e sintetizam esses comportamentos e atitudes – imaturidade e promiscuidade. Podem estar isolados ou combinados, serem supérfluos ou intensos. Podem ser atemporais ou momentâneos. Podem ser frutos da escolha pessoal, ou da imposição. Podem ainda, ser controlados ou libertos. Podem influenciar, e orientar o destino. Em um sentido amplo, ser a vida ou a morte.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Que amor é esse!


ao fechar os olhos
descerrou os sentimentos
experimentou uma intensa dor
deflagrou em mágoas

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobre Curitiba...

Amici, meu grande amigo lá de Foz do Iguaçu, enviou-me a “Desciclopédia das Cidades Paranaenses”, que achei divertido e genial. Assim como ele, não conheço o autor e nem a fonte, por isso não os estou citando (caso alguém conheça, informe-me), apesar de inserir no blog. Trago por hora a capital, mas para os leitores mais críticos, paranaenses, ou simpatizantes, estarei inserindo, posteriormente, outras cidades.

Boa diversão!


"Curitiba - É uma cidade-estado que fica encravada no sudeste do estado do Paraná, vive num mundo cor de rosa à parte e não costuma se misturar com as demais cidades e habitantes do Paraná. Na capital paranaense, ninguém assiste a Globo ou o SBT. Lá eles vêem o 12 ou o 4. Sua influência nas demais regiões do estado é nula. Foi desmembrada a força do estado na década de 40 pelo povo caipira do interior, a partir daí gaúchos e paulistas dividiram o estado em três, a parte gaúcha ao sul, com capital em Cascavel e paulista ao norte, com capital em Londrina e a zona Neutra (ou fresca) em Curitiba. Acha que possui 3 times de futebol que se acham grandes, porém que nunca ganham nada e por isso só tem torcida dentro dos muros da cidade-estado e suas influências não vão além do primeiro pedágio em cada saída da cidade. Se um indivíduo em qualquer outra cidade do Paraná estiver usando uma camisa desses times é considerado louco e vira rapidamente motivo de gozação. É a cidade onde os polaco-arianos costumam morar. É um povo receptivo e amistoso, isso se "receptivo" e "amistoso" tem o mesmo significado de "povinho chato" e "de nariz empinado" para você. É o lugar das mulheres mais lindas, gostosas e quentes, mas em geral cobram muito caro. A cidade que se orgulha em ser "um modelo de capital" a ser seguido. Tem ônibus coletivos que só andam lotados e possui as calçadas mais toscas e indecentes de todo o planeta, onde as pessoinhas do sexo feminino parecem deusas ao andar sobre aquele chão. Curitiba tem o melhor transporte do mundo e os curitibanos vivem se gabando: "Poxa, é muito legal andar de bi-articulado (vulgo salsicha veloz)!"

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A vida que segue...

Mais uma vez ele acordou cansado, como se tivesse ficado por toda a noite atento, à espera que estrelas cadentes lhe permitissem um pedido, ou ao menos que sinalizassem uma nova era, de paz e de tranqüilidade. Por mais que pensasse no futuro, as boas lembranças não lhe deixavam esquecer o passado, e os dias maravilhosos de paixão e agora de ressentimentos, ainda o sufocavam e o inundavam, empobrecendo a sua alma.

Aniquilado em suas emoções, deixou que o dia tomasse conta do seu destino e vagou..., na esperança de que algo de novo, lhe fizesse reascender aquele brilho intenso em seu olhar, o qual tantas vezes iluminou não só a sua vida, mas a de todos que o circundavam. Difícil livrar-se das amarras, mesmo quando muito se quer, pois existe algum significado para a relação, um intenso amor se perpetua, ao léu.

Ao notar que estava em uma segunda-feira, traçou novas metas e planos, e mergulhou no trabalho, como uma forma de entreter-se com outros assuntos, tentando esvaziar, então, o seu peito, das angústias que o afligiam. Segundas-feiras são marcos na vida das pessoas, por trazerem aquela sensação de reinício. Assim, uma nova jornada dolorida e silenciosa fora iniciada, tal qual um rito de autoflagelo, em mais uma tentativa de conter os seus sofrimentos.

Ainda que a dor fosse exterminada, com essa voraz atitude, restavam-lhe ainda as lembranças, bens pessoais e situações únicas, cuja destinação também precisaria ser deflagrada. Como esquecer o romance e os beijos acalorados, os presentes trocados e os toques no coração? Como apagar a imagem dela, seu sorriso, seus trejeitos? Como esquecer o seu cheiro? Como...?

Sem olhar para trás seguiu, fingindo que os seus dias se mantinham coloridos, que a intensidade do sol acalorava o seu destino, que as coisas estavam bem. Retirou seus papéis, manteve sua rotina e seguiu. Cumprimentou as pessoas e participou das suas atividades sociais como de costume. Encarou a semana, como nas últimas semanas. Fez de conta que tudo caminhava bem e simplesmente deu seqüência à sua vida sem brilho e sem graça...

domingo, 22 de novembro de 2009

O que divide e o que expande?

A raiva e os ressentimentos dividem, o amor expande...
O egoísmo e o desprezo dividem, o carinho expande...
A mentira e a traição dividem, a verdade expande...

Nas nossas relações, vibramos com cada avanço... Quando estamos bem, todos os atos e acontecimentos, que atendam ou superam as nossas expectativas com o relacionamento, nos elevam, e nos trazem a certeza de termos encontrado a pessoa certa, com a qual queremos compartilhar todos os momentos da nossa vida, sejam eles bons ou ruins, complicados ou banais.

Colocar mostarda em um hot dog, esparramar as roupas na cama e descabelar-se, lavar o carro, voltar à academia, arrumar a casa, dividir a última bala, deixar um recado na caixa postal, não incomodar-se com os atrasos, comer torta ou lasanha sem culpa, são exemplos de situações, que por mais simples que sejam, em sintonia, possuem um significado imenso para a relação...

Assim como, preocupar-se com o futuro, arrancar um sorriso nas horas difíceis, abrir mão de coisas e situações, dividir as preocupações, ignorar a TPM, acalmá-la com um abraço acolhedor, expor-se perante os amigos, são exemplos de situações mais complexas, que também possuem um grande significado, mas que quando se tem a certeza daquilo que se quer com a relação, tornam-se simples...

Finalizando esta postagem, nos relacionamentos, o que divide ou expande são as escolhas, que podem nos remeter ao amor ou à raiva, à acolhida ou ao desprezo, à verdade ou à mentira. Escolher estar junto com alguém, deve ser uma decisão madura, pois sempre existirão avanços e renúncias. Felizmente, se escolhermos a pessoa certa, as alegrias sempre serão muito maiores do que as frustrações!

Boa semana, e boas escolhas!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ah essas mulheres!

“Acho que as mulheres são muito boas em fazer um monte de coisas simultaneamente. Homens não conseguem. Meu namorado não consegue falar ao telefone, responder a uma pergunta que eu fiz e se vestir ao mesmo tempo. Já eu consigo fazer tudo isso e ainda me maquiar”, diz a top. A explicação? Bebês. “Quando se tem filhos, é preciso conseguir fazer tudo junto”.

Essas afirmações são de Kate Moss, que é uma celebridade da moda. Sem dúvida, a sua percepção sobre essa diferença entre os homens e as mulheres faz todo o sentido, se não na abordagem generalista, na forma como encarar a vida com muita disposição e ser feliz, diante de uma agenda repleta de compromissos. Cumpri-los, sempre..., com satisfação!

O assunto que ora compartilho com os leitores e leitoras do blog, polemicamente, é fruto de conversas com algumas mulheres próximas, que escolheram abrir mão da maternidade por questões profissionais, por não quererem, ou por não se acharem capazes de realizar as suas diversas atividades e cuidar de filhos. Reações das mais diversas, como “filhos atrapalham a vida”, ou “não saberia cuidar de uma criança”, ou ainda “não colocaria filhos no mundo para sofrer”, são afirmações que ouvi.

Às vezes, tenho a sensação de que uma onda de insegurança e medo, de egoísmo e auto-afirmação, tem assolado parte das mulheres. Respeito profundamente àquelas, que por algum motivo de saúde, evitam, e também aquelas que não tiveram a oportunidade de encontrar alguém para dividir tamanha responsabilidade, ou ainda, aquelas que simplesmente não querem, por questões pessoais. Porém, algumas mulheres fazem questão de levantar uma bandeira de que filhos são empecilhos para a felicidade, e condenam, em meio às suas incapacidades, outras, que carinhosamente experimentaram, pretendem ou buscam essa relação de amor incondicional.

Na minha avaliação, as mulheres mais bem sucedidas, independentemente da atividade, conciliam filhos e o lar, com carreira, com ações solidárias e com a construção de um mundo melhor. Cuidam de tudo, exemplarmente, e deixam a sua marca e o seu legado. Outras, que sempre criticam a maternidade, mergulham na frustração, na resignação, no fel das suas próprias palavras e na aspereza das suas vidas sem sentido. Em algum momento das suas vidas, lhes faltarão abraços e carinhos, acolhimento e colo. Quando mais precisarem...

Finalizando, talvez, diante dos insights desta postagem, possamos concluir que algumas mulheres estão realmente se aproximando dos homens, ao deixarem esvair as suas principais fortalezas, que as diferenciam e as tornam melhores em um mundo competitivo: a sensibilidade, a devoção, a determinação e a beleza do cuidar.

domingo, 15 de novembro de 2009

A dicotomia da vida e as escolhas!

As coisas sempre nos parecem mais difíceis do que realmente são. Acordar em um domingo ensolarado de Curitiba, e refletir sobre os acontecimentos da semana anterior e ter a certeza de que tudo caminhou bem, apesar das dificuldades, é estimulante. Ao projetar a semana que se inicia, me sinto capaz, muito capaz.

Por mais obtuso que possa parecer ao olhar do outro, deixarmos a vida passar e não sermos intensos naquilo que fazemos é um desperdício. Entre o caórdico e o cartesiano existe uma métrica de cada um, que determina quando e o quanto de energia será imputado para que os nossos sonhos aconteçam, e para que dos nossos atos eclodam as nossas histórias e sejamos felizes. Assim, entendo que dádiva da vida é estarmos pulsantes.

Na noite passada, sonhei novamente com um anjo, que me estimula sempre e me dá sentido à vida! Entre as palavras de conforto, a crítica e a dicotomia das minhas ações, entre o céu e o inferno. Ao final, uma calorosa acolhida, em meio às suas inexplicáveis razões para o caos. Sempre que isso acontece me sinto vivo...

È possível ficar da janela vendo a vida passar, assim como entrar no trem. É possível sonhar o sonho dos outros e ser feliz, um pouco. É possível querer e fazer acontecer os nossos sonhos, assim como limitá-los. Tudo é possível, se quisermos. Eu não deixo a minha vida, timidamente, passar...

Namastê!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Satisfação aos amigos...

Cultivo minha violeta
E acho que nem ela acredita
Mas já que a cuido tão bem
Ela me gratifica

Presenteia-me desde então
Com flores todos os dias
E como se não bastasse
Irradia

Não sei se isso é loucura
De um cara largado e sozinho
Mas sempre que chego em casa
A vejo alegre e sorrindo

Meus amigos me invejam
As amigas incentivam
Acho-me um grande pirado
Curtindo essa alquimia

Nunca pensei que um dia
Daria tamanho valor
Em mundo louco e vão
A uma bela e simples flor

Finalizo essa prosa
Com louvor e emoção
Ao perceber que uma flor
Aquece meu coração

Para quem não me entende
E busca explicações
Digo se acalme e entenda
Cansei de tantas emoções

Agora fico quietinho
Louco para chegar em casa
Cuido bem de quem me cuida
Agrado quem muito me agrada

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hipócritas!!

Em meio às confusões em Brasília, como as falcatruas do PAC, a crise no Senado, a farra com dinheiro público, e a vergonha em que se encontra o Estado perante o seu povo, enfim um novo escândalo, para aliviar um pouco a pressão que anda assolando a desmoralizada classe política do nosso grande pequeno Brasil: a hipocrisia e o falso moralismo.

Todos devem ter acompanhado o caso da estudante Geisy Arruda, de 20 anos, com seus trajes ousados, e que após estar no centro de uma enfadonha manifestação na UNIBAN, teve a sua expulsão deflagrada por aquela instituição, por “uma postura incompatível com o ambiente”. Na justificativa da faculdade, Geisy “sempre gostou de provocar os meninos”, como, infelizmente, disse o seu procurador jurídico.

É óbvio que um assunto como este é vergonhoso. Inicialmente, pelo fato de que em meio à modernidade e à liberdade conquistada pelas mulheres, uma classe intelectual, de forma hipócrita e desprezível, nos remete aos primórdios do absurdo, prejulgando, julgando e condenando, arbitrariamente e com extrema violência, incitando à discriminação, ao preconceito e ao desrespeito. Uma instituição de ensino deve ter como prerrogativas, além do ensino com qualidade, a cidadania plena e a preservação da democracia. Outro ponto que me chamou a atenção foi a enorme repercussão do caso, fazendo renascer lideranças arcaicas, as quais não perderam tempo em manifestarem-se conforme o vento, além de sociólogos, psicólogos, ONGs, grupos diversos e é óbvio, membros do governo, todos em busca de holofotes.

Esse episódio serve como um alerta para todos nós, para que façamos uma reflexão profunda sobre as bases e os valores da nossa sociedade, sobre o nosso futuro e o que queremos construir. Um exame sobre, para quem, e sob que condições estamos entregando a educação dos nossos jovens. O que ensinar e aprender... Triste cenário, ora dominado por lobos em peles de cordeiros, que esquecem que o ser humano deve prevalecer perante os outros interesses.

Oxalá, saiamos dessa!

domingo, 8 de novembro de 2009

A Letra

Pra te Lembrar
(Nei Lisboa)

Que é que eu vou fazer pra te esquecer
Sempre que já nem me lembro, lembras de mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te deixar
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

Que é que eu vou fazer pra te lembrar
Como tantos que eu conheço, e esqueço de amar
Em que espelho teu sou eu que vou estar
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na vã escuridão...

Tal qual morcegos vampiros, sugou o sangue e a energia reluzente da alma sã. Infundiu em si uma confiança vulgar, por não aceitar o nascente. Enganou a si e aos outros, enterrou as próprias possibilidades. Vagou transitória no bem e fez as suas escolhas, em viver no limiar das aparências.

Tal qual vermes incubados, eclodiu antes que fosse percebida. Dilacerou em si, o que mais tinha de valor, por malograr ao léu. Iludiu a si e aos outros, implodiu a própria reputação, com uma insensibilidade voraz. Mergulhou no seu mundo falso e re-estreou seu velho espetáculo medíocre e falido.

Tal qual lagartos, borboletas e outros insetos, escondeu-se. Incorporou em si, em camuflagem, a utopia, por não querer seguir em frente. Mentiu para si e para os outros, magoou propositadamente. Rasgou a felicidade e depositou o manto negro e sombrio da tristeza e decepção, sobre as estrelas brilhantes.

Lamentou-se em silêncio e na escuridão, pois já era tarde demais, e ninguém mais quis percebê-la...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Crônica do fim do amor!

Inexiste remédio que cure a dor da perda, pois as saudades aliadas ao amor perene inundam a alma, desencadeando um mar de sofrimentos. Tentamos nos socorrer com as boas lembranças, mas o fato de não estarmos perto de quem amamos nos traz a sensação de que estamos padecendo, partindo, com resignação pelas contrariedades da vida.

Naquela manhã, ele levantou mais triste do que o normal, por pressentir a partida daquela pessoa que ele tanto amava. Ao olhar-se no espelho, teve a certeza de que algo havia mudado, já que o brilho em seus olhos relutava em surgir. Ela se fora, e por mais que o tempo tenha se empenhado em curar as mágoas, o ressentimento e a dor o desafiavam, o deflagravam, o afligiam.

Muito tempo já se passara, e ele ainda guardava consigo as boas lembranças daquela relação. Despretensiosa relação, inexplicável paixão, rebento das similaridades, tal qual um vento brando e agradável que poderia soprar para sempre, e nunca fender-se. Um desejo incontrolável de estar perto, de construir os destinos, alçando-os à felicidade eterna.

As lágrimas foram poucas, como uma autodefesa do próprio organismo, ao poupar-se para suportar um longo período de sofrimento. As manhãs, as tardes e as noites, tornaram-se cinzas, e aquele cenário combinou com a apatia com que ele conduzia a sua vida. Deixou de se dar valor, de se cuidar, e talvez melhor fosse à morte, questionava-se insistentemente em suas reflexões.

Não mais perguntou, não mais ouviu falar, não mais lhe contaram. Desistiu, por cansar de sofrer, guardando para si uma impetuosa revolta, por não entender tal sórdido fim. Afastou-se e silenciosamente trancou as portas de seu coração, deixando inelutavelmente a vida seguir seu curso. Sem expectativas, sem grandes sonhos, sem planos, simplesmente deixou.

A vida dá um jeito na vida, ouvia dizer, e mesmo sem aprofundar-se nas reflexões, ainda acreditava que tamanha desilusão tinha um significado. Que tamanha dor, tinha uma razão outra. Que tamanha perda havia de ser reparada, pois sua trajetória não poderia ser frívola, por mais levianos que fossem os seus princípios, quando julgados ao olhar dela. Recolheu-se e sofreu calado. Guardou uma infinita tristeza, que não era sua, não era, merecidamente, sua.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pryscila, Paixão e arte!

É impossível fazermos somente as coisas que gostamos, mas ao gostarmos daquilo que estamos fazendo certamente nos mantemos mais motivados e satisfeitos com a atividade realizada. Os resultados também tendem a ser sempre melhores, uma vez que utilizamos todo o nosso potencial e as nossas habilidades, e queremos o melhor. Isso é paixão!

Ao decidimos levar adiante uma idéia, nos certificamos de que aquilo que nos propusemos a fazer tem um grande significado para nós mesmos. Assim, nos esforçamos para que tudo ocorra bem, e apesar das dificuldades, superamos os obstáculos e vencemos, e mesmo que ao olhar dos outros, o que fazemos possa parecer irrelevante, para nós faz todo o sentido. Isso também é paixão!

Sempre acreditei que cada um traz consigo um dom, explícito ou não, que de alguma forma influencia para o bem, outras pessoas. Por isso, encanta-me conhecer e estar perto de pessoas como Pryscila e Paixão, cartunistas, que levam informações e instigam as pessoas à reflexão. Utilizam os seus dons ao captarem situações cotidianas, e transmitem com muita simplicidade, assuntos complexos.

Certamente eles gostam do que fazem, e fazem o que gostam, e quanto à competência e talento de ambos, é indiscutível. Existem coisas que não precisamos entender, ou explicar, mas fui buscar similaridades entre os dois, fora da profissão, e encontrei no significado dos seus nomes alguns termos comuns e interessantes: “em busca da paz a qualquer custo, mesmo que para isso tenha que brigar”, ou “além de paz, seu coração vive em busca de muito amor”.

Para conhecerem um pouco mais do trabalho de ambos, basta acessarem o portal RPC, ou Gazeta do Povo, para as charges de Ademir Paixão e as tirinhas de Amely, criação da Pryscila Vieira, ou ainda o site http://www.pryscila.com.br/.

Sou fã do trabalho deles!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Tu és responsável...



“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...”

Antoine de Saint Exupéry

Atiramos ao léu as nossas conquistas e as nossas relações, sempre que abrimos mão do cuiidar. Deixamos as coisas seguirem e até ignoramos aquele que tanto nos quer e nos faz bem. Comportamos-nos tais quais irresponsáveis extrativistas, ao sugarmos arbitrariamente o sulco que tanto necessitamos, e que nos alimenta a alma. Deixamos..., enganamos ao outro e a nós próprios, e assim matamos aos poucos a relação e a razão da nossa própria existência.

Seguimos com nossas vidas obtusas, deixando para trás um infinito mar de decepções, que as outras pessoas carregam por nós. A mágoa incessante, alimentada pelos espinhos incrustados na vã existência, em um mar de lágrimas e sofrimentos. Os enganos, expansão das ilusões e dos sonhos despetalados. Os ressentimentos e as marcas deixadas no âmago das nossas vidas, e nas reflexões, a turbulência incessante do desgosto. Maltratamos a rosa, menosprezamos o amor e silenciamos as borboletas.

Ódio é pouco, mas não é o ódio. Raiva é pouco, mas também não é a raiva. A decepção sim, pela escolha em nos entregarmos de corpo e alma à luz, e ao nos sentirmos acolhidos, um mergulho frio na escuridão voraz do abandono. Doce ilusão, cristais despedaçados, tempestade de culpas.

Resiliência!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Que amor é esse!

ao deixar-me
cruelmente
subtraiu-me a alegria
descoloriu minha vida
implodiu meus sentimentos
envenenou minha alma

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As amizades e o tempo!

Quando crianças nos ensinaram piamente sobre a cronologia, sobre as nossas responsabilidades e o cumprimento das nossas obrigações. Sobre como sermos cidadãos decentes e o nosso papel na sociedade. Sobre como exigirmos os nossos direitos, e cumprirmos os nossos deveres, para uma cidadania plena. Ensinaram-nos também, que a família, a escola e a religião são instituições fundamentais para a formação do nosso caráter.

Sem que nos ensinassem, aprendemos que a convivência com outras pessoas é uma tarefa difícil, na medida em que dividir, compartilhar e aceitar o outro é uma decisão de cada um, e entre as broncas dos pais, dos professores ou dos clérigos, pelo nosso egoísmo nato, nos sentimos acuados, confusos e aprendemos que sempre que os interesses forem convergentes, o caminho se torna mais ameno, fácil e divertido, se bem acompanhado.

Assim, aprendemos a confiar no outro, e de alguma forma, inicialmente, nos tornamos dependentes por pleno interesse, cujos vínculos se transformam, quando bem cuidados, em afetivos. O tempo cronológico não tem muito a ver com este tipo de transformação, a qual acontece quando os corações se encontram próximos, e respira-se o outro. Respeita-se o outro. Admira-se o outro.

Experimentei no último sábado, compartilhar minhas alegrias com amigos de mais de 35 anos de convivência, amigos de mais de 20 e 10 anos, amigos recentes, todos plenos na minha caminhada. Em cada olhar e em cada abraço, um sentimento puro de bem estar, de amor e de felicidade, simplesmente por tê-los próximos, e uma saudade imensa daqueles que por algum motivo ali não estavam.

Indelével o sentimento mútuo que permeia as pessoas que se querem bem, e que ultrapassaram as razões das conveniências. Admirável o sentimento puro que perpetua a vida das pessoas que escolheram seguir juntas, e que continuam as suas jornadas lado a lado. Louvável o sentimento das pessoas que cultivam as amizades, e que se doam ao outro, nos simples gestos, na magnificência da alma.

Finalizo esta postagem com uma carga imensa de emoção, seja pela imperdoável perda ou distanciamento de algumas pessoas com as quais deveria caminhar junto, e pelo agradecimento às amizades construídas e consolidadas ao longo da minha natividade.

Um brinde ao outro!

Namastê!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As mulheres no futuro!

Cada um vive ao seu tempo, considerando o seu ambiente e tudo aquilo que lhe foi proporcionado para as suas escolhas. Nosso modo de vida, da infância à velhice, nós escolhemos, de acordo com os insights que recebemos e com as nossas preferências - somos os responsáveis por elas. O futuro encanta, ao mesmo tempo em que muito nos preocupa, pois queremos sempre o melhor para nós e para quem queremos bem. Ao menos a maioria das pessoas.

Essa loucura pela beleza a qualquer preço, pelo rejuvenescimento; essa luta pela juventude eterna, como um troféu que abre as portas para a sociedade é uma hipocrisia, traz uma devoção fingida. Cuidar-se, sim, óbvio, mas a obsessão pela beleza é doentia, uma deformação não só do corpo, mas também da mente.

Li na folha online, um artigo que fala sobre o futuro das mulheres, e tenho a certeza de que algumas estarão muito felizes com a notícia, por viverem o hoje. Outras nem tanto. Outras nem se importarão. O fato é que, segundo as pesquisas de Stephen Stearns, biólogo evolucionista da Universidade de Yale, “as mulheres do futuro serão levemente mais baixas e rechonchudas, terão corações saudáveis e um tempo reprodutivo mais extenso”.

Ainda, o grupo de pesquisadores atesta que: “a mulher média em 2409 será 2 cm mais baixa e 1 kg mais pesada do que ela é atualmente. Ela dará à luz ao seu primeiro filho cinco meses mais cedo e entrará na menopausa dez meses mais tarde, em relação à média atual”. Não entendi a relevância desse estudo, mas certamente há, pois do contrário não se aplicariam infindáveis recursos e nem seria conduzido em uma universidade referência.

A ciência é fascinante, instigante, intrigante, e muitas vezes curiosa. Interessa-nos sempre que o assunto tem um significado próximo, ou íntimo, com a nossa realidade. Passa ao largo quando não nos afeta, ou quando não percebemos a sua importância em nossas vidas. Ciência é vida, ditado assertivo, apesar dos contraditórios.

Para quem quiser ler a matéria completa, vai aí o link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u640507.shtml

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O querer de cada um...

Há alguns dias atrás estava conversando com um casal de amigos, enquanto tomávamos alguns drinks lá no Jockers, que particularmente considero o melhor pub de Curitiba. Falávamos sobre pessoas, sobre relacionamentos e sobre as nossas escolhas, que nos trazem alegrias e que nos fazem sofrer.

No centro do diálogo, o querer de cada um: estar, admirar, estimular, amar, escolher, viver... O ceder, abrir mão, esforçar-se, sacrificar-se, tudo pelo querer. O mergulhar em um novo universo, construindo a dois um futuro muitas vezes incerto. O deixar levar-se, com as boas intenções e os frutos de um amor intenso. O levar, colocando purpurina nos vazios da relação. À margem, mergulhamos na imaturidade, nas atitudes descabidas, no ressentimento e na mágoa. Uma conversa estimulante, com grande carga de emoções.

O que mais me instigou em nosso bate-papo, e que ainda tem me provocado reflexões intensas, foi a afirmação de que “às vezes empoderamos demais o outro, e pagamos um preço alto por isso”. Gostei muito, pois realmente os excessos que cometemos em favor da outra pessoa, nos tornam mais dependentes dela, seja pela admiração, paixão ou amor. Não acreditamos que as relações possam chegar ao fim e ficamos reféns de uma incerteza, e vítimas das nossas próprias escolhas. Adorei...

É bom falar sobre relacionamentos, ainda mais quando buscamos incessantemente a felicidade, e felicidade tem tudo a ver com estar com a pessoa que você ama. A pessoa com quem você escolheu estar. Algumas pessoas dizem serem felizes sozinhas, mas isso não passa de desculpas, para justificar a incapacidade de viver o outro e com o outro. Escondem-se, enganam, vivem e morrem amarguradas, nos seus pseudos mundos perfeitos e cruéis... Desacreditam e praguejam, invejam. Nas suas frustrações, sonham com dias melhores, os quais virão somente com as suas próprias transformações.

Acho que é isso, e agradeço aos amigos pela vivência...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vamos embora que esperar não é saber...

A maioria das pessoas já ouviu, ou conheceu o seguinte desabafo: “Pra vocês que continuam pensando que me apóiam vaiando... A vida não se resume em festivais...”. No ano de 1968, no 3º Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, diante de um Maracanãzinho lotado – falava-se em mais de 30 mil pessoas, a música “Pra não dizer que não falei das flores” ou “Caminhando”, como também era denominada, de Geraldo Vandré, foi derrotada por “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque. A multidão, enfurecida, demonstrando insatisfação com a escolha do júri, passou a vaiar incessantemente a decisão, e somente transformaram o manifesto em palmas acaloradas e gritos histéricos, após essa intervenção de Geraldo.

Geraldo Pedrosa de Araujo Dias nasceu em 12 de setembro de 1935, na cidade de João Pessoa/PB. Seu nome artístico teve origem na fragmentação do nome de seu pai, José Vandregísilo. Sua mãe chamava-se Maria Eugênia. Formou-se em direto em 1961 e militou junto aos movimentos estudantis contra a ditadura militar. Em 1969, após ter suas músicas censuradas e a cabeça colocada à prêmio, escondeu-se por um período em uma fazenda da esposa de Guimarães Rosa, então falecido, e exilou-se no Chile e depois na França, retornando ao Brasil em 1973. Após o retorno do exílio, nunca mais pisou em palcos brasileiros e cumpriu a promessa que fizera durante o exílio. Na profunda depressão encontra-se explicações para sua decisão, apesar de continuar compondo mergulhado na genialidade e na beleza infinita da sua poesia. Músicas como “Disparada”, “Samba em Prelúdio”, “Quem Quiser Encontrar Amor”, “Canção Nordestina”, entre tantas outras, levam a sua autoria.

Decidi trazer estes esclarecimentos, por ter visto fotos do Vandré (a primeira é de 1968, nos festivais, e a outra de 2005, aos 70 anos de idade) no blog do Zé Beto (Jornale), as quais inseri nesta postagem, o que estimulou em mim boas lembranças da época em que eu tocava nos bares da cidade de Curitiba, e mantinha Geraldo Vandré em meu repertório.

No link http://letras.terra.com.br/geraldo-vandre/46168/, você encontra a letra maravilhosa de “Pra não dizer que não falei das flores”.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mesóclises!

nunca colocarei pronomes átonos
entre o radical e a desinência
seja em que tempo for
para puni-la ou perdoá-la

não julgá-la-ei
pois condená-la-ia

não perdoá-la-ei
pois consenti-la-ia

melhor esquecê-la
pois jamais conseguiria remediar
minha dor e o meu sofrimento
nas simples mesóclises

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Esse meu coração!


Meu coração não se acalma
Nem mesmo quando eu consinto
Faz de conta que é autônomo
Impõe-me um labirinto



Meu coração esquisito
Faz sempre que não dá conta
De tudo aquilo que sinto
Quando eu insisto me afronta

Meu coração traiçoeiro
Dissimula meus argumentos
Toda vez se faz de tonto
Destroça meus sentimentos

Meu coração desordeiro
Bagunçou a minha vida
Faz-se coitado, indolente
Sangrando minha ferida

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Encerrando Ciclos!

Impressiona-me o fato de estarmos sempre nos prendendo ao passado, querendo que as boas experiências vividas retornem, talvez com uma nova roupagem, mas que tenham igual significado e nos reproduzam aquelas boas emoções. Assim, não nos libertamos... Vivemos presos àquele amor antigo e intenso e queremos que os novos amores sejam iguais, ou com pequenas modificações, para melhor, claro! Estabelecemos um referencial com a empresa ou o trabalho passado, e ficamos em uma zona de conforto, torcendo para que tudo se mantenha no mesmo formato, para que não tenhamos que nos expor. Mantemos nossa casa idêntica, há tempos, pois gostamos de como está e assim sabemos o local das coisas, e não temos que nos preocupar em exercitarmos nossa criatividade, e em inovar. Vamos vivendo, deixando a vida passar...

Esse ser humano expansível, genial, magnífico, estabeleceu para si próprio os seus limites, escolheu o tamanho da sua caixinha e lá permanece..., escondeu-se. Ao longo do tempo deixou de acreditar nas suas potencialidades e parou. Sempre acha que já fez demais e que carrega consigo um ativo imenso. Trata o tempo quase como seu inimigo, como um limitador das suas novas possibilidades, ações e experiências.

Fernando Pessoa retrata bem este tema, em seu texto “Fechando Ciclos” (http://www.pensador.info/p/fernando_pessoa_encerrando_ciclos/1/), e evidencia que encerrar etapas em nossa vida nos abre para novas oportunidades, para seguirmos adiante, com maestria. Acho o texto genial, e caso estejamos dispostos a refletir sobre aqueles pontos que nos fazem sentido...

Ao finalizar, reafirmo que cada um é dono do seu destino, e que as etapas que passamos em nossas vidas, as experiências profissionais, as amizades e os amores conquistados, correspondidos ou não, os vínculos afetivos, os ganhos e as perdas, nos elevam a construir uma relação significativa nossa, com nós mesmos, e com os outros. Que as escolhas que fazemos, se desapegamos, trazemos conosco ou não, esse emaranhado de sentimentos, fruto das nossas vivências, serão determinantes para induzir a nossa felicidade, por toda a nossa vida.

Namastê!

domingo, 4 de outubro de 2009

Que amor é esse!

alcei-a dona do meu coração
e entreguei-lhe os segredos da minha felicidade
ela trancafiou os meus sentimentos e me anulou
inconseqüente e cruel

fechou a porta e jogou as chaves fora

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A morte é a vida!

Um breve olhar para o retrato em sua mesa de cabeceira, e o resgate de uma vida repleta de momentos felizes. Desde que ela se fora, os dias não eram iguais, e a intensa saudade, mística melancolia, nunca mais desabitou aquele imenso coração. A morte traz um significado profundo para a vida das pessoas, um questionamento íntimo sobre as escolhas passadas, sobre as realizações, as alegrias e frustrações. Traz um impulso para o futuro, que se projeta e se deseja para si. Retroalimenta e faz renascer.

Teve que aceitar a perda, e conviver consigo, pois apesar dos nebulosos dias, do incessante sofrimento, ainda tinha muito a fazer, não somente para si mesmo, mas também pelos outros. Outros, que ainda esperavam dele algum tipo de reação, que retomasse o sentido dos seus sonhos e o rumo das suas inquietudes, que retornasse ao seu próprio eixo e voltasse a inspirar tantas pessoas a expandirem as suas emoções. Um egoísmo se faz necessário diante da morte. Pensar em si e esquecer por um momento os outros. Fortalecer-se, mesmo que os outros se enfraqueçam pela sua ausência. Resgatar-se, mesmo que após, tenha que tecer a colcha da vida com retalhos. Inundar-se de sentimentos, para depois acontecer, diante das escolhas.

Por mais que a ferida ainda sangrasse, e a dor intensa o sufocasse, lhe remetendo ao mais hostil desagravo, decidiu seguir em frente. Enxugou as lágrimas e desapegou-se gradativamente das lembranças. Esforçou-se em apagar os sonhos, que insistiam em não deixar esquecê-la. Tentou confortar-se e recolheu-se. Inspirou-se nas suas próprias capacidades e nas letras reencontrou-se para a vida. Seguiu em frente. Não existe desamor sem dor, e a dor do desamor, assim como o próprio amor, caminha no fio da navalha, no limiar das emoções. Sangrar é a conseqüência de doar-se, de ser intenso. E isso, mesmo que inconseqüentemente, ele sempre foi.

A morte é a cessação da vida, mas também a ausência, uma dor violenta, a imobilidade ou a ruína. Uma privação intensa, uma perda, de alguém, de algo, ou de si mesmo. Em sua antítese, uma transição e um desabrochar. Um reencontro com a própria vida.

terça-feira, 29 de setembro de 2009


"... a morte é anterior a si mesma. Ela começa muito antes, é toda uma luminosa e paciente elaboração."

Nelson Rodrigues

Deslizes!

Deslizes são desencontros de expectativas, os quais frustram um desejo explícito de se vivenciar algo. Tal qual uma flor, que ao deitar ao solo antes da hora nos entristece, e nos remete à reflexão do cartesiano mundo que atribuímos a nós mesmos e cujas inflexões de ordem nos espantam. Deslizes são alertas para a vida, que pode seguir outros rumos, muitas vezes distantes do nosso domínio e dos nossos sonhos. Podem ser oportunidades, renascimento e glória.

Tentamos explicar os erros exaustivamente, como se não fosse possível errar. O mundo nos ensina a sermos duros. Aprendemos muito com os outros sobre os modelos de sucesso, mas pouco sobre os fracassos. Somos cobrados e rotulados como bons ou ruins, bem ou mal sucedidos. Supervalorizamos os desacertos e elevamos às frustrações tudo aquilo que não conseguimos realizar, mesmo as pequenas coisas. Assim, somos regidos pelo medo e pouco ousamos. Sepultamos emoções e cobramos auto-estima. Sentimos-nos impotentes e vazios e cimentamos nossos passos, diante das vicissitudes.

É preciso mudar..., e abrir a janela da alma exige coragem. Deixar entrar os bons ventos que nos impulsionam aos mais amplos desejos. Provar os saltos longínquos de uma vida caórdica. Não impor desinências aos sonhos. Acumular histórias e pintar a vida com um colorido tão intenso, que o cinza e o negro da melancolia não se atrevam a revelarem-se. Ousar, ousar e ousar...

Um olhar profundo para tudo aquilo que nos é essencial. Sorrir. Expandir as nossas virtudes e compartilhar os momentos com todos, por mais que estejamos enclausurados em nossos micro-mundos. Sermos protagonistas dos nossos destinos e influir, entusiasmar aquelas pessoas que ainda não perceberam o quanto somos capazes. Viver muito, viver e viver...

E quanto aos deslizes, são meros escorregões, descuidos, enganos, pequenos tombos. Assim aprende-se a caminhar, caindo.

Namastê!

domingo, 27 de setembro de 2009

A gente se acostuma!

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de Volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana. E se com a pessoa que a gente ama, a noite ou no fim de semana, não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.
Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Que amor é esse!

mesmo que eu não tenha
teu sorriso como alimento
viverei feliz
e o meu amor será eterno

e quando a saudade do inverno chegar
e eu em outra não encontrar abrigo
serei forte e não vou chorar
pois amar-te é meu maior incentivo



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sucesso?

Alguns dias atrás eu vi, adesivado no vidro traseiro de um carro, a seguinte reflexão: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Uma afirmação forte e verdadeira, a meu ver, que me fez refletir mais aprofundadamente sobre as relações entre homens e mulheres, do ponto de vista das expectativas, desejos e sonhos.

É sabido que, no Brasil, os divórcios aumentaram em 200%, segundo as últimas pesquisas realizadas pelo IBGE, e um em cada quatro casamentos fracassa. Também, que diversos fatores são elencados como possíveis causas de um rompimento, desde questões financeiras (principal causa) até a ideologia da liberação de homens e mulheres.

Tenho ouvido muito, frases do tipo: “ninguém é de ninguém”, “minha liberdade não tem preço”, “quero aproveitar a minha vida”, e me assusta a tranqüilidade com que as pessoas se posicionam assim, demonstrando uma imaturidade tão grande, que jamais poderia sustentar qualquer tipo de relação. Ao mesmo tempo, vejo homens e mulheres solitários, frustrados e muitas vezes desesperados, descrentes do afeto e do amor. São pessoas que passam pela vida, carregam e distribuem amarguras. Às vezes, fingem e enganam os outros, mas matam aos poucos aquilo que de mais importante lhes foi dado: a vida!

Não é necessário perguntar, basta olhar nos olhos de uma pessoa solitária e que se diz feliz assim, para entender que certamente ela oculta e guarda consigo, no fundo do coração uma mágoa e uma desilusão cruel, que lhe consome e lhe remete aos piores sentimentos e crenças. Ao distorcer a sua própria realidade, transfere, e racionaliza, para as plantas, animais ou para o trabalho o seu amor fraterno e incondicional. Faz um esforço para esquecer que estamos aqui para vivermos relações a dois.

Ao refletir sobre os casais, e o fracasso deles, não posso me furtar de abordar a dor e o sofrimento de um desamor. Por mais que se busquem justificativas, o sentimento de perda impele para momentos de resignação, difíceis de dissimular. Ainda mais se o rompimento for unilateral, e se o outro ainda guarda consigo expectativas, sonhos e um amor profundo, que tão cedo não irá se dissipar.

Por natureza temos o dom de ser feliz, cada qual ao seu modo, mas brindar o sucesso diante de um fracasso amoroso é no mínimo lamentável, para não se dizer vexatório e patético.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primavera!

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

No limiar das emoções...

O tempo sempre foi o responsável por curar feridas profundas, abertas em função dos relacionamentos frustrados, dos desejos traídos, da dor e da perda de um grande amor. Todos sabiam que isso iria acontecer, inclusive ele. Preferiu ignorar os fatos e fechou os olhos. Deixou que a vida seguisse, lhe levasse, alimentando um sonho arriscado, volátil, no emaranhado das inúmeras relações vazias que permissivamente lhe habitavam.

Julgou, que mais uma vez, mais uma, o amor lhe sorria, e foi dominado pela paixão! Como se lê em qualquer livro de poesias, paixão não impõe limites, surge, invade e rasga o peito. Impulsiona, impele ao coração uma música única, uma nota solitária e intermitente, um grito impetuoso, um mar revolto, que deflagra não só os desejos mais íntimos, mas cega a alma e desfaz a realidade.

Assim, partiu para conquista, fortalecido pela vontade sua de ter, de possuir, de entregar-se, por querer muito. Sem limites, inundado por um desejo absurdo, por uma paixão incontrolável, atirou-se de peito aberto, já que mal algum seria maior do que a ausência dela. A paixão, como o sentimento mais egoísta do ser humano, ignora o outro, pois no ímpeto, a si próprio basta para se obter felicidade. Já o amor, consolida, transforma os picos de euforia e deslumbramentos em satisfação e serenidade, os desprazeres em aprendizados e novas oportunidades. Dá sentido à vida!

Quando se quer muito, e algo se torna muito importante na vida das pessoas, conquista-se! Assim aconteceu com ele..., trouxe para o seu lado, o seu bem mais precioso, fruto dos seus incontáveis sonhos, dos seus incontroláveis desejos. Acolheu-a em seu peito e deleitou-se. Lambuzou-se, e seus olhos dilatados pela adrenalina da paixão e pelo êxtase das emoções, se acalmaram. Por alguns instantes teve a certeza de que a sua vida tomaria outro rumo, a dois, construída com cuidado para que fosse eterna, tal qual o filme que passara em sua mente infinitas vezes, desde a primeira vez que a vira.

Puro engano! A frágil construção ruiu, tal qual castelos de areia, ou cartas de baralho em brincadeiras infantis. A inseguraça e o medo emergiram de forma irascível, e dominaram a relação. Ela nunca estivera com ele. Matou-se a paixão e o carinho, suprimiu-se os desejos. A dúvida, dissipou a confiança, e o amor morreu. Da admiração, nada! ...nem mesmo uma amizade, pois a brutalidade do rompimento corroeu a relação. Da paixão audaz, mágoas e ressentimentos.

De volta à razão, restos de uma bela história. Pequenas lembranças a serem esquecidas. Tristezas a serem diluídas nas possíveis novas experiências. Uma saudade fugaz e uma amargura, nódoa da alma marcada. Expectativas enterradas e no limiar das emoções, opostos. Novas relações vazias...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Dificuldades e oportunidades...


“Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente.”

“Os Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski, foi considerado por Freud como o melhor romance já escrito. Fiódor Mikhailovich Dostoiévski, escritor russo, que morreu em 1881, é considerado pela crítica literária como um dos maiores romancistas e um dos artistas mais inovadores de todos os tempos. Também, diz-se, que o mesmo é o fundador do existencialismo, considerando o viés das suas obras, que exploram a autodestruição, o caos familiar, a humilhação e os estados patológicos que levam ao suicídio, ao homicídio e à loucura. Influenciou a grande maioria dos autores contemporâneos, como Gabriel Garcia Marques, Franz Kafka, Hermann Hesse, entre tantos outros.

Esta postagem menciona Dostoiévski, não pela sua genialidade, ou pela sua história, ou ainda, simplesmente, pela imensa contribuição para a formação intelectual, mas sim, por um acontecimento do qual participei. Longe do preconceito, ou do pré-julgamento, da luta de classes, ou mesmo da clausura ao conhecimento, imposta a uma infinidade de pessoas, ao visitar o Paço Municipal, local de cultura na região central de Curitiba, percebi que o porteiro, ou segurança, da instituição, entre os educados e simpáticos cumprimentos aos visitantes, mergulhava nas páginas de uma obra de Dostoiévski. Ao olhar para o mesmo, pude perceber um belo sorriso, e o encantamento com o acesso à obra de um expoente da literatura.

Minha reflexão atém-se à surpresa, em um primeiro momento, mas ao regozijo, após. A literatura, a cultura e o conhecimento estão mais próximos dos cidadãos comuns, e o acesso facilitado às bibliotecas, à internet e aos centros culturais tem permitido àqueles que queiram, e possuam iniciativa para tal, participarem mais amplamente dos diálogos para a construção de uma sociedade mais justa. Isso me encanta! Inclusão e cidadania são palavras que devem estar presentes no cotidiano das pessoas de bem; pessoas que fazem diferença...

Finalizando, trouxe este exemplo, justamente para ilustrar as enormes diferenças que existem em nosso país, assim como as oportunidades. Quero reforçar que, apesar das imensas dificuldades que enfrentamos no dia a dia, depende da escolha de cada um despertar e trilhar um caminho, que poderá ser rumo ao sucesso ou ao fracasso. Mesmo diante das adversidades, é possível esforçar-se e vencer!

Para reflexão!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Meras coincidências..

O desconhecido me fascina, assim como, a muitos. Percorrer caminhos obscuros, onde a mística permeia a realidade e nos projeta a planos ocultos, é no mínimo instigante. Percebo que muitas pessoas seguem piamente ancoradas nas orientações de signos, astros, números, entre outras leituras. Alguns, incrédulos, lêem também, e apesar de duvidosos, simpatizam com as mensagens positivas que os estudiosos projetam e assim, se sentem estimulados.

No plano das coincidências, simultaneidades e sincronicidades, todas as pessoas já tiveram algum tipo de experiência. Sonhar com algo..., que acontece em seguida; pensar em alguém..., e receber uma ligação despropositada; querer muito alguma coisa..., e obtê-la sem esforços, é comum, apesar de surpreendente. Não busco explicações e nem polemizar um assunto como este, apenas compartilhar.

Curitiba e Região Metropolitana agrega em torno de 3 milhões de habitantes, sendo que aproximadamente 52% são mulheres. Neste universo, 17% estão na faixa etária entre 30 e 39 anos de idade. Busquei na web conhecer algumas pessoas interessantes para ampliar os meus relacionamentos, e entre milhares de pessoas que também procuram encontrar alguém, cada qual com as suas intenções, encontrei algumas poucas, que valeram à pena e com as quais tenho conversado. Entre essas pessoas, uma muito especial, cujo perfil me pareceu encantador, apesar de muito diferente do meu.

Após algumas conversas, as constatações: a primeira é de que, para a minha alegria, realmente os nossos perfis são bem diferentes – meus amigos (as) devem me entender, pois acho que não suportaria conversar com alguém igual a mim por muito tempo... Ela é muito melhor do que eu! A segunda, é que mudei de residência há alguns meses e ela mora quase ao lado de onde eu morava anteriormente, e agora, o seu trabalho, está do outro lado da rua, da minha nova casa. Sempre fomos estranhos, mas próximos, e por muito tempo estivemos nas mesmas redondezas! A terceira, que realmente me instigou, é que ela, ao abrir as cortinas do seu apartamento e ao olhar para a casa em frente, possui a visão da foto acima, mas ela nunca havia percebido! No mínimo, sinistro...

O que significam, e como tratar as coincidências?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quando despertar?

No berço das nossas emoções repousa um gigante, que pode nos impulsionar aos mais ousados saltos, desde que consigamos acordá-lo. Decidir por nós mesmos, muitas vezes nos atormenta, uma vez que, acolhidos no comodismo, ficamos à espera que algo de melhor nos aconteça, apesar de nós. Melhor assim..., é mais fácil!

Ao deixarmos de agir, evitamos os sofrimentos, ou os postergamos, uma vez que os conflitos são minimizados, por hora, ao acreditarmos que a natureza, certamente, dará conta de encontrar o melhor caminho para a solução dos nossos problemas. Ficamos inertes, indolentes, apáticos, imóveis, limitados ao vai e vem das ondas da vida, que vai passando.

Sentimos vontade de fazer muitas coisas, mas não conseguimos dar os primeiros passos, pois não decidimos e não agimos. Assim, nos miramos nos outros, e através deles percebemos aquilo que julgamos ser as nossas limitações. Sentimos-nos frustrados, impotentes de realizarmos os nossos sonhos. Amargurados nos recolhemos, e armazenamos uma dor intensa.

Enquanto esperamos, a vida vai seguindo seu curso, e o gigante que existe em nós, permanece adormecido. Fixamos os nossos olhares para o exterior e nos queixamos, lamentamos as nossas perdas, supervalorizamos os nossos erros, nos mostramos incapazes de tomarmos as rédeas da nossa própria vida. Tem sido assim...

E esse gigante que repousa em nós, por que não o acordamos? Pelo fato de que nos descobrirmos pode ser uma experiência dolorosa. Ao não olharmos para nós mesmos, nos ocultamos, e ao nos ocultarmos seguimos nossa vida míope, sem riscos. Vamos adiante...

Cada um é dono do seu destino e pode despertar. Para isso, no momento certo, basta abrir a porta e acordar. Precisamos lembrar, que essa porta possui maçaneta, que abre somente pelo lado de dentro.

Namastê!