quinta-feira, 25 de março de 2010

Clausura

Lembranças, gotas ácidas que corroem a solidão, ilicitudes das almas fragilizadas, repúdio às escolhas. Saudades, elos a encarcerar o sofrimento, embates ao desapego imperfeito, mórbidos suspiros pela afeição. Distância, nódoa trama na perplexidade do destino, renúncia velada da natural indelicadeza, conexão ao desconexo. Hei de esquecer o silêncio dos nossos corpos cansados...

Há uma nebulosa em meu peito, que insiste em manter distante o meu coração. Na perdura instável do meu ser, um vazio, claustro, de emoções. A cidade é cinza, assim como os dias. Noites dolorosas, em doses desmedidas de ressentimentos, e uma insaciável procura, pelo desencontro. Ainda hei de matar a distância, que me separa de mim mesmo...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Coisas da vida...


Assim a vida segue o seu destino..., a gente cai, mas se levanta!

Confissões de um adolescente quarentão...


Ainda ontem estava pensando que somos frutos do meio, e que a fruta nunca cai longe do pé. Também, que, indisciplinados, estamos superaquecendo o planeta e que certamente extinguiremos os ursos polares. Ainda, que estamos criando uma geração de desajustados, que não conseguem se relacionar, fora da virtualidade, e que, como bons desajustados, jamais conseguirão interagir com a sociedade, e, portanto, nunca contribuirão para a construção de um mundo melhor.

Estava refletindo sobre tudo que aprendi e que não utilizei: que decorei a tabela periódica para poder passar de ano e que nunca me perdoei por ter me abaixado em uma aula de biologia, na tentativa de ver a calcinha da professora Angélica, que naquele dia usava saia. Que quando minha avó me mandou rezar umas 50 ave-marias, só porque aceitei Jesus em uma igreja que não era católica, juntamente com meu irmão, ou quando dava as uvas, que repousavam nas garrafas de pinga onde ela fazia os seus licores, para as suas galinhas de criação, cumpri os castigos, mesmo sem ter cumprido objetivamente... Enforquei várias galinhas dela no parreiral, mas não estava sozinho... Meu avô me deu bengaladas injustamente, só porque puxei a barba do papai noel e descobri quem era ele, e odiava ter que cantar encima do caixão de lenha, se quisesse ganhar presentes...

Quando morava no Rio de Janeiro, ainda bem criança, era agarrado na dispensa de casa, e no escuro. por uma filha de um amigo do meu pai, também militar, mas apesar de envergonhado, não revelava o abuso e acho que até gostava... Pulava o muro de casa e ludibriava o cachorro do vizinho, só para beijar a filha dele, a Ritinha..., ahhh Ritinha... Será que é por isso que hoje sou assim? Nadar na água de chuva e ser resgatado pelos militares e entrar nas tubulações dos prédios lá em Marechal Hermes, foram aventuras arriscadas, mas nem tão secretas assim..., fomos denunciados!

Com meu primo, assustava as meninas, amigas e primas, em teatrinhos onde ele saltava de baixo das cobertas, transfigurado por mercúrio, ou sangue do diabo, e esparadrapos, e eu, junto com o Ná, ligava o alarme do carro dele, cuja chave era externa, sempre que ele ia namorar, só para acordar a vizinhança... Com meu tio, tomava caipiras de maracujá, nos botecos, nas pedras do Morro do Cristo, lá em Guaratuba e ele botava uma graninha em meu bolso, por qualquer agrado ou companhia... Meu outro tio passou reto em uma curva, com sua Belina, quando fomos a uma pescaria... Normal, pois a curva do monge, lá na Lapa, fora apelidada como curva do César..., não por acaso...

Minha mãe mandou despejar uma carga na areia na porta da cozinha de casa, por estarmos entediados, e ao meu pai fazia continência, ao esperá-lo chegar do quartel, pois então, estava no Colégio Militar e empolgado com a possibilidade de dominar o mundo... Dei uns safanões no meu irmão menor quando, em um passeio apertado no carro, ele comprimiu, involuntariamente, meu furúnculo na perna... E caí em um riacho quando atravessava uma ponte de madeira, em um passeio com “meu filho Junior” e turma..., tive que seguir de cueca... Participar da matança do bode, que ganhamos do seu Fernando, para um churrasco da turma, não foi legal...

Não posso deixar de confessar que roubava doces do armazém da D. Helena, e que adorava o velho Guirino, principalmente o seu pomar. Roubava picolé na saída do colégio também, em uma ação articulada da “gangue”da saída da escola... Joguei uma laranja podre em um missionário que seguia para a igreja e ele nem percebeu, pois somente raspou a sua camisa de cetim e coloquei ratos no jipe do Monsenhor, hoje quase santificado e detentor de tantos milagres... Matei uma pomba branca com um tiro de espingarda de pressão e nunca me perdoei, mas ri quando soprei uma zarabatana com espinho na ponta e que perfurou o braço da Ester. Quando Neuza me induziu a enfiar meus dedos na tomada e levei um puta choque, odiei...

Para finalizar as confissões, como não podia entrar no cinema, jogava bombinhas cabeça-de-nego, pelas calhas e apavorava os casais românticos, certamente interrompendo as suas intenções, até ser pego pelo Oscar da farmácia (também não estava só...). Me vesti de policial com a farda do Coronel Janari e participei de uma blitz. Gostava quando o filho do Burda era jogado do trampolim lá na piscina... Pelas minhas encrencas, sempre era um dos primeiros a começar brigas nos bailes de carnaval no Congresso, e o Teteco era o meu anticristo, na época. Tocar campainhas e correr, esvaziar pneus, espionar as meninas em diversas situações, roubar produtos do mercado do Espedito, junto com o filho dele, Maurício, para alimentar nossas pescarias, provocar as freiras..., entre outras tripulias, eram os nossos pecados da época...

Essas passagens pitorescas são de algumas aventuras da infância, e de um lado da família, pois do outro lado, contarei em outra postagem. Histórias como quando Fernando Alberto disse para minha tia Alaíde que ela ia à praia para espantar tubarões; nossas aventuras com carrinhos de autorama e playmobil; quando escondíamos Paulinha no armário, ou quando quebrei a ampulheta do meu Tio Antônio, além das descobertas com Nelsinho, sobre as revistas suecas...

Acho que me sinto mais aliviado, e quem sabe, em outra oportunidade, contarei os pecados da adolescência...

(Uma pequena lembrança para os meus pais, parentes, irmãos, primos e amigos, de uma doce infância colorida...)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Quem você quer ao seu lado?


Há alguns dias, recebi em meu email a mensagem de uma pessoa conhecida, com o seguinte teor: “Fiz uma limpa em minhas listas de contatos e se você não se encontra mais lá, é que não tem feito nenhuma diferença na minha vida, então resolvi lhe deletar.”. Imediatamente corri a acessar a lista de contatos, para verificar se havia sido deletado... Para a minha alegria e alivio, eu ainda estava lá...

Refleti muito sobre a atitude corajosa dela, um tanto extrema, em um momento em que as pessoas andam solitárias e procurando com quem se relacionar, mesmo que sejam relações vazias. Chegam a participar de grupos, trupes, somente para se sentirem aceitas, mesmo não tendo nenhuma afinidade e interesses, além de relações superficiais, para terem o que contar aos outros, o que registrar.

Vejo pessoas, que possuem mais de 300 amigos no orkut, ou em outros sites de relacionamentos, e recebem centenas de recados, mas que não são capazes de solidificar as relações, pois são relações aparentes. Da mesma forma, encontro pessoas que mantém as suas poucas amizades e as cuidam, para que se fortaleçam cada vez mais e continuem infinitas no tempo, para que os abraços carinhosos e verdadeiros do presente se perpetuem no futuro.

Eu também tenho em minhas relações, muitas pessoas que não fazem nenhuma diferença em minha vida, mas que talvez eu faça nas delas, algumas que atrapalham, assim como outras sem as quais não viveria feliz, sentiria muito, e sinto a falta delas... Mas o que queremos conservar? ... como bem lembrou Juliana Machado em um comentário anterior no blog.

Ainda sobre o assunto, temos que descobrir aquilo que nos torna melhores, felizes, e que nos estimula a seguirmos com as nossas escolhas. Certamente iremos querer ao nosso lado, não quem nos afunda, que nos machuca, mas sim, aquelas pessoas que nos elevam, mesmo que não percebam o quanto são importantes em nossas vidas...

Namastê!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Transitório

nas minhas gotas de sangue
o vinho que exala do meu corpo
em ondas transgressoras da vida louca e vã
estereótipos da heróica natureza humana
em versos negros na imensidão vazia

tiros de adrenalina
a reanimar nossos corpos ardentes
e vultos sedentos por carinhos
orbitando no fog das emoções
com arrepios instantes de amor

na lisura das mentes
o obtuso tremular das mãos
e a doença das almas inescrupulosas
na perdição comum dos meios fins
como chuva ácida de pura hipocrisia

no chão o lamento morto
de espinhos e pétalas pisadas
nas ondas de ressentimentos líricos
a poesia da dor pela distância
de não ser mais você a insurgir meus sentimentos

terça-feira, 16 de março de 2010

Como anda a sua vida?


Quantas correntes suportamos, para nos sentirmos seguros? Precisamos mesmo nos sentir seguros, ou devemos ousar?

Para nos sentirmos seguros, basta fazermos tudo aquilo que já fazemos, e bem... O mesmo tipo de trabalho, as mesmas conversas, com as mesmas pessoas que tanto conhecemos, os mesmos clichês. É tudo muito confortável e os riscos são mínimos. O mesmo relacionamento e as mesmas promessas..., as mesmas mentiras..., as mesmas perguntas, assim como as mesmas respostas.

Ousar, exige que soltemos as amarras, que rompamos os elos que nos prendem ao passado. Exige coragem e determinação; um descontrolado controle, que nos permita seguir uma nova onda; um turbilhão, que nos leve a outros universos..., a outras vivências. Isso jamais nos tornará rebeldes, mas sensatos, irresponsáveis, mas visionários, ao escolhermos por não morrermos em conta gotas, e não esperarmos, mas sim fazermos acontecer.

Tenho experimentado muitos rompimentos em minha vida, e guardado muito boas experiências, com sucessos e fracassos; incontáveis ganhos e perdas, com muitos recomeços e novas escaladas. Paixões falsas e amores perdidos, assim como amizades, que vêm e se fortalecem, ou enganos que desatam. Uma inquietude tamanha, que me eleva às maiores impossibilidades e me permite voar.

Essas são minhas escolhas, e só minhas. Não uso, e jamais ousaria usar correntes, e aqueles que me conhecem bem, sabem, o que para mim é voar... Talvez esteja seguro e confortável, com a minha ousadia...

Como anda a sua vida?

Namastê!

domingo, 14 de março de 2010

A Letra - Todo o Sentimento

Todo o Sentimento
Chico Buarque / Cristóvão Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo  o sentimento
E bota no corpo uma outra vez

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu

http://www.youtube.com/watch?v=anFxDsg20KE
http://www.youtube.com/watch?v=FTLFj94gO1g&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=tI2UuoJ77ec&feature=related

sexta-feira, 12 de março de 2010

Felicidades...

derramei lágrimas pela tua felicidade
a louvar este dia, seu dia
assim como os demais dias
são todos dias seus

carrosséis de serpentinas, eu trouxe
assim como nuvens de confetes
com fantasias lúdicas
a enfeitar as suas verdades

ousei te lançar purpurinas, farelos das estrelas
só pra te iluminar
como se você não se bastasse
com o seu próprio e intenso brilho

com beijos ardentes e abraços apertados
a alegria de estar muito próximo a você
poder contemplar a tua beleza
e participar do seu universo

do teu sorriso, o alento
da tua paz, o aconchego
da tua fé, o amor
da tua energia, a vida

que Deus continue a te iluminar, pois você é uma pessoa muito importante, exageradamente especial....

quinta-feira, 11 de março de 2010

Recortes pitorescos da vida...


Na atribulada vida, a tênue lembrança dos bons e carinhosos momentos ao lado daquele, que havia sido seu grande amor. Ela se fora, assim como o pôr-do-sol, no intenso selar da noite que se fez vazia. Na ausência de luz, o negro dissimular dos sentimentos.

Ainda era cedo quando ela decidiu-se. Cedo para qualquer coisa, principalmente para o fim. Quando decidiu sair, colocou em sua mala de partida, precocemente, todos os penduricalhos que havia conquistado, sem reservas: amizades em construção, relações aparentes e cartuns apaixonados; ressentimentos e dúvidas; escolhas incertas. Na coragem, a covardia.

Aprendera em sua infância, lastros de família, que assim deveria ser: incólume, decidida. Rasgar a vida sempre que algo incomum lhe aparecesse. Extirpar do peito qualquer ameça. Apaixonar-se?... coisa de filme...; entregar-se?... presságio da dor; amar?... piegas! No alto da sua auto-suficiência, fechar as portas, e seguir..., não olhar para trás, jamais...

Nunca lhe faltaram amores, rodeios e galanteios. Sempre fora alçada com os mais altos elogios, justamente pelo seu carisma e expansividade. No íntimo, uma dor imensa, um vazio voraz, lâmina fria da sofreguidão. Fechara-se para as relações e para as pessoas, fechara-se para a vida. Seu aparente silêncio , e a pureza do seu olhar, escondiam um turbilhão de insatisfações, um contente descontente.

Quanto a amar, ou ao amor, desnecessário; secundo, amorfo. Conservar a si, lhe bastava, mesmo diante da dor. As lágrimas eram amparadas, assim como a solidão. Mergulhada na decepção, perdia-se nas ilusões e dissimulava..., enganando a si, e aos outros... Martírio incomum, fosso de decepções e ressentimentos, na impávida imagem feliz. Mais um recorte pitoresco da vida que segue, sem sentido...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Essas mulheres...

Não ouso descrever uma lágrima, um sorriso ou um beijo. Também não ouso descrever sentimentos, alegrias e tristezas. Um suspiro..., jamais ousaria descrevê-lo, assim como um carinho, uma carícia ou o gozo. Consigo sentir, isso sim, compreender o seu significado e isso tudo me ilumina. Agradeço muito quando acontece comigo.

Assim são as mulheres, sensíveis, capazes e belas. Ardentes, sonhadoras e seguras. Doces e enigmáticas, em uma dimensão rara, eterna. Não há como descrevê-las, somente admirá-las, sentí-las, e agradecer por elas estarem ao nosso lado.

Todos os dias são delas, o sol, assim como todas as noites, as estrelas, os jardins e as flores. Todas as verdades, os labirintos e os corações. Todos os sentidos e as razões, os quereres e a gratidão, pois elas são o mais puro amor!

Parabéns!

sábado, 6 de março de 2010

Confie em mim...


A hipocrisia
é a veneração fingida,
a apoteose da mentira,
e a glorificação da falsidade.

Bem vindos ao mundo real!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Coisas do coração...


raspei, do tacho do meu coração
toda a minha emoção
amplifiquei meus sentimentos
só pra me entregar, mulher


flores, cores e poesias
filosofia em versos
loucos sonhos e muito tesão
só pra te conquistar, mulher

o beijo, o carinho e a paixão
o aconchego nas noites intensas
o calor ardente dos corpos
só pra te venerar, mulher

o covarde desistir
a coragem de deixar
o calar das bocas sedentas
só pra te contentar, mulher

a saudade e as lembranças
a dor incessante da perda
o desprezo com a vida ingrata
só pra te conservar, mulher

terça-feira, 2 de março de 2010

O quanto estamos dispostos a pagar?

Idolatrar valores como coragem, persistência, perseverança, é sempre uma ação positiva. Ser otimista, levar adiante uma idéia para ser constante, ser firme, para que se tenha sucesso e se possa conduzir uma vida feliz. Nem sempre...

A vida nos remete seguidamente a tomarmos decisões, e exige que sejamos assertivos, sob pena de ampliarmos o nosso sofrimento. Seguir com um trabalho ou mudar? ... insistir com um grande amor ou deixar? ... perdoar um desenredo ou cultivar a mágoa? Qual dor é maior: continuar a sofrer pelos incessantes desacertos e frustrações, ou colocar um ponto final nas decepções, para que novos ciclos se oportunizem?

O que fazer quando o trabalho lhe encanta, mas não lhe deixa progredir? ... quando aquela amizade não ultrapassa as futilidades? ... ou, quando a pessoa que você tanto ama, e quer ao seu lado, não sabe o que quer? Seguir tentando, ou deixar?

A sensibilidade e a coerência devem nortear e sinalizar a hora de parar, de rever os planos. Morrer tentando é sofrer em demasia pelo querer; é obstinar-se a perseguir um objetivo sem olhar o quanto lhe custa... Sonhar, sonhar e sonhar...

Qual o preço que você está disposto a pagar?

Quantos cacos e retalhos suportam o seu coração?


Namastê!