domingo, 23 de dezembro de 2012

Deslizes



Faço de minhas palavras um emaranhado de nada, para que cada um saiba o quanto vale um lampejo de fatalidades. Toco na sanfona da minha vida um blá blá blá de descontinuidades, até porque desconexas são as mal dadas percepções, do fado doido ao realejo reluzente das estrelas...
Ainda hoje refleti sobre as minhas fragilidades, como se farto fosse o meu repertório de ilusões. Pus na gaveta das entrelinhas, um fardo imenso de arbitrariedades, para que se possam compor melodias de salão, a iluminar as fantasias dos desavessos.

Ainda que se julgue os mau tratos dos desamparados, há que se plugar no nervosismo  dos desocupados, pois da natureza vazia do nada brotam os miúdos floreios dos jardins abandonados. Assim navega a notoriedade, sem tanto ofuscar aquilo que mal se compreende.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Saudade



...tem gente
que nunca deveria desgrudar da gente
e feito chiclete, superbonder, ou algo colante
estar presente a todo instante
no corpo, na mente e na alma
é essa gente que me acalma
que me deixa sempre feliz
e é o que eu quero
e o que eu sempre quis...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Cadê?



deixo às estrelas a minha solidão
decadentes meteoros
restos de mobílias abandonadas
em rimas e casas velhas

deixo o tiro que me mata ao acaso
á loucura pacata
solfejos calados na escuridão
em murmúrios fanicos

deixo gotas de graça às almas boas
aos quatro cantos que me encantam
redondezas e abismos profundos
em síncopes humanas

Cadê?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eu Me Declaro




Meus atos falhos me diferenciam de você! Não que sejas perfeita, mas aos meus olhos sim, a perfeição. Fizestes de mim o espelho das tuas virtudes, pois a tua presença em mim deflagra encantamento, em claves de felicidades. Você me acalma e também me incandesce, pois és luz e estrelas, e és a razão desse meu louco amor e desse meu louco viver.

sábado, 10 de novembro de 2012

Cogito


 eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do possível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.


(Torquato Neto)


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Vagando

Não me recordo de noites bem ou mal passadas, dos dias de sol ou de chuva, do inverno ou de qualquer outra estação, dos ponteiros, e tampouco dos relógios. Esqueci-me da dor e das dádivas, das horas e das madrugadas, do brilho e do escuro, do riso e dos gritos. Mergulhado no sangue da hipocrisia, alerto ao ensaio das colombinas e mal combino o balanço sôfrego das flores selvagens e vermelhas, ao ingênuo palpitar dos soluços.
 
Não é saudável rasgar páginas da existência, pois os escritos nos encantam às beiradas. É preciso tocar os papiros ásperos, como se incandescentes fossem ao seu silêncio. Ouvir, então, o despojado desgosto daquilo tudo que nos alucina, para deixar, simplesmente deixar. Lembrarmos que as pupilas exaltadas sambam, ao não quererem entender os absurdos que nos são ditos, quando o são.
Ainda ontem, disse aos meus simplórios esquisitos que não queria mais entendê-los, pois a minha loucura não traduz o arcaico clamor dos vômitos da minha insanidade. Mesmo assim, resolvi olhar para o céu, a venerar todos os cruzeiros que nos insistem naquilo que mal sabemos, ou que nos induzem a acreditá-los. Sigo adiante, sempre, e os esgotos das inconsistências contrapõem o meu voar, pássaros da dúbia liberdade.
Deixo então, aos algozes das diferenças, pequenos borrifos de felicidades, caleidoscópios de sinceridade, meus mais doces olhares, como se Deus em mim reluzisse, a florir. Deixo meu beijo e meu encanto, meu carinho e meu abraço, meu aperto apertado em muitos afetos, além da minha alegria, sangrada de purpurinas sobradas das réstias de constelações... Quem sabe julgar uma escolha, saberá o que será de um pensamento?

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Lamento

Não mais me reconheço nas paredes da minh’alma como arte, mas sim como tinta ressecada e desgastada pelas virulências da vida. Atirei sobre o meu manto dourado as minhas angústias, a sufocar-me em meus sonhos, tal qual o pio sentido das engaioladas asas da liberdade. Hoje, respiro o suspiro dos tolos, como se de hipocrisia se alimentasse a esperança, e ainda assim, me julgo justo, ou justiceiro, das ambiguidades da insensatez.

 
Hei de morrer jovem, tolo e ignorante, alvo consciente das minhas inconsequências. Hei de matar inconscientemente cada resto de euforia que em meu peito vibrante habita. Hei de voltar antes mesmo de partir, de violentar em escolhas o tempo. Hei de estar sem estar, sentir sem sentir e deixar, por deixar.
 
Da pintura envelhecida, desgastada e desgastante do meu ser, hei de vomitar o último lamento nas mazelas do negro das incongruências. Dos cacos, adubar as lembranças, como em balaios das mais populares quinquilharias, e do pó, dissipar aquilo tudo que jamais fora compreendido, e que um dia o vento dos sentimentos haverá de compartilhar.

 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indestrutível


Nem bem te vi e te quis, e te quero, quero muito, do amanhecer dos sabiás, em cantos, aos encantos dos rouxinóis, do revoar dos pardais, ao repousar, em bando, das barulhentas andorinhas que em mim habitam. És tu, íntegro, o ensolarar das minhas manhãs cinza e a minha luz no escurecer tardio; minhas madrugadas silenciosas em meu peito vazio, ocaso das varandas que abrigam o meu coração vibrante.

Não são janelas que prendem e nem correntes que cegam, há um abismo quando as vozes se calam. Portas entreabertas com frestas a vista são barbantes imaginários dos caminhos obtusos da verdade, são incertas certezas. Uma entropia dominante que de tempos em tempos nos assola e de onde guardamos um néctar de felicidade ao esperarmos, então, um novo verão, que virá.

E, finalmente, quando nos despimos das ilusões e vaidades e deixamos a brisa mansa da licitude acariciar o nosso corpo nu, é que as portas reabrem, a dardejar o nosso destino. Então, pássaros invadem os nossos jardins e anunciam em claves de sol o ensolarar dos nossos desejos. É quando, sorrateiramente, percebemos o amor renascer em breves suspiros, timidamente, para então, em um turbilhão de emoções, revelar-se novamente grandioso em nossas vidas..., e enfim, indestrutível.   

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Desejos


Gosto de gente de sorriso fácil, de pão dormido e de chuva molhada. De muita luz, mas também do escuro, de flores e do som suave da música feita com paixão. Gosto de conversas bobas e de palavras sem sentido, de brincadeiras infantis e dos acasos do destino. Gosto de levar e de me deixar levar, de lembrar e ser lembrado, das histórias marcantes.

Gosto do respirar profundo e dos doces suspiros, de ser surpreendido e de surpreender. Do carinho dos animais, de cuidar e ser cuidado. Gosto de caminhar no outono e do farfalhar das folhas, do calor no inverno e do frescor no verão, do desabrochar da vida e do florescer da primavera. Da lua e do sol, das nuvens, do céu e das estrelas.

Gosto do amor, do abraço apertado e do beijo estalado. De estar sempre junto, da saudade e do reencontro. Gosto de torcer calado, das virtudes e acertos, da sincronia com a tua felicidade em meu peito nu. És minha segunda pele e gosto mesmo é de você, e de tudo que me proporciona. Do pulsar do meu coração, da emoção e do desejo, da intensidade e do simples afago, gosto de te sentir presente.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Anjos


Eu adoro as pessoas que sabem que fazem diferença na vida de outras pessoas, mas tímidas, ou reservadas, não demonstram abertamente seus sentimentos. Olham meio constrangidas ou cuidadosamente, torcem quietas, abraçam e beijam desconfortavelmente, mas de forma sincera. Não fazem questão de brilhar, pois entendem perfeitamente que cada um é a sua estrela. Tenho vários amigos e amigas assim, e muitas vezes assim eu também sou... Uma admiração velada, mas extremamente intensa e verdadeira!
                Essas pessoas são anjos, de quem nos lembramos sempre quando o nosso peito aperta e achamos que não existem saídas para os nossos infortúnios. São pérolas, raras e moldadas pela natureza, e que por alguma conspiração do cosmos as descobrimos, ou nos descobriram, e entraram em nossas vidas.  Passam a todo o momento por nós, como brisas suaves a acariciar os nossos rostos cansados e deixam um perfume de vitalidade, de paz, de esperança, e de felicidade!
                Meus anjos eu sei quem são, e no silêncio do meu mais íntimo altar os venero e agradeço muito, por fazerem parte da minha jornada.
Namastê!

sábado, 7 de julho de 2012

Chove Chuva



Frio e chuva sem um amor é dor. São lágrimas a encharcar o solo sagrado do coração, a frutificar a doçura de um novo e breve encontro. 

terça-feira, 3 de julho de 2012

Caminhos


Rasguei páginas do meu caderno de poesias, e pouco ainda há a retratar das minhas madrugadas vazias. Trago comigo os raivosos cães da minha anormalidade, como se fossem anjos do meu desconcerto, e enquanto espero do tilintar das mariposas a calma que me incomoda, mergulho no meu universo Platão de coisas, matérias e anti-matérias, a louvar as impertinentes escolhas em becos escuros. Na mais plena lucidez, ainda haverei de anular as minhas qualidades, e na imperfeição dos meus desejos, favorecer os meus erros, para então novamente me ver a sorrir, não do desprezo, mas das verdades.

domingo, 1 de julho de 2012

Desejos



imputo a ti meus desejos
tua pele, teus pelos, teu corpo
imputo a ti meus desejos
teus gestos, teus dons, teu cheiro

imputo a ti teus desejos
teus sonhos, tuas conquistas, o amor
imputo a ti teus desejos
o doce, o abraço, o colo

imputo a nós a razão
o medo, a distância, a dor
imputo a nós a perda
a vida, a solidão

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Vida!


Gosto de pessoas desarmadas, cuja única ameaça, e golpes que possam vir a me surpreender, sejam a vivacidade das idéias e a docilidade das intenções. Ainda assim, convivo com maiores e menores em quaisquer coisas, iguais e diferentes, geniais e imbecis. Ao final, mesmo desgostoso com os infiéis da alegria e pobres de emoções, acabo por aprender o quanto é bom não ser igual a eles, enquanto louvo a intensidade, mesmo das tolices, sem arrependimentos.

Percebo então, que pouco há a se ensinar, e que os exemplos são factóides dos nossos desejos e interesses, que da ingenuidade surgem as grandes modificações, pois lá não existem maldades, e que sofisticação é um infortúnio. Que a longevidade pode estar muito mais próxima do que pensamos, pois eternos são os momentos, os abraços e a calmaria que eles nos trazem, mesmo em lembranças, e digo sempre que o fato de estarmos respirando é uma intenção muito simplista para quem se dispõe a viver a vida, e ainda assim, a deixamos escorrer pelas palmas das nossas mãos.

sábado, 23 de junho de 2012

Desamor


Quando o desamor bate em nossa porta, nos sentimos impotentes, fracassados, amaldiçoados. É como se tudo conspirasse contra, e a nós restasse seguir, passo a passo, hora após hora e dia a dia, sem olhar para trás, a remoer aquilo tudo que um dia nos fez acreditar em felicidade.

É como se nos despetalássemos, jogando fora parte a parte daquilo que nos faz parte, para que possamos enfim aliviar a imensa carga de emoções que carregamos. Como se aquele ar que tanto respiramos nos sufocasse. Como se não nos bastássemos mais como somos. Como se não mais soubéssemos quem somos.

Estranhos ficamos, ao olhar dos próximos, quanto mais dos distantes. Isolamos-nos então, a digerir aquela dor intensa, indesejável, a nos maltratar insistentemente, pela culpa, pela decepção ou frustração. Rasgamos as cartas e jogamos fora as lembranças. Evitamos conversas e pessoas, cuidamos do nosso luto.

Por fim, jogamos as pétalas nos jardins da vida, frutificando esperanças em nossas almas, e pacientemente esperamos que algo novo aconteça, não pelo destino, mas porque somos merecedores. E refletimos então que tudo aquilo era preciso, para que nos tornássemos ainda mais capazes de seguir...

Namastê!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Verdades e Mentiras...


Não existem verdades absolutas, existem verdades, mentiras e o silêncio. Aprendemos com o tempo que o mais importante é sobrevivermos, e naturalmente nos foram proporcionadas possibilidades e escolhas, as quais nos harmonizarão maior ou menor conforto, ganhos ou perdas. Também nos foi facultado interferirmos nos destinos dos outros, levando-lhes um bem ou mal estar, ao usarmos as verdades, mentiras ou o silêncio.

Sem juízo de valores, desde cedo vamos aprendendo a fazer as nossas escolhas, através dos exemplos, das broncas e também das boas e más experiências, o que contribui para a formação e conformação do nosso caráter. Passamos a ouvir que uma mentira para o bem não faz mal, ou que às vezes o silêncio é melhor do que a verdade. Também, que existe o perdão para tudo e basta o arrependimento, o que nos permite não só invadirmos uma seara delicada, como nos conformarmos com as conseqüências.

Se formos verdadeiros ou não conosco, sofremos ou vibramos com as próprias vitórias e derrotas, e ninguém é responsabilizado ou culpado, além de nós mesmos. Podemos então tratar as causas, se assim julgarmos conveniente, e seguirmos as nossas vidas com tranqüilidade. Já, quando envolvemos outras pessoas, podemos causar euforias ou desastres maiores, pois por nossa influência aqueles tomam decisões, que podem ser felizes, ou irreparáveis.

Nem por isso a nossa consciência pode ser afetada. Mas é importante refletirmos sobre mentiras e verdades, e também sobre o silêncio, pois apesar de não sermos responsáveis, podemos ser culpados, e ao reconhecermos a culpa muitas vezes torna-se fácil sermos perdoados pelo outro. O difícil, para aquela pessoa de bem, é perdoar-se.

Namastê!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Amar


"De longe te hei de amar, da tranqüila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância"

Cecilia Meireles

Cadê!


Aderente ao meu, é o teu corpo, que não só me completa, mas me inunda, como se eu não me bastasse nas minhas coleções de fatalidades e desejos. As suas idéias são suas, e não me canso de vibrar com os seus sonhos e vitórias. Pensar em você, sempre, como se meu relógio contivesse somente segundos a desvendar a sua doçura. Acariciar-te então, tê-la em meus braços a contemplar o seu sorriso, é uma benção. A sua alma pura, repleta de intensidade me move, e assim, amar-te, não só faz parte do meu enredo, como rege o meu destino, a impulsionar o sangue que faz o meu coração pulsar.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Poesia


Ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga

ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa
(Paulo Leminski)


quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Letra - Casa Pré-fabricada


Casa Pré-fabricada
(Marcelo Camelo / Zé Pereira)

Abre os teus armários
Eu estou a te esperar
para ver deitar o sol
sob os teus braços castos
Cobre a culpa vã
até amanhã eu vou ficar
e fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim
qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais


Vale o meu pranto
que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela
primavera quer entrar
pra fazer da nossa voz uma só nota.


Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um canto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
que explique a minha paz
Tristeza nunca mais...


Los Hermanos 
Maria Rita
Roberta Sá

terça-feira, 29 de maio de 2012

Repositório

Nosso coração guarda toda a poesia que o nosso cérebro não compreende, ou faz questão de não decifrar!

O Amor em Areias Movediças


Todos somos escravos dos próprios sentimentos, a girar, cada qual, o seu caleidoscópio de emoções. Um emaranhado de sensações que faz com que nosso peito vibre intensamente a cada instante, a cada momento e nos direcione para a felicidade. Lembranças, sonhos e expectativas, realizações, adereços de vida, escolhas que guardamos com todo o cuidado nas prateleiras da alma, para que ao sacudirmos a poeira, possamos resgatar as licitudes dos bons, descartando as suas malevolências.

                           Ainda assim, protegemos nossos defeitos, pois aquela redoma que nos envolve, é a mesma que aos outros ilude, para que pareçamos íntegros aos olhares da hipocrisia social. Assim, nos é permitido enganar, mentir e até se vender, para conservarmos aquela imagem de bom samaritano, de confiável e coerente, ou mesmo para tirarmos proveitos, enquanto tapamos o ralo que nos envergonha, pela nossa incapacidade da plenitude.

                        “A tua piscina está cheia de ratos, tuas idéias não correspondem aos fatos”, mas o tempo não pára, e sempre existirá alguém disposto a pagar o preço da ignorância na direção contrária do seu próprio bem comum, mesmo que enganado. Maquia-se de tudo, então, e vendem-se ilusões, para então colher, na calma, alegrias, em areias movediças. No contraditório, basta colocar a cabeça no travesseiro a tentar dormir tranqüilo, acreditando na certeza de que para existir o bem, é preciso o mal.

Namastê!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tempestade


As manhãs têm sido difíceis, assim como as horas em meu relógio enferrujado, que custam a passar. Em silêncio, o farfalhar dos desejos a instigar a felicidade em claves de chuva. Um meio sem jeito de conduzir o vôo alado dos cavalos que tanto me inquietam e a vontade de nada, a estimular as conexões orbitais dos meus sentimentos. Não há menino dourado, não há menino, não há nada..., somente o negro das noites sombrias que me habitaram a alma. Há um eclipse em meu coração.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Fragmentos de Vida


Quantos fragmentos de vida guardamos em pequenos compartimentos da alma, e quanto deixamos? É como se em nossa seleção, separássemos aquilo que queremos bem conservar e aquilo que descartamos, mesmo que inconscientemente, fruto de vivências boas ou nem tão interessantes assim. Lixo do nosso lixo, dores de amores, perdas e ranhuras da vida - momentos que queremos esquecer, ou boas lembranças, que por alguma razão desejamos que a cada instante novamente nos invadam.

                São avassaladores os puros sentimentos, que mal conseguimos explicar o porquê desse turbilhão que nos move às realizações mais loucas e improváveis, mesmo com uma mente sã. As ações e reações, as palavras jogadas, e as construções dos labirintos que nos provocam a encontrarmos saídas para tudo aquilo que nos convém. Incapacidades superadas na realeza do nosso pulsar, no contraditório do impossível. Conexões e energias canalizadas para o nosso bem estar, mesmo que nem tão bem o sejam.

                Por mais que nos julguemos no controle, não há controle, diante da química que nos movimenta. Resta-nos guardar ou deixar, como mencionei no início, e é lá onde cultivamos o medo e a ousadia, fruto das vibrações e frustrações, sempre bem alimentadas pelo furor dos nossos desejos, pelas conveniências da sociedade, e pela aprovação daquilo que realizamos. Como se nos aplaudirmos ou nos recriminarmos não fosse o suficiente...

                E a felicidade? Ahhh essa tal felicidade..., pode ser conseqüência ou a razão dos nossos atos!!!


Namastê!!

sábado, 19 de maio de 2012

Adoro Você!


Ainda que duvide das tuas verdades, é no teu sorriso que repousa o meu encanto. O acaso tem me mostrado que o seu encontro não é somente luz, farelos de estrelas ou pétalas de rosas a indicar os meus tortuosos caminhos, mas afeto, e amorosidade. Aprendemos sobre o desapego e também admiração, sobre relações, ganhos e perdas, axiomas do viver. Ainda, que existem pessoas que de tão grandes que são, não cabem em seus próprios corações e transbordam aos corações dos outros as suas alegrias.

Lembrar de ti me fascina, assim como ouvir as suas amenidades. Ver-te então, faz com que minhas pernas estremeçam e meu coração acelere, e que todos os meus músculos da face se movimentem na mais perfeita harmonia, somente para retribuir o teu sorriso. Ahhh..., ponteiros da vida que não nos permitem voltar no tempo, pois hoje entendo as suas fragilidades e esse vulcão que te impulsiona, mas não seria justo voltar, pois a vida deve seguir o seu rumo, e assim estava escrito!!!

Fazer anagramas com o seu nome é uma diversão, assim como olhar a lua cheia do banco de praça, a desvendar que o seu lado escuro não é tão escuro assim. Que se deve cumprimentar os animais da casa quando se é visita, e compreender que um dia eles também irão nos amar; que vinhos são feitos para saborear noites encantadoras e que pileques valem a pena, quando bem acompanhados; que pode-se jogar qualquer coisa em uma panela cujo resultado deve ser abençoado; e que cada lágrima que derramamos tem um valor imenso, pois por trás, nos traz sempre uma história, alegre ou triste...

Por fim, que pessoas vêm e vão, e que na estação do nosso coração, os braços estão sempre abertos a palpitar e acolher quem de bem vier, partir ou voltar, pois distante e breve é essa nossa viagem. Que  saudades são boas lembranças contidas, e que devemos agradecer sempre às pessoas que nos envolvem, pois o reencontro com essas pessoas queridas não só nos faz pulsar, mas nos dá a certeza e a felicidade de que seguimos nos mesmos caminhos. Que maturidade é uma grande bobagem que inventamos para ocultar os nossos conflitos, que de amor se constrói as duradouras relações e que lealdade e fidelidade são valores essenciais nas grandes amizades, para que estas se perpetuem e sejam admiradas não só pelos outros, mas por nós mesmos.

Admiro e adoro você, muito!!!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Corações Alados


                São somente os corações alados que se atiram nos abismos da paixão, em vôos cegos a dilapidarem expectativas. Sentimentos nus, no vibrar dos dias intensos. É quando a solidão deixa de fazer sentido, e o ardor das asas, a flipar brisas suaves, acariciam rostos sedentos. 
                       Deixar morrer a dor é nobre, mesmo que ao acaso das intenções. É como sepultar aquilo de mais glorioso que cultivávamos e extirparmos da ferida toda mácula, por mais que ela ainda sangre. Há que se ter coragem para deixar, ousadia para voar e muito amor para entregar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Mercadores da Infelicidade


 É comum de se dizer nos dias de hoje, que algo não tem preço, ou mesmo que as facilidades para se conseguir algo são tantas, que aquilo se torna com muito pouco, ou quase, sem valor. Ou ainda, que tudo aquilo que você possui pode não mais lhe pertencer, pois estão em uma vitrine, para a cobiça de tantos. Uma dicotomia de entendimentos que se perpetua naquilo tudo que permitimos ou que julgamos entender.

Vivemos em um momento de difícil mensuração das coisas da vida, pois tudo aquilo que a nós tem um significado valoroso, aos outros talvez não, ou seja, pouco provável. A vida moderna nos encaminhou a precificar tudo, inclusive as nossas atitudes, palavras, amizades e intenções. Criamos então, um grande mercado com todas as suas benesses e vícios, e por onde circulamos, vamos despertando os desejos de alguém, sobre algo que nos pertença, e vice-versa.

Dessa forma, tudo se tornou comercializável, inclusive aquilo que nos determina. Do sorriso ao corpo, do prazer às alegrias, dos desejos aos valores, das relações ao amor. O marketing nos ensinou a maquiarmos os nossos sentimentos e embelezarmos a nossa alma, para então iludirmos outras pessoas. Aprendemos a fingir e enganar sem remorsos, a mentir sem culpas e a roubar felicidade. A suportar a dor e a crueldade da antirelação, simplesmente para participarmos de grupos ou comunidades. Viramos mestres em nos boicotar.

Enquanto a chama do “ter” nos invade, guardamos em gavetas escuras o nosso “ser”, para que o resgatemos sempre que insuportável for nos olharmos no espelho. Essa é a nova ordem, da qual todos, inescrupulosamente, aceitamos as regras. Como produtos, envelhecemos, e endurecemos os nossos corações, sempre na esperança de que alguém não perceba a nossa rigidez de emoções e nos aceite.

Namastê!   

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Expectativas


Quando a gente gosta e quer alguém, a vontade é de estar perto daquela pessoa, sempre que possível. Mas quando a nossa vontade de estar perto daquela pessoa, é bem distante da vontade dela de estar perto da gente, significa que ainda não caminhamos na mesma direção, e que talvez nunca venhamos a caminhar juntos, pois as nossas estradas não são as mesmas...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Passam os dias

Como não querer-te, se em mim habitas? Pele da minha pele, cheiro do meu cheiro, alegria dos meus dias, dor da minha dor, amor, intenso amor. Cansei de acordar ao longe, a lembrar-me de ti, desperta em meu peito vibrante. Cansei de chamar-te, em vão, a desejar o teu corpo nu a cortejar-me. Deixei de pensar no cio, e no ócio do gozo, na licitude do querer e na paz do teu abraço.

Hoje, tudo é loucura, e na ignorância das insanas madrugadas, acolher afetos, vomitar frases prontas colhidas do escárnio de qualquer sentimento vazio. Alçar às vertigens do álcool, da droga, da vida, da inquietude do desejo. No alto da paixão, dilapidar frases ao juntar letras e depreciar palavras. Tudo é válido, pois nada é real, são projeções distorcidas do viver. Ilusões, sonhos, e vôos no escuro. Ao acordar, nada...: nem lembranças, nem histórias, nem reflexões, nada... Um novo despertar obtuso, desnudo da sincroninidade das vontades, distante do bem querer.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Letra - Colorida e Bela

Colorida e Bela
(Jair de Oliveira)

Sonha demais e não vive
Pensa demais e não fala
Guarda demais e não cabe
Sofre demais e não grita

Ama demais e não dorme
Chora demais e não muda
Acha demais e não sabe
Muda demais e não gosta

Sorri de menos e assusta
Tão injusta
Precisa abrir a janela
A vida é colorida e bela

Anda demais e não para
Corre demais e não chega
Sente demais e não ama
Gosta demais e não deixa

Doa demais e não pede
Luta demais e não ganha
Troca demais e não serve
Dorme demais e não sonha

Sorri de menos e assusta
Tão injusta
Precisa abrir a janela
A vida é colorida e bela

Jair Oliveira e Pedro Camargo Mariano

Pedro Camargo Mariano

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Desamor

é preciso deixar o coração em brasas
a acalmar a paixão que nos incendeia
e no limiar dos acontecimentos
fluir amor
no fraternal dos nossos sentimentos
e na docilidade do abraço
acariciarmos o nosso peito cansado

é preciso deixar correr a vida
a brincar entre os jardins que deixamos de apreciar
e nos encantos de cada amanhecer
suspirar o novo
no pulsar das nossas emoções
e no desejo inquieto da felicidade
renascermos para o belo

é preciso deixar, simplesmente deixar
e por mais que nos custe o desapego
seguir em frente
sem nunca esquecermos
que tudo aquilo que nos comove hoje
fora um dia criado por nós
e que mais do que vítimas do nosso passado
somos protagonistas do nosso destino

sábado, 7 de abril de 2012

Término

Virgulas, virgulas, virgulas, e muitas virgulas... Nada de exclamações, e muito poucas interrogações. É ponto final!!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Amor e suas Razões


Sempre me transbordo na imensidão da tua luz, e míope de sentimentos, deixo escorrer pelas minhas mãos suadas o sangue que derrama meu coração doente. Ainda que cicatrize, será doente, pois não pulsa e não produz novidades, nada o encanta. Lembro-me de ti, mas das lembranças não se constrói o novo, somente do esquecimento. Mas como esquecer-te se teu cheiro me habita? Ausente, estás sempre presente em meus pensamentos, e trêmulo, me deixo invadir a todo segundo ao gozo, a remeter-me a tua geografia.

Derramo de mim toda a docilidade, ao depositar na escuridão das noites vazias a tua ausência. Fostes algo bom e ruim, cujo bom pouco me desperta, não me estimula e pouco gracioso é, é falso brilhante! Já o teu ruim esse me move, me surpreende e me instiga.  É ele que me impulsiona a querer-te, a adorar-te, por pior que o seja. Sofrer a gosto, não; maltratar-me, não; odiar-me, também não. É um outro olhar, um querer bem diferente de capricho, um querer muito, um acontecimento, um amor apaixonado.

Quem ama ou amou entende, sabe muito bem que quando as coisas acontecem em nossas vidas, não suportá-las seria loucura. Também sabe bem quem acontece em nossas vidas, e desprezá-las, também seria loucura. Fernando Pessoa escreveu: “Quando te vi amei-te já muito antes. Tornei a encontrar-te quando te achei.” É quando gente toca a gente, a nossa alma, e antes mesmo de tudo, já sabemos o que irá acontecer, pois já estava escrito.

Todos gostamos de amor, e com ele carregamos a dor. Quanto  mais afetuoso e acolhedor o amor, melhor; já a dor, se menos doída, também. Somos repetições de tudo aquilo que vemos, ouvimos, percebemos e sentimos. Somos reações e produtos de nós mesmos, de imagens, de coisas boas e ruins. Somos predestinados, e o nosso sofrimento eclode sempre que duvidamos, ou não aceitamos aquilo que nos é destino.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Encontro e Separação

Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.

(Rubem Alves – Ostra feliz não faz pérola / Editora Planeta do Brasil, 2008)