segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Crônica de um Sofrimento - Ato I

Mais um dia clareou e ela novamente não se deu conta de que as horas, os minutos e os segundos passaram, deixando somente as vivências. Os próximos, trarão novas chances para se dar sentido a todas as coisas trancafiadas nas gavetas da alma. Escolheu ficar, recolher-se, assim como tem feito nos últimos meses.

Cobrir o rosto com a fina manta acrílica e esperar, fechar os olhos para a vida. Como se as soluções para todos os seus problemas fossem surgir do nada, em toques de mágicas. Simples mágicas! Ainda prefere olhar a vida da cama, esquecendo-se, que da cama, ou do quarto, ou da janela, ou da porta para dentro, o mundo é muito menor do que para fora. Que as oportunidades estão lá, assim como as chances de ser feliz.

Falta-lhe energia, falta-lhe fé, falta-lhe coragem. Falta-lhe a humildade de segurar as mãos que lhe estão estendidas. Escolheu o lamento e a dor, e usa das suas últimas forças para negar, imputando àqueles que tanto lhe querem bem, uma culpa, um desvio, um pesar. Todos choram, baixinho, e escondem as suas lágrimas, pois entre a realidade e o glamour, não cabem sofrimentos, não os verdadeiros...

Resignação à conformidade. Foi deixando a vida passar e agora não se sujeita às suas contrariedades. Sofre..., solitariamente sofre, silenciosamente sofre, absurdamente sofre! Escolheu sofrer...

Uma espera dolorida e sem fim...

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