terça-feira, 6 de julho de 2010

Procissão


Deixei escorrer pelos sulcos das minhas mãos trêmulas , a   lucidez, a irromper minhas ilusões. Do frio dos meus sentimentos, a lâmina cega da dor mordaz, a inundar meu peito vazio. Por onde andará a juventude dos corações ardentes, a malícia ingênua da paixão, dos corpos quentes, acolhidos pela brisa das manhãs ensolaradas? 

Deixei entrar em minha vida a morte, a secar o pulsar das minhas veias. Amordacei os cães, e seus latidos cessaram. Cerrei as portas e janelas, e selei todos  os meus sonhos. Cravei em mim uma cruz de despedida, como destino vão. Em minha alma, o silêncio enfado e mórbido, um préstito a vagar sem rumo e sem luz, na podridão do tempo.

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