Flertei com pontos brancos de uma parede branca, e fiz um vôo pálido por um universo vazio. Sereno, como se nada almejasse, agonizei na solidão da minha própria ausência, repousei nas plumas dormentes dos pássaros perdidos e mergulhei em um mundo vão, ausente de emoções.
As margaridas murcharam, e as borboletas morrem a cada dia, pois cansaram de lutar, e já não mais alegram as madrugadas intensas. A luz se apaga, sem que o dia tenha amanhecido, e na ausência do luar, o negro da angústia ensandece a esperança. A noite tornou-se a sina, e o passar das horas uma tortura silenciosa.
Quireras de verdades, na soberba lucidez da minha própria alma, ainda que meus desejos frívolos inconscientemente reflitam a luz. Sei que tenho opções, e ao largo do jardim, gargalos generosos e insistentes não me deixam escolher o meu próprio destino. Em meu desgoverno, querem me guiar, como marionete que sou.
No hesitar dos sentimentos, o limiar da tristeza e da dor, ou a embriaguez do júbilo, na profundeza das palavras por onde se esconde o poeta. Ora embevecido de ternura, ora enraivecido de mágoas, no brilho da sua lâmina tênue, irradia vida e encanta, e no corte profundo, aflige cada momento, que é de cada um.
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