sábado, 11 de julho de 2009

Nós sempre pagamos a conta!

A Rua XV, em Curitiba é o grande exemplo de multiculturalismo da cidade, uma vez que trafegam por ela, diariamente, milhares de pessoas, atraídas por motivos diversos: profissionais, passeio ou lazer, compras, paixão. Brancos, afro descendentes, orientais, jovens, idosos, homens, mulheres, adultos e crianças, desempregados, trabalhadores, ricos e pobres... A foto que anexei nesta postagem é da janela do meu escritório em um dia de chuva. Sinto-me privilegiado e me encanta estar por ali.

Falando de pessoas e acontecimentos, fiquei bastante instigado a escrever algo sobre este tema, uma vez que dois jovens que caminhavam na XV, atrás de mim, conversavam indignadamente sobre a questão das quotas raciais nas universidades e não pude deixar de ouvi-los, mesmo que involuntariamente. Pela idade, acredito que devam freqüentar aulas em um cursinho e se mostravam preocupados com o futuro, com a competitividade, ao debaterem indignados e incluírem o assunto como prioridade, além de garotas, internet e games.

Dois pontos me chamaram a atenção neste episódio, que compartilho de forma breve a seguir:

O primeiro, que internalizei e refleti, é de que muito se fala da alienação dos jovens e de uma geração perdida, que está à margem dos acontecimentos da sociedade. Este exemplo mostra justamente o contrário - assuntos que os afetam diretamente, são de interesse deles, outros, talvez não. Carpe diem! Concluo este ponto com a afirmação de que o preconceito é nosso, e antigo, fruto do conflito de gerações. Todos também somos de certa forma alienados ao sermos comparados com gerações anteriores. Ou seja, não se podem comparar gerações usando marcos rígidos. Se o fizermos estaremos deixando de lado princípios da evolução e nos amarrando a um passado que não retornará nunca mais. Nostalgia pura! Retrocesso, também!

O segundo ponto, especificamente sobre as cotas raciais (ação afirmativa) para universidades, acho que não se pode deixar de admitir a existência de um passivo moral, que de alguma forma deve ser remediado. Respeito as opiniões dos outros, mas acredito que o modelo aplicado e a forma como o assunto foi empurrado “goela abaixo” da sociedade, não trará um desencadeamento a contento. Exemplifico com o simples fato de que não adianta ceder vagas na escola, sem um apoio didático, como materiais e livros, ou fisiológico, como alimentos, moradia e condições de vestimentas, entre outros. Esses fatores afetam diretamente na aprendizagem e na formação dos jovens, para que sejam capazes de se destacarem em um mundo competitivo. O problema é sistêmico!

No meu humilde entendimento, iniciar um programa especificamente para cotas às pessoas oriundas de escolas públicas, com um suporte financeiro através de fundos, para a complementação da educação, seria louvável. Só que este assunto, desta forma, mexe com as elites da sociedade, com instituições privadas e consequentemente interfere em uma seara financeira. Também, não esqueçamos que grande parte dessas instituições ou pertencem ou possuem influência de políticos.

Quero dizer, contudo, que uma vez mais assuntos de interesse da sociedade recaem nos políticos, cujo palco, há tempos, anda em crise em nosso país. Ainda, que a responsabilidade recai diretamente sobre nós, que infelizmente temos a incapacidade de escolhermos adequadamente os nossos representantes. Trocar os tapinhas nas costas, churrascos, cestas básicas, dentaduras, favorecimentos e tantos outros mimos, pelo nosso voto, nos custa caro!

Pense!

3 comentários:

Juliana Saito disse...

Armando,excelente tema.. Esta semana li na Gazeta do Povo uma reportagem dedicada a colocação de adolescentes negros no mercado de trabalho, proposta regida pelo Estatuto da Igualdade Racial.
Ainda assim, a raça sente na pele este preconceito, principalmente no que tange a aparência. Há aqueles que não acretitam na saída, outros a positivam. Para mim, tais soluções não provocam os negros a testarem a sua capacidade e sim facilitam. Pode ser bom, mas todo ser humano precisa fazer do mérito próprio.. Realmente é necessário abrirmos a mente e agirmos para uma solução sistêmica, para que a sociedade, na essência de seu significado, se faça por merecer. Bjs, Ju Saito

Armando Moreira Filho disse...

Olá Ju, que bom que voltou com seus inteligentes pontos de vistas.
Não se pode resolver por decreto questões históricas, boas ou ruins, resultantes de movimentos sociais, sadios ou nefastos.

Beijo!

Armando disse...

Olá Ju, que bom que voltou com seus inteligentes pontos de vistas.

Não se pode resolver por decreto questões históricas, boas ou ruins, resultantes de movimentos sociais, sadios ou nefastos.

Beijo!