quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sucesso?

Alguns dias atrás eu vi, adesivado no vidro traseiro de um carro, a seguinte reflexão: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Uma afirmação forte e verdadeira, a meu ver, que me fez refletir mais aprofundadamente sobre as relações entre homens e mulheres, do ponto de vista das expectativas, desejos e sonhos.

É sabido que, no Brasil, os divórcios aumentaram em 200%, segundo as últimas pesquisas realizadas pelo IBGE, e um em cada quatro casamentos fracassa. Também, que diversos fatores são elencados como possíveis causas de um rompimento, desde questões financeiras (principal causa) até a ideologia da liberação de homens e mulheres.

Tenho ouvido muito, frases do tipo: “ninguém é de ninguém”, “minha liberdade não tem preço”, “quero aproveitar a minha vida”, e me assusta a tranqüilidade com que as pessoas se posicionam assim, demonstrando uma imaturidade tão grande, que jamais poderia sustentar qualquer tipo de relação. Ao mesmo tempo, vejo homens e mulheres solitários, frustrados e muitas vezes desesperados, descrentes do afeto e do amor. São pessoas que passam pela vida, carregam e distribuem amarguras. Às vezes, fingem e enganam os outros, mas matam aos poucos aquilo que de mais importante lhes foi dado: a vida!

Não é necessário perguntar, basta olhar nos olhos de uma pessoa solitária e que se diz feliz assim, para entender que certamente ela oculta e guarda consigo, no fundo do coração uma mágoa e uma desilusão cruel, que lhe consome e lhe remete aos piores sentimentos e crenças. Ao distorcer a sua própria realidade, transfere, e racionaliza, para as plantas, animais ou para o trabalho o seu amor fraterno e incondicional. Faz um esforço para esquecer que estamos aqui para vivermos relações a dois.

Ao refletir sobre os casais, e o fracasso deles, não posso me furtar de abordar a dor e o sofrimento de um desamor. Por mais que se busquem justificativas, o sentimento de perda impele para momentos de resignação, difíceis de dissimular. Ainda mais se o rompimento for unilateral, e se o outro ainda guarda consigo expectativas, sonhos e um amor profundo, que tão cedo não irá se dissipar.

Por natureza temos o dom de ser feliz, cada qual ao seu modo, mas brindar o sucesso diante de um fracasso amoroso é no mínimo lamentável, para não se dizer vexatório e patético.

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