sexta-feira, 18 de setembro de 2009

No limiar das emoções...

O tempo sempre foi o responsável por curar feridas profundas, abertas em função dos relacionamentos frustrados, dos desejos traídos, da dor e da perda de um grande amor. Todos sabiam que isso iria acontecer, inclusive ele. Preferiu ignorar os fatos e fechou os olhos. Deixou que a vida seguisse, lhe levasse, alimentando um sonho arriscado, volátil, no emaranhado das inúmeras relações vazias que permissivamente lhe habitavam.

Julgou, que mais uma vez, mais uma, o amor lhe sorria, e foi dominado pela paixão! Como se lê em qualquer livro de poesias, paixão não impõe limites, surge, invade e rasga o peito. Impulsiona, impele ao coração uma música única, uma nota solitária e intermitente, um grito impetuoso, um mar revolto, que deflagra não só os desejos mais íntimos, mas cega a alma e desfaz a realidade.

Assim, partiu para conquista, fortalecido pela vontade sua de ter, de possuir, de entregar-se, por querer muito. Sem limites, inundado por um desejo absurdo, por uma paixão incontrolável, atirou-se de peito aberto, já que mal algum seria maior do que a ausência dela. A paixão, como o sentimento mais egoísta do ser humano, ignora o outro, pois no ímpeto, a si próprio basta para se obter felicidade. Já o amor, consolida, transforma os picos de euforia e deslumbramentos em satisfação e serenidade, os desprazeres em aprendizados e novas oportunidades. Dá sentido à vida!

Quando se quer muito, e algo se torna muito importante na vida das pessoas, conquista-se! Assim aconteceu com ele..., trouxe para o seu lado, o seu bem mais precioso, fruto dos seus incontáveis sonhos, dos seus incontroláveis desejos. Acolheu-a em seu peito e deleitou-se. Lambuzou-se, e seus olhos dilatados pela adrenalina da paixão e pelo êxtase das emoções, se acalmaram. Por alguns instantes teve a certeza de que a sua vida tomaria outro rumo, a dois, construída com cuidado para que fosse eterna, tal qual o filme que passara em sua mente infinitas vezes, desde a primeira vez que a vira.

Puro engano! A frágil construção ruiu, tal qual castelos de areia, ou cartas de baralho em brincadeiras infantis. A inseguraça e o medo emergiram de forma irascível, e dominaram a relação. Ela nunca estivera com ele. Matou-se a paixão e o carinho, suprimiu-se os desejos. A dúvida, dissipou a confiança, e o amor morreu. Da admiração, nada! ...nem mesmo uma amizade, pois a brutalidade do rompimento corroeu a relação. Da paixão audaz, mágoas e ressentimentos.

De volta à razão, restos de uma bela história. Pequenas lembranças a serem esquecidas. Tristezas a serem diluídas nas possíveis novas experiências. Uma saudade fugaz e uma amargura, nódoa da alma marcada. Expectativas enterradas e no limiar das emoções, opostos. Novas relações vazias...

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