
"... a morte é anterior a si mesma. Ela começa muito antes, é toda uma luminosa e paciente elaboração."
Nelson Rodrigues
O expectorante da alma são as poesias e as estrelas, os amores e as paixões, as amizades e os momentos. Sempre que resolvi comer giletes, sonhei com atrocidades, e ao engolir girassóis, plantei um universo de vagalumes a iluminar minhas noites dispersas. Esse desejo louco e a minha sede de amor, ainda haverão de matar e de enterrar o meu sorriso!
Deslizes são desencontros de expectativas, os quais frustram um desejo explícito de se vivenciar algo. Tal qual uma flor, que ao deitar ao solo antes da hora nos entristece, e nos remete à reflexão do cartesiano mundo que atribuímos a nós mesmos e cujas inflexões de ordem nos espantam. Deslizes são alertas para a vida, que pode seguir outros rumos, muitas vezes distantes do nosso domínio e dos nossos sonhos. Podem ser oportunidades, renascimento e glória.
Alguns dias atrás eu vi, adesivado no vidro traseiro de um carro, a seguinte reflexão: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Uma afirmação forte e verdadeira, a meu ver, que me fez refletir mais aprofundadamente sobre as relações entre homens e mulheres, do ponto de vista das expectativas, desejos e sonhos.
O tempo sempre foi o responsável por curar feridas profundas, abertas em função dos relacionamentos frustrados, dos desejos traídos, da dor e da perda de um grande amor. Todos sabiam que isso iria acontecer, inclusive ele. Preferiu ignorar os fatos e fechou os olhos. Deixou que a vida seguisse, lhe levasse, alimentando um sonho arriscado, volátil, no emaranhado das inúmeras relações vazias que permissivamente lhe habitavam.
O desconhecido me fascina, assim como, a muitos. Percorrer caminhos obscuros, onde a mística permeia a realidade e nos projeta a planos ocultos, é no mínimo instigante. Percebo que muitas pessoas seguem piamente ancoradas nas orientações de signos, astros, números, entre outras leituras. Alguns, incrédulos, lêem também, e apesar de duvidosos, simpatizam com as mensagens positivas que os estudiosos projetam e assim, se sentem estimulados.
No berço das nossas emoções repousa um gigante, que pode nos impulsionar aos mais ousados saltos, desde que consigamos acordá-lo. Decidir por nós mesmos, muitas vezes nos atormenta, uma vez que, acolhidos no comodismo, ficamos à espera que algo de melhor nos aconteça, apesar de nós. Melhor assim..., é mais fácil!
O Brasil realmente é um país de extremos, e por aqui podemos observar os maiores distanciamentos e desigualdades: da escassez à abundância, da pobreza absoluta à riqueza e ostentação, do analfabetismo às mais altas graduações acadêmicas, da injustiça a um dos maiores sistemas legislativos e judiciários do mundo, do fracasso ao risco do sucesso. Viver por aqui exige muita persistência e jogo de cintura, ao menos para as pessoas que escolheram participar e ajudar a construir um país com tantas diversidades.
Ontem conversava com uma pessoa muito querida, a qual conheci há pouco tempo, mas que temos demonstrado muita sintonia. Entre os assuntos, permeou os “toques da alma”, e de que maneira somos influenciados em nossa vida, físico e emocionalmente, por nossa alma. A conversa foi ótima, apesar de inconclusiva, na medida em que cada um possui entendimentos com relação ao seu etéreo significado, de acordo com as suas experiências e vivências.
Quantas explicações precisamos dar..., quantas respostas? As coisas vão acontecendo e muitas vezes não conseguimos justificar os nossos atos. Cheguei tarde, não porque quis, mas porque aconteceu... Faltei com os outros, ou mesmo comigo, faltei! Disse tudo aquilo, sem pensar, disse... Quis que as coisas fossem assim, e elas são!