sábado, 8 de maio de 2010

Indivisíveis

Ainda que não queiramos admitir, para que não se possa questionar, existem coisas, pessoas ou situações que são inseparáveis. Desuni-las, parti-las ou divorcia-las, não faz nenhum sentido. Querer impor-lhes discórdia, infeliz...; desagrega-las, somente sobre protesto, mesmo que velado, sangrado na dor da incoerência.

Arroz sem feijão, queijo sem goiabada, plantas sem flores, toalhas sem amaciante, beijos sem tesão, ruiva sem olhos azuis, filmes sem emoção, amor sem paixão. Trabalho sem desafios, sorrisos sem encantos, chuva sem molhar, música sem tocar. Carinhos sem se doar, afeto sem querer bem, sexo sem sentimentos. Olhar sem ser verdadeiro, amizade sem cumplicidade, beliscão sem dor. Crianças sem sonhos e adultos sem ilusões, romances sem decepções. Lágrimas sem rancor, dor sem ressentimentos, vinho sem rolha de cortiça, procura sem cobiça, delírio sem vertigens. Desejos sem vontades, namoro sem amizade, telhado sem calha, praia sem areia, carro sem som, som sem acordes, acordar sem despertar. Viagem sem destino, aniversário sem parabéns, casa sem jardim. Anne sem a Ilha e sem Kauan, Valério sem Ana, Ana sem a escola, a escola sem criatividade, criatividade longe do Rubinho, Rubinho sem a Andréa e longe do Rubão, sem as filhas e sem a Sandra. Sandra sem Rubão e longe dos seus cachorros e dos amigos, amigos longe do bar, bar sem a Ju, Serginho, Duda, Bueno, Lara, Fabiano, Mano, Pierre, Bráulio e tantos outros.

Não há encontros sem destinos, pois nos encontros laços se firmam, e se fortalecem, histórias são escritas. Nos vínculos o carinho e a afetividade, e a certeza de que indivisíveis são as relações, no desejo e na memória.

4 comentários:

Juliana Saito disse...

Belo post Armando! E de muita sensibilidade.. Beijo, Ju Saito

Rubão disse...

Grande Armando
Como sempre uma observação sensacional do mundo e da vida.
Só me permita fazer uma pequena complementação:Todos... amigos,bar,amores sem Armando ficam pobres e tristes.
Como você mesmo disse, nos encontramos por destino e nossos laços ficaram tão fortes que ao olharmos para o lado no faz falta sua presença.

Ana Paula Dacota disse...

Nossa, que post lindo! Adorei a parte: "Valério sem Ana..." Rs...Realmente, não consigo me imaginar sem Valério e acho que nem Valério consegue se imaginar sem Ana...E nós não conseguimos nos imaginar sem vocês, nossos amigos...Bjs! Adorei o post!

Armando disse...

Traçamos os nossos planos de forma cartesiana, e inocentes, esquecemos que a vida nos remete às surpresas, aos desafios e aos encantos. Estamos por aí com o bojo lotado de vivências e de emoções.Um lastro de pequenas conexões que constroem a nossa vida!
Estamos todos por aqui, ou por ali, sedentos de desejos e novos encontros...
Um beijo e obrigado por estarem por perto!