quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Os donos do mundo...

Às vezes penso que a falta de surpresas em nossas vidas, transforma nosso cotidiano em uma chatice. Acordar e ter o dia planejado, e saber que todas as coisas acontecerão, se não exatamente como desejamos, muito próximas daquilo que queremos, é no mínimo entediante. Diariamente, ouvimos especialistas nos orientando para planejarmos nosso futuro, nossas atividades, nossas ações, nossos modos, nossas falas, nossos ritmos..., ufa..., que saco!

Será que essa é a chave para a felicidade? Seguirmos regras e esperarmos que obtenhamos os resultados como desejamos, ou devemos ousar, estimular a criatividade, experimentar? Precaver-nos dos sofrimentos, nos abstendo de viver emoções, ou dar-nos a oportunidade para rirmos ou chorarmos? Guiar-nos pelas conveniências ou pelos nossos sentimentos?

Nas minhas reflexões tenho me certificado, cada vez mais, do quanto detesto o cartesiano e adoro o caórdico. Isso me remete aos tempos de criança, onde tudo era uma aventura. Sair de casa para qualquer lugar, cada situação era um novo momento a ser vivenciado. Um universo a ser explorado. Tomar banho de chuva e sujar os calçados de lama; admirar a natureza, a rua, os carros, as lojas, as fachadas, as pessoas... Divertir-se. Brincar com a vida, viver a vida...

Hoje somos carrancudos, preocupados demais, e com inúmeras responsabilidades. Crescemos. Queremos salvar o planeta, mas nem a nós mesmos estamos salvando. Não entendemos ainda, que cosmos é esse que nos habita e muito menos como nos relacionarmos com o universo das outras pessoas, mas queremos influenciar os outros, convencê-los das nossas verdades. Falta-nos humildade, compaixão, solidariedade. Falta-nos entendimento e compreensão. Falta-nos amor.

Ainda assim, nos achamos auto-suficientes, e em nossa visão míope e egoísta, nos sentimos os donos do mundo, à espera que alguém nos dite ou nos diga como nos sentirmos e como agirmos. Demos nomes, preferências e prioridades às posições sexuais, assim como às posições na sociedade. Criamos ritos que nos habilitam a sermos melhores ou piores, assim como estabelecemos os pedigrees aos cães. Desfilamos estilos, destilamos preconceitos. Alimentamos-nos do próprio veneno e consumimos nossa alma. Somos escravos das nossas próprias limitações.

Infelizmente...

3 comentários:

Juliana Saito disse...

Oi Armando, gostei muito do seu post. Inclusive, em um dos meus últimos momentos introspectivos vim pensando sobre os benditos padrões, que supostamente levam as pessoas a terem uma vida mais saudável, feliz e próspera; ou porque planejaram, ou porque acreditaram muito, ou porque só trabalharam a vida toda, ou porque tiveram medo de arriscar, ou porque foram superprotegidas, ou porque só fizeram as coisas certas, etc.
Resumindo a novela, me parece que a grande maioria esqueceu de viver...
Criou-se um quadrado protetor, que abraça o comodismo e cega as pessoas para a vida.
Eu prefiro mais é viver do meu jeito: semeando acontecimentos!
Beijo, Ju Saito

Lia disse...

Verdadeiro...

Mas triste!

Forte abraço!

Armando disse...

Oi Ju, tenho acompanhado uns posts seus e a reflexão nos ajuda não só a seguir adiante, mas também a abrir novas possibilidades.

Olá Lia, seja bem vinda!!

Um grande abraço!!!