terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Janelas Abertas...

Há algum tempo, minha amiga Juliana, em seu blog (www.juliana-saito.blogspot.com), inseriu um post onde refletia sobre a experiência de observar da sua janela, um garoto que passava dias e noites na janela de seu apartamento, observando, e talvez refletindo sobre a vida, desejos e anseios. Foi em um período de férias, final do ano, e talvez solitário, carente, à espera que algo de novo o motivasse, ali permanecia, alternando entre as janelas da sala, quarto e banheiro, com seu olhar vazio.

Gostei muito da sensibilidade e do momento, e imediatamente mergulhei na fantasia da experiência e do acontecimento. Embrenhei-me na reflexão sobre as janelas para a nossa vida, que ousamos abrir e olhar, mas que não ousamos atravessar; nos desejos e fantasias que não empreendemos; nos receios e medos implícitos, e nas barreiras imaginárias que impomos a nós mesmos, e não nos atrevemos a transpor.

O mundo, da janela para fora, é infinitamente maior do que da janela para dentro, mas assim mesmo nos agarramos no conhecido, no que é seguro. Assim, andamos em turmas, freqüentamos os mesmos lugares e viajamos para destinos sabidos. Adotamos experiências de outros, quando nos recomendam, e seguimos na linha. Quase sempre acertamos, pois ninguém gosta de errar. O desconhecido pode ser um perigo, não precisamos ousar...

Dessa forma, vamos nos limitando, segregando aos outros e a nós mesmos. Criando rótulos e nos reduzindo. Adotando manias e nos igualando. Vamos ficando chatos, ou bonzinhos, como nossos pais, preconceituosos como nossos amigos, e renitentes, inflexíveis diante do novo. Confundimos a adoção de bons exemplos, com a simples replicação, e perdemos a oportunidade de crescermos e ajudarmos os outros a crescerem.

Na medida em que esquecemos, que cada experiência é única, e estamos aqui para vivenciá-las, que cada desejo é construído a partir dos nossos anseios e necessidades, e não os realizamos, que sonhamos os sonhos dos outros, enquanto limitamos os nossos, ficamos, simplesmente, observando, com olhares vazios, incapazes. Abrimos, timidamente, as janelas para as nossas renúncias e frustrações e as fechamos para a vida.

2 comentários:

Juliana Saito disse...

Oi Armando, que bacana ver que minhas reflexões inspiraram as suas! Tbém gostei do seu post. É um tanto verdadeiro... Um beijo, Ju Saito

Unknown disse...

Devemos lembrar todos os dias que a vida é uma só e que passa rápido demais para ficarmos nos escondendo atrás do medo.