terça-feira, 15 de maio de 2012

Mercadores da Infelicidade


 É comum de se dizer nos dias de hoje, que algo não tem preço, ou mesmo que as facilidades para se conseguir algo são tantas, que aquilo se torna com muito pouco, ou quase, sem valor. Ou ainda, que tudo aquilo que você possui pode não mais lhe pertencer, pois estão em uma vitrine, para a cobiça de tantos. Uma dicotomia de entendimentos que se perpetua naquilo tudo que permitimos ou que julgamos entender.

Vivemos em um momento de difícil mensuração das coisas da vida, pois tudo aquilo que a nós tem um significado valoroso, aos outros talvez não, ou seja, pouco provável. A vida moderna nos encaminhou a precificar tudo, inclusive as nossas atitudes, palavras, amizades e intenções. Criamos então, um grande mercado com todas as suas benesses e vícios, e por onde circulamos, vamos despertando os desejos de alguém, sobre algo que nos pertença, e vice-versa.

Dessa forma, tudo se tornou comercializável, inclusive aquilo que nos determina. Do sorriso ao corpo, do prazer às alegrias, dos desejos aos valores, das relações ao amor. O marketing nos ensinou a maquiarmos os nossos sentimentos e embelezarmos a nossa alma, para então iludirmos outras pessoas. Aprendemos a fingir e enganar sem remorsos, a mentir sem culpas e a roubar felicidade. A suportar a dor e a crueldade da antirelação, simplesmente para participarmos de grupos ou comunidades. Viramos mestres em nos boicotar.

Enquanto a chama do “ter” nos invade, guardamos em gavetas escuras o nosso “ser”, para que o resgatemos sempre que insuportável for nos olharmos no espelho. Essa é a nova ordem, da qual todos, inescrupulosamente, aceitamos as regras. Como produtos, envelhecemos, e endurecemos os nossos corações, sempre na esperança de que alguém não perceba a nossa rigidez de emoções e nos aceite.

Namastê!   

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