É comum de se dizer
nos dias de hoje, que algo não tem preço, ou mesmo que as facilidades para se
conseguir algo são tantas, que aquilo se torna com muito pouco, ou quase, sem
valor. Ou ainda, que tudo aquilo que você possui pode não mais lhe pertencer, pois
estão em uma vitrine, para a cobiça de tantos. Uma dicotomia de entendimentos
que se perpetua naquilo tudo que permitimos ou que julgamos entender.
Vivemos em um
momento de difícil mensuração das coisas da vida, pois tudo aquilo que a nós
tem um significado valoroso, aos outros talvez não, ou seja, pouco provável. A
vida moderna nos encaminhou a precificar tudo, inclusive as nossas atitudes,
palavras, amizades e intenções. Criamos então, um grande mercado com todas as
suas benesses e vícios, e por onde circulamos, vamos despertando os desejos de
alguém, sobre algo que nos pertença, e vice-versa.
Dessa forma, tudo
se tornou comercializável, inclusive aquilo que nos determina. Do sorriso ao
corpo, do prazer às alegrias, dos desejos aos valores, das relações ao amor. O
marketing nos ensinou a maquiarmos os nossos sentimentos e embelezarmos a nossa
alma, para então iludirmos outras pessoas. Aprendemos a fingir e enganar sem
remorsos, a mentir sem culpas e a roubar felicidade. A suportar a dor e a
crueldade da antirelação, simplesmente para participarmos de grupos ou
comunidades. Viramos mestres em nos boicotar.
Enquanto a chama
do “ter” nos invade, guardamos em gavetas escuras o nosso “ser”, para que o
resgatemos sempre que insuportável for nos olharmos no espelho. Essa é a nova
ordem, da qual todos, inescrupulosamente, aceitamos as regras. Como produtos,
envelhecemos, e endurecemos os nossos corações, sempre na esperança de que alguém
não perceba a nossa rigidez de emoções e nos aceite.
Namastê!
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