sábado, 5 de dezembro de 2009

Licitudes!

Sempre soube que nem toda licitude faz bem a si, ou aos outros, mas assim mesmo decidiu levar adiante um dogma, e tornou tudo factível. Diante dos nós que decidiu desatar, ao querer se libertar, aceitou, soprou o pólen da vida para longe e entregou-se. Vida que já não o contentava, que não mais o pertencia.

Desde que ela sumiu da sua vida, uma semente foi plantada em seu peito, e ele decidiu morrer. Prometeu para si, que não deixaria o tempo dominar o seu destino. Prometeu transigir, tanto o quanto necessário, para suprir de negro o vazio da sua alma. Prometeu não causar dor maior, chorar, ou se lamentar. Prometeu morrer; desapercebidamente morrer.

Ao delimitar seus passos, construiu um plano perfeito. Elevou-se, e transferiu para o seu personagem a alegria que costumava dividir. Continuou a contar histórias e escondeu as verdades. Sepultou-se. Enterrou os próprios sonhos, deixando que as coisas simplesmente acontecessem. Multiplicou em si uma dor tamanha, só sua..., e por mais que quisesse ou tentasse comparti-la, era somente sua.

Desde então, tem vagado por aí, procurando um grande encontro, que certamente virá, mas tarda. Envenena-se e potencializa o louco de si, extrai o essencial do próprio néctar, e o dissipa. Conta o seu tempo de horas mortas e despede-se, a cada olhar, a cada sorriso e a cada beijo. Abstêm-se das próprias raízes, e seca seu caule, desfazendo-se das folhas, das flores e dos frutos. Tudo na mais plena e pura licitude.

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