terça-feira, 24 de novembro de 2009

A vida que segue...

Mais uma vez ele acordou cansado, como se tivesse ficado por toda a noite atento, à espera que estrelas cadentes lhe permitissem um pedido, ou ao menos que sinalizassem uma nova era, de paz e de tranqüilidade. Por mais que pensasse no futuro, as boas lembranças não lhe deixavam esquecer o passado, e os dias maravilhosos de paixão e agora de ressentimentos, ainda o sufocavam e o inundavam, empobrecendo a sua alma.

Aniquilado em suas emoções, deixou que o dia tomasse conta do seu destino e vagou..., na esperança de que algo de novo, lhe fizesse reascender aquele brilho intenso em seu olhar, o qual tantas vezes iluminou não só a sua vida, mas a de todos que o circundavam. Difícil livrar-se das amarras, mesmo quando muito se quer, pois existe algum significado para a relação, um intenso amor se perpetua, ao léu.

Ao notar que estava em uma segunda-feira, traçou novas metas e planos, e mergulhou no trabalho, como uma forma de entreter-se com outros assuntos, tentando esvaziar, então, o seu peito, das angústias que o afligiam. Segundas-feiras são marcos na vida das pessoas, por trazerem aquela sensação de reinício. Assim, uma nova jornada dolorida e silenciosa fora iniciada, tal qual um rito de autoflagelo, em mais uma tentativa de conter os seus sofrimentos.

Ainda que a dor fosse exterminada, com essa voraz atitude, restavam-lhe ainda as lembranças, bens pessoais e situações únicas, cuja destinação também precisaria ser deflagrada. Como esquecer o romance e os beijos acalorados, os presentes trocados e os toques no coração? Como apagar a imagem dela, seu sorriso, seus trejeitos? Como esquecer o seu cheiro? Como...?

Sem olhar para trás seguiu, fingindo que os seus dias se mantinham coloridos, que a intensidade do sol acalorava o seu destino, que as coisas estavam bem. Retirou seus papéis, manteve sua rotina e seguiu. Cumprimentou as pessoas e participou das suas atividades sociais como de costume. Encarou a semana, como nas últimas semanas. Fez de conta que tudo caminhava bem e simplesmente deu seqüência à sua vida sem brilho e sem graça...

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