terça-feira, 3 de novembro de 2009

Crônica do fim do amor!

Inexiste remédio que cure a dor da perda, pois as saudades aliadas ao amor perene inundam a alma, desencadeando um mar de sofrimentos. Tentamos nos socorrer com as boas lembranças, mas o fato de não estarmos perto de quem amamos nos traz a sensação de que estamos padecendo, partindo, com resignação pelas contrariedades da vida.

Naquela manhã, ele levantou mais triste do que o normal, por pressentir a partida daquela pessoa que ele tanto amava. Ao olhar-se no espelho, teve a certeza de que algo havia mudado, já que o brilho em seus olhos relutava em surgir. Ela se fora, e por mais que o tempo tenha se empenhado em curar as mágoas, o ressentimento e a dor o desafiavam, o deflagravam, o afligiam.

Muito tempo já se passara, e ele ainda guardava consigo as boas lembranças daquela relação. Despretensiosa relação, inexplicável paixão, rebento das similaridades, tal qual um vento brando e agradável que poderia soprar para sempre, e nunca fender-se. Um desejo incontrolável de estar perto, de construir os destinos, alçando-os à felicidade eterna.

As lágrimas foram poucas, como uma autodefesa do próprio organismo, ao poupar-se para suportar um longo período de sofrimento. As manhãs, as tardes e as noites, tornaram-se cinzas, e aquele cenário combinou com a apatia com que ele conduzia a sua vida. Deixou de se dar valor, de se cuidar, e talvez melhor fosse à morte, questionava-se insistentemente em suas reflexões.

Não mais perguntou, não mais ouviu falar, não mais lhe contaram. Desistiu, por cansar de sofrer, guardando para si uma impetuosa revolta, por não entender tal sórdido fim. Afastou-se e silenciosamente trancou as portas de seu coração, deixando inelutavelmente a vida seguir seu curso. Sem expectativas, sem grandes sonhos, sem planos, simplesmente deixou.

A vida dá um jeito na vida, ouvia dizer, e mesmo sem aprofundar-se nas reflexões, ainda acreditava que tamanha desilusão tinha um significado. Que tamanha dor, tinha uma razão outra. Que tamanha perda havia de ser reparada, pois sua trajetória não poderia ser frívola, por mais levianos que fossem os seus princípios, quando julgados ao olhar dela. Recolheu-se e sofreu calado. Guardou uma infinita tristeza, que não era sua, não era, merecidamente, sua.

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