sexta-feira, 22 de maio de 2009

Há um deserto em nossos corações!

O tema desta postagem me fez refletir profundamente sobre a luta silenciosa, interior e permanente das pessoas. Sobre o lado bom e o ruim, sobre a solidariedade e a ganância, sobre a desigualdade, sobre a manipulação, sobre o bem e o mal que habita os nossos corações.

Temos acompanhado atentos, ao processo recente de luta da ministra Dilma, diante de um câncer linfático, ou do vice-presidente José de Alencar, com sua coragem e otimismo diante das inúmeras intervenções pelas quais já passou e pelas que estão por vir. Sensibilizamos-nos profundamente com a situação, muito delicada, e torcemos por um bom final.

Elegemos Ana Maria Braga como um exemplo de superação, sobrevivente também de um processo agressivo de doença, e ficamos indignados por Luciano Huck, quando teve seu relógio Rolex, arrancado do braço, em um assalto em uma avenida de São Paulo. Para o cantor Valdick Soriano, já falecido, e que teve uma vida de louros e sucessos, fizemos campanha arrecadando recursos para que ele não passasse por situações mais difíceis ainda, depois de usufruir de tudo o que ganhou. O cantor Belo, preso por associação ao tráfico e agora em liberdade provisória, arrasta multidões para os seus shows..., sentimos pena e injustiça.

Por momentos, esquecemos que em um país em desenvolvimento, para não dizer pobre e desigual, como o Brasil, milhares de pessoas passam por situações similares, ou muito piores, sem o atendimento, a atenção e o acesso dos poucos. Morrem..., são violentados dos seus direitos, muitos sem saber, muitos sem poder. Esquecemos que isso existe, bem próximo de nós, às vezes ao nosso lado...

Não sei se isto é coisa de brasileiro, um coração mole, às vezes até demais, mas nos sensibilizamos com o choro de alguns políticos, ao se desculparem publicamente pelos seus roubos e falcatruas e os reelegemos como nossos representantes. Sentimos muito com a separação, por vaidades ou contratos publicitários, de um casal formado no Big Brothers, e assim corrompemos a família e os valores. Transferimos os nossos anseios para um trem fantasma com montanha russa em um parque de diversões falido e passamos a sonhar os sonhos dos outros.

Ao percebermos que as frustrações superam as expectativas o jogo muda e passa a valer de tudo, ou quase, e que às vezes esquecemos. A doce universitária rica que participou do assassinato dos pais, o intocável deputado embriagado que matou irresponsavelmente dois jovens, os jovens de classe média alta que incendiaram o indígena ou que faziam parte de quadrilhas de assaltantes, o famoso jornalista que assassinou a ex-namorada, o juiz de futebol que favorecia resultados, a criança que aos 12 anos de idade já possui mais de 10 passagens pela polícia. Realidades de um deserto que separa e une, de uma fronteira entre as flores e o abismo, no limiar e no fim dos pensamentos e das ações.

Onde queremos e onde iremos chegar?

2 comentários:

Rubão disse...

Grande Armando
Somos uma nação que critica as fraudes de nossos políticos mas não abre mão de achar uma boquinha que de algum tipo de privilégio.Criticamos o sistema desde que não estejamos incluidos no mesmo.Falar é fácil.Fazer o certo é que é muito mais difícil.

Armando disse...

Olá Rubão, assim somos coniventes com isso tudo? Como dar um basta?
Abraços!