quarta-feira, 14 de abril de 2010

A morte da vida...

A morte é o cessar da vida, o ato de morrer, o fim. O momento em que deixamos para trás planos e desejos. “A morte é um sono sem sonhos”, como dizia Napoleão Bonaparte. Um rompimento, uma tragédia, uma despedida. Faz-nos refletir, refletir e refletir, retomarmos momentos íntimos, únicos: “A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”, segundo Leo Buscaglia.

Nos últimos tempos, três amigos foram vencidos pela doença e partiram. Deixaram saudades, e uma imensidão de boas lembranças. Continuam vivos e pulsantes na minha memória, e o tempo nunca haverá de suprimi-los, o que me faz reflexionar, sem culpas, sobre o quanto mais eu deveria estar presente na vida das pessoas, e, mesmo inundado pelas vidas delas, o quanto mais eu poderia estar feliz pela convivência harmoniosa. Quão iluminados cosmos, somos nós?

A morte não é somente o fim do plano da vida, mas também o deixar morrer. O quanto nos distanciamos, e enterramos as nossas relações, nossos planos, o quanto negligenciamos quem nos quer bem. O quanto desistimos, pelas nossas vaidades e inquietudes, o quanto trocamos pessoas, tais quais bijuterias velhas, por simples deslumbramentos, ou por não precisarmos mais delas, o quanto deixamos... Eis que um dia aquela chama se apagou, pois deixamos de cuidar!

A morte não é a antítese da vida, mas sua simples continuidade. Na morte perpetua-se a vida, e a chama se mantém acesa, com altivez, enquanto permitirmos nos permitir. Chegada a hora da morte, encontra-se a vida, do tamanho e na intensidade de tudo aquilo que sempre quisemos, fruto das nossas escolhas. Pode estar iluminada por um infinito céu de estrelas, ou esquecida em um quarto escuro; repleta de gargalhadas, ou no silêncio mórbido dos nossos próprios atos...

“Temam menos a morte e mais a vida insuficiente”
Bertold Brecht

Namastê!

3 comentários:

Juliana Saito disse...

Sua reflexão é bastante interessante, pois me fez lembrar vários momentos que grande parte das pessoas com as quais convivo externalizou o quanto suas vidas são "insuficientes"... E pior, não sabem o que fazer para completa-la. Não acredito que muitos escolham conscientemente uma vida vazia, mas só se dão conta quando começam a perder demais, e ai, talvez seja tarde... Mas, talvez não! Parabéns pelo post. Bjs, Ju Saito.

Armando disse...

Olá Juliana, obrigado participar, e como anda a sua vida?
Beijo!

Juliana Saito disse...

Não me incluo no grupo daqueles que tem uma vida suficiente, confesso... Mas tenho vivido de tal forma que tenho conseguido me sentir viva! Beijo!