Para que as luzes novamente se acendam, é preciso deixar sangrar... É no negro pulsar das desilusões que a vida se refaz. É na reflexão que se reconstituem as esperanças. Não se coagula sentimentos, eles devem fluir, não se remenda as emoções, elas devem brotar. É como se quiséssemos curar a alma com analgésicos a esperar que o tempo acomode a nossa dor. Como se deixar, esquecer, ou fingir, cicatrizasse as nossas frustrações.
É duro levantar, e sair, com tantas correntes que arrastamos. A cada piscar, a cada pensar, inserimos uma nova carga sobre nossos ombros. Deixamos muito pouco pelo caminho e carregamos cada vez mais, como se capazes fossemos de carregar o mundo. Assim, deixamos de sonhar, pois quase não suportamos mais o peso dos nossos desencontros. Mas para que sonhar, se já temos tantas coisas para nos preocupar?
“Viestes do pó e ao pó voltarás”, preconiza a lei básica. Todos chegamos e partiremos deixando um legado de amor e de dor, de louros e desbarato, e entre o chegar e o partir cabe a nós dizermos para que viemos. Não é possível fecharmos os olhos para simplesmente fugirmos do belo ou do triste. É imprescindível ascendermos à nossa luz, para seguirmos iluminados. Mas nem sempre é agradável e por isso “é preciso deixar sangrar”.
Namastê!
Um comentário:
Repito aqui o que disse no face: às vezes são nos piores momentos de nossas vidas que escrevemos as coisas mais belas. Que a poesia suture as feridas do coração! (Pode até não suturar, mas pelo menos vale a tentativa...)
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