domingo, 17 de abril de 2011

Verdades...

Nos meus retalhos pouco resta, além de algumas quinquilharias sem valor. Deixei de acumular desejos para invadir minh’alma de vida. Catei minhas poucas verdades, e joguei no abismo as minhas ilusões. Cansei de ser eu mesmo e decidi desapegar-me. Resolvi que em meu peito deixarei pulsar aquilo que não me situa, aquilo que me confunde, aquilo que me desagrega.

Pintei as paredes do meu coração com um vermelho intenso, que sangra sem encharcar, e que imita o “Louvre” das minhas loucuras. Pintei, simplesmente pintei. Deixei que o psicodélico das minhas reações tomasse conta do meu destino, simplesmente deixei que tomasse conta. E então, não vejo mais..., enxergo! E entre pirilampos e cristais, vejo brilhar, aquilo que mais me eleva, ou que me comove.

Não quero falar de cores, tampouco do cinza da lua, ou do prateado céu. Hoje não me encanta o perfume, ou as flores, os sorrisos, ou abraços. Quero mergulhar no negro dos meus sentimentos, rasgar os meus sonhos, para então compreender qual a inconstância e dimensão daquilo que me move. Quero tirar os pés do chão e fluir, como se não mais fosse o dono das minhas arbitrariedades.

E enquanto ando por aí, percebo o quanto não sou aquilo que acho, apesar de acharem que eu sou, ou que às vezes eu mesmo ache. Lanço minhas palavras a reverberar gotas de ressentimentos e construo arquétipos a fantasiar as minhas virtudes. No despejar das minhas crenças, um algoz, a matar vagarosamente as minhas alegrias, e a sorrir, e a cada tiro de misericórdia, um renascer.

2 comentários:

Ana Paula Dacota disse...

Como vc escreve bem! Hoje não é o seu aniversário, mas tenho que te dar um sonoro PARABÉNS! Lindo post!

Armando disse...

Oi Ana, obrigado pela gentileza do elogio, e por estar por aqui...
Beijo!