quinta-feira, 30 de junho de 2011

Protagonismo


Algumas coisas me emudecem, como se em minha garganta repousassem nós, surpresas de um emaranhado indescritível de emoções. Sempre que os desato, aprendo com as suas nuances, sejam elas de dor ou de alegrias. Aquilo que me cala, e que me surpreende, às vezes me remete à dúvida, e muito me instiga, ao mesmo tempo em que me impulsiona, me reconstrói.

Esse cataclismo que provamos sempre que saímos do nosso conforto é o que nos alavanca, que nos move. Negar experiências não engrandece, destrói. Como construir um futuro sem um passado? Quem disse que o arrependimento é garantia de felicidade? A entropia que hora nos habita e que muitas vezes provocamos, é necessária para respirarmos, suspirarmos e seguirmos.

Ausência de emoções é água parada, não pulsar é não viver, não deixar viver. Por mais que me agrida a minha própria ousadia, que me remeta aos absurdos da obscuridade, não tê-la comigo é morte, lenta, segundo a segundo. É provar de um veneno nefasto, que me afunda, no lodo que eu próprio cultuei, naquilo que me deixei programar e manipular.

Morte ao rei, hora gritamos, e em rebeldia marchamos contra, sem ao menos notarmos a nossa majestade. Daí o nó que nos emudece, e que também nos engrandece, sempre que permitimos nos olhar. E assim vamos adiante, a esperar o próximo capítulo, sem ao menos darmos conta que somos os protagonistas da nossa própria vida, enquanto o tempo passa.

Namastê!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Coração Insano

Ainda que insanamente, ousemos conservar nossos sentimentos incandescentes, pois é no ardor dos corações que inflamamos o desejo de se seguir adiante. É por desejo que transformamos tudo aquilo que nos inquieta em movimento, e assim damos sentido àquilo que nos parece sem sentido. É preciso fluir, e o que nos consome também é o que nos move.

É necessário cuidarmos da alma para que ela esteja sempre leve. Deixar aquilo que nos revolta e insistir na calmaria. Branda é a vida que nos foi dada, mesmo que nos pareça extravagante. Talvez, por isso queiramos guardar nossas energias para somente dissipá-las diante daquilo que nos encanta, deixarmos para depois o que nos tumultua. O amor nos tumultua.

Redimir-se do amor é matar em si o entusiasmo da vida! Libertar-se, deixar no peito um vazio que nos conforte não é sinal de luz. Sábio é quem louva o amor, e  mesmo louco, segue puro, avassalador. E a alma, ahh a alma..., porque acalmá-la? Quem disse que libertar-se é o melhor caminho para se acalmar a alma? Quem disse que a alma deseja ser acalmada?

Namastê!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Carícias

É no acalanto dos meus versos que despejo todo o afeto que roubei para ti, para que então, nas horas em que teu peito apertar, possas sentir o toque suave desse amor eterno.  

É no acalanto dos meus gestos que canto, para que compreendas que é preciso pulsar,  e que palavras não ditas podem ser bem entendidas, pois nem sempre elas são necessárias.

É no acalanto dos meus sonhos que deposito todos os meus desejos, para que possa deflagrar em ti aquilo de melhor que guardo, a doar-me de alma livre diante do seu encanto.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Escolhas

Às vezes esquecemos-nos do sentido da vida, como se vendados estivéssemos, a nos sujeitar aos desejos do outro. Amputamos a nossa felicidade e doamos a melhor parte de nós, como se desejássemos frutificar aquilo de bom que queremos para nós mesmos. Enquanto cuidamos, deixamos, e muitas vezes as nossas escolhas nos custam o brilho do olhar.

Vamos deixando de lado os afetos e os amigos, pois não têm mais importância, apesar de estarem lá, torcendo por nós, assim como aquilo que nos traz prazer. Vamos deixando a poeira encobrir os nossos gostos, as nossas manias e as nossas viagens, como móveis antigos, simplesmente porque é necessário. Vamos deixando...

Um dia descobrimos que amamos muito outra pessoa e por deixarmos, esquecemos-nos de nós mesmos. E por tanto deixar, já não temos mais jeito de tratar muitas coisas. Ficamos ancorados em um porto seguro a olhar pela minúscula janela a imensidão azul. Depois, fechamos a janela e nos voltamos para aquilo que julgamos ser mais importante para nós, para então baixinho lamentarmos. 

Descobrimos então, que abrimos os olhos para o amor e os fechamos para vida, e ainda assim nos sentimos felizes, pois fizemos a escolha.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Cogito

(Torquato Neto)

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim

Cogito - Torquato Neto 

Cadê a Felicidade?

Quando os sonhos se esgotam, são as ilusões que se apoderam do destino das pessoas. Assim, no ímpeto de encontrarem a felicidade, racionalizam as frustrações e buscam desculpas para tudo aquilo que deixam de realizar. Vivem fantasias, contam vantagens, trocam a generosidade pela arrogância e ingressam em um universo perigoso, no limiar entre as mentiras e as possíveis verdades.

Namastê!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Letra - Caçador de Mim


Caçador de Mim
Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim