A inquietação dos corações inflamados nos impulsiona à paixão, e nos dá a certeza de que viver vale à pena. Existem muitas coisas que ninguém precisa nos explicar, e que não precisamos entender, pois basta estarmos de peito aberto e atentos, deixarmos a brisa suave do amor tocar com ternura as nossas almas, e sempre que nos permitirmos sentir, seremos elevados. Um alimento puro, insanamente puro.
Queremos respostas a toda hora, explicações, e ainda que não consigamos julgar os nossos próprios atos, aos gritos, arrombamos trincheiras e ousamos querer entender os elementos, as direções, os estados de espírito e o tempo, o outro. Tentamos exaustivamente exaurir do outro a sua chama, como se pudéssemos então, brindar à catástrofe da repulsa do sentimento humano.
No transitório de nossas vidas, justificamos e cobramos do outro aquilo que não somos capazes de dar, até percebermos que o desassossego implode a nossa própria felicidade e nos imerge às emoções negras da desilusão. Sofrimento de amor..., e o amor, de que vale? No turvo ácido das relações ele se perde, até porque o escondemos no movediço universo míope que construímos para nós mesmos.
Cansei do amor..., decidi por fazer da minha vida uma poesia a deflagrar esse fogo que me arde. Respiro o ar da sua essência, enquanto mergulho nas minhas fantasias. Ao aportar, a realidade me esgota e me submeto ao escuro das tentações, onde tudo se consome. Na decadência, a morte, para o renascimento, o desabrochar e a vida. Quem diz que o amor não corrompe? O amor nos faz viver, e também nos mata...