terça-feira, 29 de setembro de 2009


"... a morte é anterior a si mesma. Ela começa muito antes, é toda uma luminosa e paciente elaboração."

Nelson Rodrigues

Deslizes!

Deslizes são desencontros de expectativas, os quais frustram um desejo explícito de se vivenciar algo. Tal qual uma flor, que ao deitar ao solo antes da hora nos entristece, e nos remete à reflexão do cartesiano mundo que atribuímos a nós mesmos e cujas inflexões de ordem nos espantam. Deslizes são alertas para a vida, que pode seguir outros rumos, muitas vezes distantes do nosso domínio e dos nossos sonhos. Podem ser oportunidades, renascimento e glória.

Tentamos explicar os erros exaustivamente, como se não fosse possível errar. O mundo nos ensina a sermos duros. Aprendemos muito com os outros sobre os modelos de sucesso, mas pouco sobre os fracassos. Somos cobrados e rotulados como bons ou ruins, bem ou mal sucedidos. Supervalorizamos os desacertos e elevamos às frustrações tudo aquilo que não conseguimos realizar, mesmo as pequenas coisas. Assim, somos regidos pelo medo e pouco ousamos. Sepultamos emoções e cobramos auto-estima. Sentimos-nos impotentes e vazios e cimentamos nossos passos, diante das vicissitudes.

É preciso mudar..., e abrir a janela da alma exige coragem. Deixar entrar os bons ventos que nos impulsionam aos mais amplos desejos. Provar os saltos longínquos de uma vida caórdica. Não impor desinências aos sonhos. Acumular histórias e pintar a vida com um colorido tão intenso, que o cinza e o negro da melancolia não se atrevam a revelarem-se. Ousar, ousar e ousar...

Um olhar profundo para tudo aquilo que nos é essencial. Sorrir. Expandir as nossas virtudes e compartilhar os momentos com todos, por mais que estejamos enclausurados em nossos micro-mundos. Sermos protagonistas dos nossos destinos e influir, entusiasmar aquelas pessoas que ainda não perceberam o quanto somos capazes. Viver muito, viver e viver...

E quanto aos deslizes, são meros escorregões, descuidos, enganos, pequenos tombos. Assim aprende-se a caminhar, caindo.

Namastê!

domingo, 27 de setembro de 2009

A gente se acostuma!

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de Volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana. E se com a pessoa que a gente ama, a noite ou no fim de semana, não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.
Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Que amor é esse!

mesmo que eu não tenha
teu sorriso como alimento
viverei feliz
e o meu amor será eterno

e quando a saudade do inverno chegar
e eu em outra não encontrar abrigo
serei forte e não vou chorar
pois amar-te é meu maior incentivo



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sucesso?

Alguns dias atrás eu vi, adesivado no vidro traseiro de um carro, a seguinte reflexão: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Uma afirmação forte e verdadeira, a meu ver, que me fez refletir mais aprofundadamente sobre as relações entre homens e mulheres, do ponto de vista das expectativas, desejos e sonhos.

É sabido que, no Brasil, os divórcios aumentaram em 200%, segundo as últimas pesquisas realizadas pelo IBGE, e um em cada quatro casamentos fracassa. Também, que diversos fatores são elencados como possíveis causas de um rompimento, desde questões financeiras (principal causa) até a ideologia da liberação de homens e mulheres.

Tenho ouvido muito, frases do tipo: “ninguém é de ninguém”, “minha liberdade não tem preço”, “quero aproveitar a minha vida”, e me assusta a tranqüilidade com que as pessoas se posicionam assim, demonstrando uma imaturidade tão grande, que jamais poderia sustentar qualquer tipo de relação. Ao mesmo tempo, vejo homens e mulheres solitários, frustrados e muitas vezes desesperados, descrentes do afeto e do amor. São pessoas que passam pela vida, carregam e distribuem amarguras. Às vezes, fingem e enganam os outros, mas matam aos poucos aquilo que de mais importante lhes foi dado: a vida!

Não é necessário perguntar, basta olhar nos olhos de uma pessoa solitária e que se diz feliz assim, para entender que certamente ela oculta e guarda consigo, no fundo do coração uma mágoa e uma desilusão cruel, que lhe consome e lhe remete aos piores sentimentos e crenças. Ao distorcer a sua própria realidade, transfere, e racionaliza, para as plantas, animais ou para o trabalho o seu amor fraterno e incondicional. Faz um esforço para esquecer que estamos aqui para vivermos relações a dois.

Ao refletir sobre os casais, e o fracasso deles, não posso me furtar de abordar a dor e o sofrimento de um desamor. Por mais que se busquem justificativas, o sentimento de perda impele para momentos de resignação, difíceis de dissimular. Ainda mais se o rompimento for unilateral, e se o outro ainda guarda consigo expectativas, sonhos e um amor profundo, que tão cedo não irá se dissipar.

Por natureza temos o dom de ser feliz, cada qual ao seu modo, mas brindar o sucesso diante de um fracasso amoroso é no mínimo lamentável, para não se dizer vexatório e patético.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primavera!

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

No limiar das emoções...

O tempo sempre foi o responsável por curar feridas profundas, abertas em função dos relacionamentos frustrados, dos desejos traídos, da dor e da perda de um grande amor. Todos sabiam que isso iria acontecer, inclusive ele. Preferiu ignorar os fatos e fechou os olhos. Deixou que a vida seguisse, lhe levasse, alimentando um sonho arriscado, volátil, no emaranhado das inúmeras relações vazias que permissivamente lhe habitavam.

Julgou, que mais uma vez, mais uma, o amor lhe sorria, e foi dominado pela paixão! Como se lê em qualquer livro de poesias, paixão não impõe limites, surge, invade e rasga o peito. Impulsiona, impele ao coração uma música única, uma nota solitária e intermitente, um grito impetuoso, um mar revolto, que deflagra não só os desejos mais íntimos, mas cega a alma e desfaz a realidade.

Assim, partiu para conquista, fortalecido pela vontade sua de ter, de possuir, de entregar-se, por querer muito. Sem limites, inundado por um desejo absurdo, por uma paixão incontrolável, atirou-se de peito aberto, já que mal algum seria maior do que a ausência dela. A paixão, como o sentimento mais egoísta do ser humano, ignora o outro, pois no ímpeto, a si próprio basta para se obter felicidade. Já o amor, consolida, transforma os picos de euforia e deslumbramentos em satisfação e serenidade, os desprazeres em aprendizados e novas oportunidades. Dá sentido à vida!

Quando se quer muito, e algo se torna muito importante na vida das pessoas, conquista-se! Assim aconteceu com ele..., trouxe para o seu lado, o seu bem mais precioso, fruto dos seus incontáveis sonhos, dos seus incontroláveis desejos. Acolheu-a em seu peito e deleitou-se. Lambuzou-se, e seus olhos dilatados pela adrenalina da paixão e pelo êxtase das emoções, se acalmaram. Por alguns instantes teve a certeza de que a sua vida tomaria outro rumo, a dois, construída com cuidado para que fosse eterna, tal qual o filme que passara em sua mente infinitas vezes, desde a primeira vez que a vira.

Puro engano! A frágil construção ruiu, tal qual castelos de areia, ou cartas de baralho em brincadeiras infantis. A inseguraça e o medo emergiram de forma irascível, e dominaram a relação. Ela nunca estivera com ele. Matou-se a paixão e o carinho, suprimiu-se os desejos. A dúvida, dissipou a confiança, e o amor morreu. Da admiração, nada! ...nem mesmo uma amizade, pois a brutalidade do rompimento corroeu a relação. Da paixão audaz, mágoas e ressentimentos.

De volta à razão, restos de uma bela história. Pequenas lembranças a serem esquecidas. Tristezas a serem diluídas nas possíveis novas experiências. Uma saudade fugaz e uma amargura, nódoa da alma marcada. Expectativas enterradas e no limiar das emoções, opostos. Novas relações vazias...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Dificuldades e oportunidades...


“Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente.”

“Os Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski, foi considerado por Freud como o melhor romance já escrito. Fiódor Mikhailovich Dostoiévski, escritor russo, que morreu em 1881, é considerado pela crítica literária como um dos maiores romancistas e um dos artistas mais inovadores de todos os tempos. Também, diz-se, que o mesmo é o fundador do existencialismo, considerando o viés das suas obras, que exploram a autodestruição, o caos familiar, a humilhação e os estados patológicos que levam ao suicídio, ao homicídio e à loucura. Influenciou a grande maioria dos autores contemporâneos, como Gabriel Garcia Marques, Franz Kafka, Hermann Hesse, entre tantos outros.

Esta postagem menciona Dostoiévski, não pela sua genialidade, ou pela sua história, ou ainda, simplesmente, pela imensa contribuição para a formação intelectual, mas sim, por um acontecimento do qual participei. Longe do preconceito, ou do pré-julgamento, da luta de classes, ou mesmo da clausura ao conhecimento, imposta a uma infinidade de pessoas, ao visitar o Paço Municipal, local de cultura na região central de Curitiba, percebi que o porteiro, ou segurança, da instituição, entre os educados e simpáticos cumprimentos aos visitantes, mergulhava nas páginas de uma obra de Dostoiévski. Ao olhar para o mesmo, pude perceber um belo sorriso, e o encantamento com o acesso à obra de um expoente da literatura.

Minha reflexão atém-se à surpresa, em um primeiro momento, mas ao regozijo, após. A literatura, a cultura e o conhecimento estão mais próximos dos cidadãos comuns, e o acesso facilitado às bibliotecas, à internet e aos centros culturais tem permitido àqueles que queiram, e possuam iniciativa para tal, participarem mais amplamente dos diálogos para a construção de uma sociedade mais justa. Isso me encanta! Inclusão e cidadania são palavras que devem estar presentes no cotidiano das pessoas de bem; pessoas que fazem diferença...

Finalizando, trouxe este exemplo, justamente para ilustrar as enormes diferenças que existem em nosso país, assim como as oportunidades. Quero reforçar que, apesar das imensas dificuldades que enfrentamos no dia a dia, depende da escolha de cada um despertar e trilhar um caminho, que poderá ser rumo ao sucesso ou ao fracasso. Mesmo diante das adversidades, é possível esforçar-se e vencer!

Para reflexão!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Meras coincidências..

O desconhecido me fascina, assim como, a muitos. Percorrer caminhos obscuros, onde a mística permeia a realidade e nos projeta a planos ocultos, é no mínimo instigante. Percebo que muitas pessoas seguem piamente ancoradas nas orientações de signos, astros, números, entre outras leituras. Alguns, incrédulos, lêem também, e apesar de duvidosos, simpatizam com as mensagens positivas que os estudiosos projetam e assim, se sentem estimulados.

No plano das coincidências, simultaneidades e sincronicidades, todas as pessoas já tiveram algum tipo de experiência. Sonhar com algo..., que acontece em seguida; pensar em alguém..., e receber uma ligação despropositada; querer muito alguma coisa..., e obtê-la sem esforços, é comum, apesar de surpreendente. Não busco explicações e nem polemizar um assunto como este, apenas compartilhar.

Curitiba e Região Metropolitana agrega em torno de 3 milhões de habitantes, sendo que aproximadamente 52% são mulheres. Neste universo, 17% estão na faixa etária entre 30 e 39 anos de idade. Busquei na web conhecer algumas pessoas interessantes para ampliar os meus relacionamentos, e entre milhares de pessoas que também procuram encontrar alguém, cada qual com as suas intenções, encontrei algumas poucas, que valeram à pena e com as quais tenho conversado. Entre essas pessoas, uma muito especial, cujo perfil me pareceu encantador, apesar de muito diferente do meu.

Após algumas conversas, as constatações: a primeira é de que, para a minha alegria, realmente os nossos perfis são bem diferentes – meus amigos (as) devem me entender, pois acho que não suportaria conversar com alguém igual a mim por muito tempo... Ela é muito melhor do que eu! A segunda, é que mudei de residência há alguns meses e ela mora quase ao lado de onde eu morava anteriormente, e agora, o seu trabalho, está do outro lado da rua, da minha nova casa. Sempre fomos estranhos, mas próximos, e por muito tempo estivemos nas mesmas redondezas! A terceira, que realmente me instigou, é que ela, ao abrir as cortinas do seu apartamento e ao olhar para a casa em frente, possui a visão da foto acima, mas ela nunca havia percebido! No mínimo, sinistro...

O que significam, e como tratar as coincidências?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quando despertar?

No berço das nossas emoções repousa um gigante, que pode nos impulsionar aos mais ousados saltos, desde que consigamos acordá-lo. Decidir por nós mesmos, muitas vezes nos atormenta, uma vez que, acolhidos no comodismo, ficamos à espera que algo de melhor nos aconteça, apesar de nós. Melhor assim..., é mais fácil!

Ao deixarmos de agir, evitamos os sofrimentos, ou os postergamos, uma vez que os conflitos são minimizados, por hora, ao acreditarmos que a natureza, certamente, dará conta de encontrar o melhor caminho para a solução dos nossos problemas. Ficamos inertes, indolentes, apáticos, imóveis, limitados ao vai e vem das ondas da vida, que vai passando.

Sentimos vontade de fazer muitas coisas, mas não conseguimos dar os primeiros passos, pois não decidimos e não agimos. Assim, nos miramos nos outros, e através deles percebemos aquilo que julgamos ser as nossas limitações. Sentimos-nos frustrados, impotentes de realizarmos os nossos sonhos. Amargurados nos recolhemos, e armazenamos uma dor intensa.

Enquanto esperamos, a vida vai seguindo seu curso, e o gigante que existe em nós, permanece adormecido. Fixamos os nossos olhares para o exterior e nos queixamos, lamentamos as nossas perdas, supervalorizamos os nossos erros, nos mostramos incapazes de tomarmos as rédeas da nossa própria vida. Tem sido assim...

E esse gigante que repousa em nós, por que não o acordamos? Pelo fato de que nos descobrirmos pode ser uma experiência dolorosa. Ao não olharmos para nós mesmos, nos ocultamos, e ao nos ocultarmos seguimos nossa vida míope, sem riscos. Vamos adiante...

Cada um é dono do seu destino e pode despertar. Para isso, no momento certo, basta abrir a porta e acordar. Precisamos lembrar, que essa porta possui maçaneta, que abre somente pelo lado de dentro.

Namastê!

Que amor é esse!

obscuro sentimento é o amor
que ilumina, incandesce e eleva
lhe ofereci um jardim de rosas
você escolheu os espinhos

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Que país é este?

O Brasil realmente é um país de extremos, e por aqui podemos observar os maiores distanciamentos e desigualdades: da escassez à abundância, da pobreza absoluta à riqueza e ostentação, do analfabetismo às mais altas graduações acadêmicas, da injustiça a um dos maiores sistemas legislativos e judiciários do mundo, do fracasso ao risco do sucesso. Viver por aqui exige muita persistência e jogo de cintura, ao menos para as pessoas que escolheram participar e ajudar a construir um país com tantas diversidades.

Minhas relações pessoais e profissionais permeiam por todos os ambientes e o meu convívio com as pessoas - do rico ao pobre, do letrado ao analfabeto – me permite opinar com propriedade sobre diversos assuntos, e principalmente afirmar que, independentemente da situação de cada um, todos querem ser bem sucedidos e todos buscam a felicidade, cada qual ao seu modo.

Ainda tratamos pessoas em classes, e não obstante às ilhas da fantasia, onde poucos ostentam suas posses, muitas vezes oriundas da ilegalidade e de forma egoísta e imoral, essa mesma “classe” insiste em suprimir os valores e incentivar o fortalecimento de uma sociedade doente, pois dessa forma, garantem as suas proles, extraindo não só as riquezas, mas as energias, a sabedoria e a esperança de muitos, para usufruto unicamente dos seus.

Ando muito sensibilizado com a falta de esperanças, com o desânimo e o preconceito; indignado com o sectarismo, de qualquer natureza, enraivecido com os roubos e com o descaso. Percebo, ao olhar para as pessoas, um sofrimento intenso, e um pedido de ajuda. Não por esmolas, pois não querem que sintam pena delas, mas sim que possam ter cidadania e oportunidades para uma vida justa.

Não me calo diante deste cenário e tenho provocado diálogos e mudanças. Na minha zona de influência, replico minha forma de pensar e instigo as pessoas a refletirem também sobre os seus papéis. Assimilo os bons exemplos e as perspectivas de outros e estimulo a sinergia. Não me sento com bandidos, independente da classe social, e recrimino quaisquer ações que induzam à imoralidade. Não me intimido com ameaças e nem ameaço, prezo o diálogo sem manipulações.

Não me limito a reclamar nos botecos ou entre a família. Não me acomodo! Acredito que posso fazer muito mais, mesmo tendo realizado muitas coisas interessantes e com resultados expressivos. E você, o que tem feito?

Para reflexão, e/ou para a ação!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Toques da alma!

Ontem conversava com uma pessoa muito querida, a qual conheci há pouco tempo, mas que temos demonstrado muita sintonia. Entre os assuntos, permeou os “toques da alma”, e de que maneira somos influenciados em nossa vida, físico e emocionalmente, por nossa alma. A conversa foi ótima, apesar de inconclusiva, na medida em que cada um possui entendimentos com relação ao seu etéreo significado, de acordo com as suas experiências e vivências.

Fui buscar maiores informações na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Alma) e a definição genérica que lá consta é a seguinte: “Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover.” ou ainda “Os termos das línguas originais (hebraico: né·fesh; grego: psy·khé), segundo usados nas Escrituras, mostram que a “alma” é a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o animal usufrui.”. Diversos outros esclarecimentos constam no link acima, e acho que vale a pena conhecer. Aprofundando um pouco mais, busquei no dicionário algumas correlações, e a palavra “alma” está também relacionada à vida, mas também à consciência e ao espírito.

Entendi, então, e compartilho, que sempre ao utilizarmos “alma”, como estímulo ou um sentido à vida, diversas situações podem ser explicadas ou justificadas à partir dela. Quando utilizamos uma conotação espiritual, outras explicações podem ser alçadas, mas nem sempre as mesmas, para planos diferentes. Também, que aquilo que sentimos, naquele momento, cada um, cada pessoa, é o que define se estamos ancorando as nossas reflexões em um plano espiritual ou não.

Será que é preciso haver concordâncias em tudo? Penso que não..., pois cada um é único. Por momentos assim é que louvo a diversidade. Trocar experiências, vivências, respeitando o outro, suas crenças e os seus entendimentos, nos engrandece e nos eleva. É um exercício da “alma”, enriquecendo a nossa vida e o nosso espírito!

Fantástico...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Eu erro mesmo!

Quantas explicações precisamos dar..., quantas respostas? As coisas vão acontecendo e muitas vezes não conseguimos justificar os nossos atos. Cheguei tarde, não porque quis, mas porque aconteceu... Faltei com os outros, ou mesmo comigo, faltei! Disse tudo aquilo, sem pensar, disse... Quis que as coisas fossem assim, e elas são!

Tenho construído a minha vida, seguindo as minhas intuições. Nem sempre acerto, mas a importância que dou às coisas que me fazem sentido, impulsionam os meus sonhos e permitem que eles se realizem. Ao meu olhar, sereno, deixar que o som do coração invada a minha vida, potencializa as minhas realizações. Tenho sentido uma vontade louca de voar, e sei que posso...

Ontem passei a mão na minha própria consciência e tentei justificar os meus erros. Errei, mais uma vez... Não existem justificativas. Erros são erros e o que nos resta são as oportunidades de aprendermos com eles. De alguma forma tenho crescido com isso tudo..., amadurecido....

Sempre que acendo a luz da minha alma, me conformo com tudo aquilo que me acontece. Conforto-me com o aquilo que faço e tenho coragem por isso, simplesmente pela oportunidade que me é dada de fazer tudo de novo, diferente. Eu posso..., e eu faço!

domingo, 6 de setembro de 2009

Na pintura da alma!

Algumas coisas acontecem em nossas vidas ao acaso, mas ao refletirmos, muitas vezes nos parece que já estavam programadas. Um abraço, um carinho, uma palavra, uma frase; um telefonema, um encontro inusitado, um convite, uma surpresa.; um sorriso, um simples gesto, na hora certa! Bingo..., gotcha! Quando mais precisávamos, ou menos esperávamos, aquilo de melhor aconteceu...

Coincidências não são somente fatos da vida, pois acreditamos que tudo conspira a nosso favor, apesar das contrariedades. Ninguém almeja nada de mal para si, ou ao menos, não deveria. Todos queremos o melhor, e nossas reflexões canalizam boas energias para que as coisas aconteçam nos momentos certos. Por mais que alguém deseje um mal para si, em seus momentos de dificuldades, essa não é a natureza, já que o cosmos somos nós, e prolongamos a nossa existência, por nós mesmos ou por tudo aquilo que dividimos.

Partilho um pouco de dor, ou de amor, de alegria ou de esperança, ou ainda de prazer, na pintura da vida, onde dos rabiscos surgem as grandes obras, que podem ser apreciadas por muitos, mas ao olhar de tantos outros podem não representar nada. Na acepção das experiências, encontra-se tudo aquilo que queremos perceber e que nos faz sentido. Um olhar míope podemos dar às coisas que não nos tem significado, ou um olhar ampliado, às milhões de pequenas coisas que dão razão às nossas vidas, e à nossa felicidade.

Namastê!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O amor acontece!


Conheço dois tipos de paixões: aquelas arrebatadoras, que nos tiram do chão em segundos e nos remetem ao céu, ou ao inferno, e aquelas contidas, tão fortes quanto a primeira, mas que construímos com os pés no chão, passo a passo, e que nos dão a certeza de que vale à pena evoluirmos com aquela pessoa, para uma relação mais séria. Não que a louca paixão não possa frutificar, mas conhecer o par, e decidir, em meio a um turbilhão de emoções...

Tanto uma forma, como a outra, nos eleva! Traz-nos a certeza de estarmos vivos - o coração dispara e as pernas tremem, diante da possibilidade de encontrarmos um grande amor. Pessoas buscam a felicidade, querem ao seu lado pessoas que lhes façam bem, que lhes apóiem, que lhes impulsionem e que de alguma forma acrescentem algo em suas vidas. Querem alguém para sempre. Por mais que saibamos que relações para sempre são escassas, mesmo assim, é o que queremos. “Que seja infinito enquanto dure”!

As coisas do coração realmente não se explicam, simplesmente acontecem! Às vezes não queremos e somos surpreendidos; às vezes queremos tanto, sufocamos as possibilidades e nada acontece. Outras vezes, acontece somente conosco, e puxamos correntes, até que a outra pessoa perceba e entenda que as nossas demonstrações e excessos, nada mais são do que um pequeno carnaval, para sermos percebidos e aceitos, já que temos tanto amor e carinho para dar, à ela!

Para quem busca alguém, pesquisas demonstram que mais de 50% dos relacionamentos iniciam-se nos locais de trabalho, como um processo natural de descoberta e deslumbramento: a aproximação desinteressada, o conhecimento das aptidões e habilidades mútuas, a percepção dos detalhes e dos valores, a admiração, as brincadeiras despretensiosas, a malícia contida, a troca de confidências e finalmente a paixão. Outra parte, por intermédio de amigos ou mesmo coincidências e encontros às escuras, além da internet, claro. A partir daí cada qual com as suas intenções, usa o seu poder de sedução.

Para quem espera por uma paixão louca, inexplicável, permear por locais desconhecidos aumentam as possibilidades de que em uma determinada esquina, em um bar, no cinema, no curso de inglês, no supermercado, ou até mesmo na igreja, o seu coração dispare, lhe falte ar, e você seja inundado pela outra pessoa. A partir daí, também valem os seus interesses e o seu poder de sedução. É com você...

A maioria das pessoas insiste em negar, mas esperam ansiosamente por um grande amor, e para o amor, o primeiro passo é estar disposto, pois o restante, acontece!